quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aqui, como aí, a vida no interior, nos séculos IXX e XX, era tal e qual - 1ª parte

Minha amiga recebeu, de presente, este livro e eu tratei logo de copiar as fotos pra mostrar pra você. Adoro fotos em preto e branco; e, se são antigas, mais ainda.


Detalhe da cara de broinha da moça. Mais saudável, impossível. Bons tempos aqueles em que podíamos comer sem culpa!


Capa e contra-capa do livro, pro autor não brigar comigo.


Cardápios do início do século XX, escritos à mão. E cada letra mais linda que a outra.


Carro puxado a cachorro...e ela vende queijo de porta em porta.


A passagem do vendedor de carne, ambulante, era momento de saber as novidades da cidade e colocar a fofoca em dia.


O porco servia de alimento pro inverno inteiro. Esta foto é de 1900. Adorei os tamancos. Era uma lama só e eles deviam salvar a pátria. Nesta foto, o pobre tava a caminho do sacrifício.


A carne era conservada de várias maneiras; podia ser defumada, salgada ou seca no sol. Me lembro na minha infância, de minha mãe colocando carne em uma enorme lata cheia de gordura. Chamava carne na banha. Tudo isso é muito parecido com o nosso interior de antigamente, bem antes da chegada dos supermercados e da importação de toda espécie de alimento.


Este rapaz tá fazendo o queijo emental.


As gêmeas tão colocando o leite coalhado, nas vasilhas de alumínio, pra escorrer e virar queijo. A partir de 1900, estas vasilhas foram substituidas pelas de plástico.

A figura mais paciente da casa é que devia ser a premiada pra fazer este serviço: encher garafas com legumes pra serem consumidos também no inverno. Só depois da Segunda Guerra é que apareceram os vidros de boca larga, com tampas também de vidro, e aquela borracha pra vedar.

Amei esta foto da moça colhendo cenoura. Até hoje, apesar de toda a modernidade, as pessoas que moram no interior, plantam sua horta no verão, colhem e cozinham colocando em vidros pra comer no inverno. É uma maneira de saber exatamente a qualidade daquilo que estão comendo. E isso posso assegurar; como diariamente legumes deliciosos.


A tradicional forma de alimentação forçada - "goela abaixo" - do ganso, pra que o fígado cresça, fique enorme e com ele seja feito o famoso "foie gras". Não dou um tostão furado por ele - mas aqui todos adoram - nem tanto pelo ganso, mas porque acho ruim pra cacete. Um amigo daqui me afirmou que o ganso não sofre como muita gente imagina. Segundo ele, o bicho fica procurando comida. Imagino que, com o estômago dilatado, fica quiném a gente : quanto mais come mais quer. Saco sem fundo.
Curuz!



Nem toda região francesa é produtora de vinho. Esta foto de 1900, mostra a fabricação de cidra pra Bretanha e pra Normandia. E o tamanco de madeira lá firme!


Como no Brasil, as "Épiceries" (armazéns) vendiam de um tudo ; de linha a fumo de rolo, de café a vestimentas.  Ainda posso sentir o cheiro do Armazém do "Seu Zé", que tinha na esquina da Av. Brasil com Rua Pernambuco, em Belo Horizonte-MG. Eu devia fazer pelo menos umas quatro viagens por dia até ele. Na época, não entendia porque minha mãe já não fazia uma lista pra comprar tudo de uma vez. Hoje, imagino que era uma forma de me colocar pra circular e parar de, além de encher o saco dela,  brigar com meu irmão. Era um momento de sossego...rs.

Amanhã continuo com as fotos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Me lembrando de coisas boas enquanto espero o tempo passar

Estava aqui pensando sobre o que escreveria hoje, com a cabeça ainda ôca e o pensamento sem muita capacidade de firmar em alguma coisa, quando olhei pro céu que tá lindo, clarinho e cheio de estrelas, e me lembrei de TelAviv. Me lembrei de uma tarde deliciosa que passamos à beira-mar, que começou com um almoço muito bom e terminou com caminhada pela praia vendo o por-do-sol.
Quando a dor é grande e não temos nada a fazer a não ser esperar o tempo passar pra que ela se dilua um pouco, é bom tentar se lembrar de coisas bonitas. Não resolve, mas alivia bastante.



