No prédio da Câmara Municipal de Belo Horizonte, tem um anexo onde existe um restaurante popular. Semana passada fui até a Câmara pra pegar um documento, então resolvi entrar pra conhecer. Era horário do almoço e pensei; vou aproveitar e comer. Sempre tive curiosidade de comer nestes restaurantes populares, com preço super pequeno. O preço é 2 reais e a Prefeitura ou sei lá quem paga o resto. Evidente que só com 2 reais não dá pra fazer uma refeição.
Comecei tirando fotos da entrada do prédio, do cardápio da semana e do dia. Já desanimei um pouco, porque como não como carne e tinha dobradinha com cenoura e paio, foi o primeiro empaca. Mas, tem opção de 2 ovos fritos pra quem não quer a carne. Legal. Eu ia colocar na bandeja a carne de qualquer maneira pra fotografar, mas não rolou. Demais pro meu pobre coração e estômago. Pedi os ovos, no que não adiantou muito. Saca ovo frito, que fica parecendo ovo de plástico? Duro e brilhante? Pois é.
Já não gostei de pegar a bandeja molhada. Não era uma gotinha de água. Era molhada mesmo! Não tive coragem também de fotografar o banho-maria, onde ficam as comidas, porque me preocupei em pegar as pessoas e elas podiam se irritar. Com toda razão. Me limitei ao meu prato.
Provei do arroz e do feijão. Muito ruim. Eu não sou chata pra comer, de forma alguma, já comi nos lugares mais estranhos e suspeitos pelos Caminhos por onde andei. Mas, tem um mínimo que me faz comer sem querer devolver logo em seguida.
O arroz e o feijão tinham gosto de coisa alguma. Sem tempero total. Sei que comida feita em grande quantidade precisa ser com pouco tempero, pouco sal, e as pessoas fazem isso cada uma à sua maneira, à mesa. Na mesa só tinha uma garrafa plástica daquelas de 1 litro, com molho de pimenta. Não vi sal. Não encarei. Então, meu prato ficou assim . Arroz, feijão, alface sem tempero algum e dois ovos. Sobremesa, 1 maçã. Nada pra beber. Talvez, se eu tivesse morrendo de fome fosse achar tudo ótimo. Era hora do almoço, tava com fome normal, então não rolou. Só provei o arroz e o feijão, dei minha maçã pro vizinho e devolvi minha bandeja pra uma turma barulhenta que lava tudo lá mesmo. A moça brigou comigo porque deixei o talher na bandeja. Bem grosseira. Procurei onde colocar, não vi, e quando ela falou grosseiramente, me mostrou o buraco pra colocar a faca e o garfo. Coloquei e pedi desculpas. Numa hora assim toda cautela é pouca...rs
O que pensei sobre esta aventura.
Acho, que não basta colocar um preço baixo, acessível. Tem que ter sabor, boa aparência (essencial) e dignidade a comida. O balanço é de um único dia, muito severo eu sei, mas, tava muito ruim. Mesmo com fome, o que comi não iria me alimentar legal e 1 hora depois estaria de novo com fome.
Dei uma olhada discreta pras pessoas e todas comiam com apetite e não vi cara ruim. Bandejas raspadas. Fiquei ainda mais incomodada. Será que eles acham que tá bom? Que á assim mesmo, que pelo preço que estão pagando não dá pra reclamar nem pra esperar coisa melhor? Só Deus!
Peguei um táxi na porta do restaurante pra voltar pra casa ( e almoçar...rs) então puxei conversa com o motorista.
- Você já comeu no restaurante da Câmara?
- Já. Sempre como aí.
- Acha legal?
-Acho muito bom. Muita variedade. Todo mundo por aqui come lá. Você almoçou?
- Almocei. Quer dizer, tentei.
- Não gostou?
- Gostei não.
E já fui justificando.
- Eu não como carne e então fiquei com pouca opção. Arroz feijão e alface, é pobre. E os ovos não dava pra encarar.
Falei que tinha dobradinha.
Ele então disse que muitas pessoas não comem lá porque servem muita dobradinha, pelo menos duas vezes por semana. E foi engraçado, porque daí pra frente começou a dizer que não era tão boa a comida. "Se lembrou" dos defeitos. Não sei porque.
E enumerou vários outros. Sem que eu desse corda.
Fui na terça-feira dia 12. Não tinha batata corada.
Os talheres também são todos molhados e vi folhas de alface misturada no meio . Eca!
A alface não tive coragem mesmo de comer. E afinal, alface é alface. O gosto já conheço. Sem tempero é como comer grama. Horrível.