sábado, 22 de maio de 2010

Leite na altura da cintura da moça

Adoro causus de pessoas mais antigas - nossos avós, amigos dos pais - porque eles, além de engraçados, vem com um vocabulário próprio. Palavras inventadas ou reproduzidas, conforme o entendido. Uma verdadeira Horta da Luzia.

Tenho uma grande amiga, que a mãe era uma peça-rara; paixão de todos nós. Como diz o Rolando Boldrin : "mais uma que foi embora antes do combinado".

Essa peça-rara, ainda se aprimorou mais, quando teve um problema grave de saude, se submeteu à uma cirurgia na cabeça e, junto com o que estava atrapalhando a vida dela, foi retirado alguma coisa que afetou a memória. Ela conseguiu ficar melhor ainda e mais engraçada. Nunca levamos pro lado do drama, daí a ilustração da lata de leite-moça. Pra você entender melhor :

Ela - passando uma receita de bolo pra filha : "Você coloca uma lata de leite-moça e outra de leite, na altura da cintura da moça". O melhor é que, nessa época, a lata tinha um rótulo que era de papel, quer dizer, se o papel saísse, a referência ia junto.

Outra : Um dia, a filha indo ao supermercado, perguntou pra mãe: "Você quer alguma coisa mamãe?" E ela: "Quero sim, trás carne daquele baixinho" e fez o gesto da altura do bicho. A filha entendeu na hora, ela tava se referindo à carne de porco. A gente chama, até hoje, porco de baixinho... rs.

E, mais uma que adoro!

Um dia cismou de ir sozinha à padaria. Como era pertinho e ela tinha o costume de ir, a filha deixou, mas ficou de olho no relógio, monitorando o tempo pra saber se ia precisar correr atrás.
O tempo foi passando e ela demorando, minha amiga aflita, saiu pra resgatar a mãe que, com certeza, tinha perdido o rumo de casa.
E tinha mesmo! Encontrou a danada, toda feliz da vida, conversando com uma pessoa que tentava, de todo jeito, ajudá-la a encontrar a rua que ela afirmava, com toda certeza, se chamar Rua Brasil Colonial. A pessoa, cheia de boa vontade e curiosa, quis saber onde ficava essa rua, já que morava há muito tempo no bairro e nunca tinha ouvido falar. Riu muito quando minha amiga deu o nome certo:
a rua era Minas Novas.

Tava longe não, né? Mas, a partir deste dia, passou a andar de crachá; até dentro de casa.

8 comentários:

  1. Salve, Ieda!
    Muito bom ai o "causo". Como já falei aqui antes, esses causos lembram muito as histórias que meu velho contava. Tinha cada coisa que parecia extraída da obra de Graciliano Ramos ou Jorge Amado, com aquelas figuras bem peculiares.
    Seu blog é realmente uma simpatia, flutuando ai entre a sofisticação de Monet e a simplicidade de "causos" dos nossos adoráveis irmãos. Gosto disso!
    passarei aqui com mais frequência.
    Abraços,
    GIBA

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  2. ô Giba, passe mesmo, e mande causus pra eu contar...adoro...brigadim pelos elogios.
    bjins

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  3. Pois eu tenho um causo de uma portuguesa, n posso falar o nome.Ela já estava no Brasil há mt tempo mas mantinha os costumes.Toda tradicional p n dizer puritana.A estória dela se resume em ter entendido mal uma simples palavrinha, assim como nós as vezes n entendemos o sotaque deles . Um dia comeu uma picanha aqui em casa e gostou mt, qdo chegou em sua casa no Rio, resolveu fazer, chegou ao acougue e pediu:"2 piranhas por favore".No que a caixa respondeu em voz alta "Só se for eu, mas só temos uma", e riu mto dela.rss Conclusão: aí é q ela entendeu o q disse, e nunca mais voltou a este estabelecimento onde era de costume toda semana.E creio, nunca fez a picanha.....
    Imagine a cena p uma " senhoura"
    bjim

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  4. Amei a presença de espírito da caixa,Maga. Carioca é safo mesmo.
    bjins

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  5. Essa devia ser do tipo que a gente adora gastar todo o tempo livre e mais algum, conversando e rindo!
    Evoé!

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  6. E era...muito fôfa. Aproveitamos bem. Aprendemos muito com ela.
    bjins

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  7. Isso é o que mais importa: aprender com a convivência...
    beijinho

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  8. Não podemos perder o bondo...sempre correndo atrás...
    bjins

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