Eu sempre amei os óleos indianos.Usei somente patchouli por muitos anos da minha vida e ele ainda faz parte dos perfumes que uso.
Então fomos conhecer uma perfumaria completamente artesanal em Varanasi.
Esta fofura que tá aí enchendo os frascos que comprei, fez questão de me mostrar absolutamente todos os cheiros da casa. Ele mesmo sai viajando pelo país em épocas diferentes do ano pra colher as flores de diversas regiões da Índia. Trás tudo pra casa dele e lá mesmo começa o processo de fabricação das essências.
Só dá vontade de comprar quase todas. Não gostei de pouquíssimas.
Os frascos são lindos!
Enquanto ele ia enchendo os frascos que comprei eu só ia perguntando e ele de uma educação e uma finesse de dar gosto, me respondendo com o maior carinho. Trabalha sozinho e faz perfumes há mais de 40 anos.
Enchia o vidrinho até na boca e limpava o que escorria com este lenço em volta do seu pescoço.
Quando morei na França, aprendi com uma grande amiga francesa a passar mais de um perfume de uma só vez. Ela dizia que misturar cheiros faz a gente conseguir um cheiro próprio. E é verdade.
Então fui observando o senhorzinho e vendo o lenço todo manchado de perfume, pensei no tanto que ele devia cheirar bem.
Aí, brincando falei pra ele:
- Junto com meus perfumes eu quero este lenço, porque ele deve ter o cheiro melhor do mundo!
Ele na maior naturalidade tirou o lenço do pescoço e colocou em mim dizendo:
- My guest is my God. Meu convidado é meu Deus.
Eu não sabia se me escondia debaixo da mesa de falta de graça ou se agradecia. Fiz o que pra mim é o mais normal. Agarrei ele e dei muitos muitos beijos em sua bochecha.
Ele ficou impávido colosso. Aqui não se beija assim. Muito menos uma mulher estranha e em público. Mas a carinha dele foi de feliz.
Então ele falou, que este tipo de écharpe é de algodão puro e foi feita da mesma forma que Gandhi fazia a roupa dele. Algodão fiado na roca e em tear de madeira tudo manualmente.
Já saí da loja com minha écharpe super macia e mais cheirosa impossível.
Pensa que tô inventando?