                                                           Nil escolhendo seu pratinho....


                                                                    Agora as garotas


                                         Veja se não tá de dar água na boca! Amo cogumelo de Paris.



                           Não me lembro quem pediu o peixe. Só sei que tudo tava uma delícia.



Pizza não podia faltar. Em qualquer lugar do mundo quebra o maior galho. A gente sempre sabe o que tá vindo. Pode até não ser do agrado, mas o prato é praticamente o mesmo em todo lugar. Patrícia que escolheu.


    A apresentação da comida quando é feita na chapa ou panela de preparo, sempre fica mais bonita. Eu acho.    


                                                           E o sol começou a se por.


         A fotografia jamais vai mostrar realmente a beleza de um luar, de um nascer ou por-de-sol.


                                                  Mas eu me esforço pra fazer boas fotos.


          E o povo começa a caminhada pra fazer a digestão e aproveitar a praia linda de TelAviv.


              Este é o site do restaurante onde a gente comeu. Passei por ele e veja que legal que é.
              http://www.sofrishman.co.il/

Nota.: algumas fotos já foram postadas, mas ainda não havia falado sobre o restaurante.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

*Le repos des lunettes"




E mais um amigo se foi. Partiu antes do combinado mas, mesmo se tivesse ficado por muito mais tempo, jamais eu poderia assimilar tanta sabedoria, tanta inteligência e curiosidade. Mais uma biblioteca que se apaga.

A amizade foi crescendo devagarinho porque, quase todo ano venho aqui passar uns tempos. O lugar é calmo, reconfortante e revejo meus amigos queridos. Estive, ano passado, por 2 meses e meio com ele e, agora em NY, voltando pro Brasil, não pensei duas vezes antes de pular pro lado de cá, e ficar mais um tikim, com aquele que já tava chegando ao finzinho da sua estrada, aproveitar as últimas gotas e "l'emmerder" (encher o saco dele), como ele mesmo dizia. E consegui mostrar alegria até o final. Fazê-lo rir, que era o que ele gostava.

Outro dia ele não queria comer e, eu, sacaneando, me ofereci pra fazer uma feijoada. Foi engraçado, ele puxou forças de onde não tinha mais, pra falar forte:
- Não ! Não e não ! (ele sabia que eu não tava brincando).

À mesa, sempre me sentava em frente a ele. Ele me chamava de "meu vis-à-vis" ( o que tá em frente ).
- Onde está meu vis-à-vis?
Hoje almocei em frente à uma cadeira vazia. Espero que "meu vis-à-vis" esteja dormindo em paz.

Quando invernava de nevar, de manhãzinha, assim que ele se levantava, olhava pra fora e repetia como se fosse um mantra - Oh! Tá nevando! Que beleza! (puto da vida porque neve, pra quem mora aqui, é quiném chuva contínua pra nós. Imagine 4 meses chovendo sem parar).

Não tinha uma só pergunta que ficasse sem resposta, mas não era uma resposta qualquer. Era resposta que acrescentava. E os vários dicionários que ele tinha, eram consultados com a mesma frequência que você olha pro celular durante o dia. A explicação de uma simples expressão, vinha ilustrada com uma história (já contei algumas delas aqui).

Ano passado, faltando uns dois meses pro aniversário dele, ele começou a perguntar, a cada meia hora :
- Que dia é hoje? Depois de alguns dias e várias vezes respondida a mesma pergunta, descobrimos que ele contava os dias pro aniversário. Queria completar 80 anos. E conseguiu com louvor! Quase fez 81...

