segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quem vai acreditar que não foi assim?


O nosso acampamento, no Iraque, era muito grande; bem maior que muita cidade do interior brasileiro.
Claro que dava pra andar a pé pra todo lado, mas, o calorão de rachar a moleira, nem sempre deixava.
Então, tinha um ônibus que passava pra pegar todo mundo, pra ir pro trabalho - que não tinha nem um décimo do charme do ônibus da Priscila - isto é, pegava a turma que trabalhava na administração - tô falando desse povo - porque o pessoal "do campo", tinha um trança-trança diferente, inclusive quanto aos turnos.

O nosso ônibus era sem ar-condicionado (Pode uma coisa dessas?). Como já tem muito tempo, imagino que não deveria ter ônibus com ar-condicionado naquela época, porque, em casa, nos carros e no trabalho, tinha, então, por que haveriam de comprar ônibus sem? Enfim ! Era assim ! Como diz o Chicó do Suassuna : "Eu só sei que era assim".

Um dia, indo de volta pro trabalho, depois do almoço, termômetro marcando uns 48 graus mole, mole, tava sentada com uma amiga, as duas caladas, olhando o deserto passar pela janela - (aquela paisagem que fica tremendo, sabe como?) asfalto de fritar ovo, todos os passageiros com aquela cara de desânimo e resignação de ter que voltar pro trabalho, que, até quando o tempo tá bom e fresquinho, a gente tem...
Cada um lá tinha um sonho, um anseio, um plano. O meu, como o da grande maioria era de comprar minha casa, ter um canto pra chamar de meu.

De repente, minha amiga saiu do seu silêncio e falou pra mim - mas foi como se tivesse pensando alto, não tava procurando papo nem querendo uma resposta ou continuação da conversa, tava pensando e continuou a frase em voz alta: "... e a gente ainda volta pro Brasil, com o dinheiro suado, literalmente, depois de anos nesse deserto, compra um apartamentinho pequeno, o sonho da vida, e não vai faltar filha da puta pra dizer: " deu pra cacete lá, hein amiga? mas compensou..."
E não faltou mesmo.

6 comentários:

  1. Pois é, eu também passo por isso por trabalhar em navio. Quando volto pra casa (da minha mãe, pois ainda não tenho a minha) depois da minha temporada (8 meses, trabalhando todo dia, 11 horas por dia e sem nenhum dia de folga) ouço a mesma coisa... Pensam que a vida a bordo é fácil: "...conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão".

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  2. Ô Gigi vc deve ter muito causu bom pra contar. Se tiver afim, conta pra gente. Vamos amar. Você trabalha 8 meses 7 dias por semana? Pesado paca.E depois fica 8 meses coçando né?..... hhheeeee
    bjos

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  3. A gragalhada deve ter sido geral, hein!
    Mas a seriedade do "pensamento" dessa sua amiga, para o bem ou para o mal, tem seu fundo de verdade!
    Ui!
    beijinho

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  4. Se tem...ainda não somos respeitadas o suficiente.
    bjos

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  5. OLá! me chamou a atenção a foto das casas com a litra amarela, eram iguais as q moramos qdo meu pai esteve trabalhando lá no Iraque pela Mendes Jr. Vc saberia me dizer qual o nome ou numero deste acampamento?? Muito Grata!!! Contato: sabrinabisch.mezzo@gmail.com

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    1. Oi Sabrina. O meu primeiro acampamento foi o 215 . Depois morei na ExpressWay. Todas as casas de todos os acampamentos eram iguais. Tipo container.Este da foto parece o 215 mas não tenho certeza. Cenário igual, areia pra todo lado, difícil saber...rsrs...bjos bjos

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