A memória do presente já não durava mais que alguns minutos e eu ria e fazia ele rir. Outras duas perguntas constantes: - Quantas horas são? - Hoje é que dia? (como se alguma destas duas respostas fosse mudar o rumo da vida dele). Um dia, alguns minutos depois de ter respondido a uma dessas duas perguntas, eu perguntei séria e queria uma resposta mais séria ainda : - Me diz a verdade verdadeira: jura que não se lembra de ter me perguntado, à meia-hora atrás, a mesma coisa?
E ele, seríssimo:
- Juro. Eu perguntei?
- Só 2.500 vezes hoje.
Ele riu até (nunca vou saber se tava me gozando).
As vezes, ele chegava perto e eu já ia dizendo: - São 3 e meia, hoje é quarta-feira, 5 de fevereiro e faltam X dias pro seu aniversário.
Ele ria até, mas dai a meia hora........

No Natal francês, eles comem, o tempo todo, uma bala muito gostosa chamada, "papillote" que vai durando até depois do Ano Novo. Parece uma bala de goma envolvida em chocolate e a embalagem é linda. Ele amava e comia quilos - às vezes com permissão da dona da casa, às vezes, escondido. E, quando queria comer, fazia quiném criança : me oferecia e, se eu aceitasse, ele tinha desculpa pra comer outra. E eu aceitava mesmo sem vontade...rs.

À mesa, nos últimos tempos, com o apetite bem reduzido, era um divertimento só. Pra enrolar e não comer, ele inventava casos, contava histórias, se lembrava de velhas canções, cantava, e eu não podia dar muita corda, senão apanhava da dona da casa. Como não podia o tempo todo, eu brincava de "vaca amarela" e ele ria. E eu dizia:
- Pare de enrolar e coma, senão não tem sobremesa! (quiném a gente faz com criança) mas ele já tava pouco ligando pra sobremesa. Até o papillote já não fazia tanto sucesso.

Eu gostava de fazer ele rir, me deitando com ele e fingindo que aproveitava enquanto a patroa tava distraída em algum lugar. Ele riiiia...
Esta semana eu acho que se lembrou disso e me disse com dificuldade:
- Quer se deitar aqui comigo?
No que respondi:
- Cê ficou maluco? Não tá vendo que sua mulher tá em casa?
Foi um dos poucos sorrisos que consegui arrancar dele. O humor continuou presente até o final.

Assim que cheguei, a mulher dele me disse:
- Depois que você foi embora, em abril, pelo menos umas 10 vezes, ele me fez prometer que eu o levaria ao Brasil pra te visitar.

Semana passada, depois de uma manhã sofrida, ele ficou olhando pra janela com olhar perdido, distante e  pensei que tivesse olhando pro nada, ou nada vendo. Passei a mão em frente aos olhos dele e ele disse imediatamente: - Tô enxergando! (com um minúsculo sorriso no canto da boca). Tentei ver se o divertia um pouco, mostrei dois dedos e perguntei:
- Quantos dedos você tá vendo? e ele : - 18.
Pra logo depois continuar : - To vendo o V da vitória.
Insisti na brincadeira e mostrei o dedo do meio.
Ele fez uma careta de reprovação e deve ter pensado "Ela não me respeita mesmo. Em nenhuma situação".

Acordou assustado há uns 3 dias e disse: -A guerra!
Tentei levantar a moral dele e perguntei:
- Você se levantou pra ir ou tá correndo dela ? Mas no final da minha frase, ele já dormia profundamente. Os mesmos medicamentos que aliviavam sua dor, também o derrubavam como um nocaute. Só que, quando o nocaute chegou, já foi no 15º assalto (ele não era homem de ser derrubado tão facilmente assim).

Não deu pra você ir me encontrar no Brasil meu amigo, mas eu levo você no meu coração. Pra sempre. E pra qualquer lugar onde eu for.

* O descanso dos óculos

sábado, 22 de janeiro de 2011

Fim de semana de pesquisa, pra começar a semana cheia de boas idéias


                                         Aproveite bem seu final de semana e até segunda-feira.
                                                                            bjins

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