Uma das primeiras providências que tive que tomar, quando minha amiga chegou da França, foi encontrar um lugar pra ela jogar Bridge. Meu Jesus Cristinho...! Nunca na minha vida soube que alguém jogava Bridge em Belo Horizonte.
Pergunta daqui, páginas amarelas dalí, encontrei um Clube de Bridge. Acreditam? Cidade mais formosa e esperta, essa!
E lá fomos nós fazer a matrícula, quiném criança na escola.
O povo jogava, se me lembro bem, duas vezes por semana. Ela se inscreveu, gostou do lugar, também se não gostasse teria que ficar lá mesmo. Tava pegando o boi que existia um.
E ficou ansiosa esperando o primeiro dia pra conhecer os coleguinhas e ver se jogavam tão bem quanto ela. Pouco modesta.
Primeiro dia, lá fomos nós. Só faltou a merendeira. Eu, como toda "mãe", resolvi ficar o primeiro dia pra fase de "adaptação". Eu mereço ! Como diz meu amigo:"num guenta, pra que qui inventa?"
Vocês já devem estar imaginando no que deu. Claro!!! Ela virou a rainha do pedaço. A queridinha de todos. Era Fulana pra cá, Fulana pra lá. Pinto no lixo era pouco.
Tinha um senhor belga, muito simpático, que ela logo garrou numa amizade com ele, porque ela já tinha morado em Bruxelas, quando veio fugida da Polônia na época da guerra (ai meu Deus, tenho que contar isso também!). Tinha mais alguém que falava francês. Um céu !
A partir daí, ficou assim: se o tal jogo começava às 3h da tarde - como disse o Saint-Exupéry no Pequeno Príncipe - às 2h ela já começava a ser feliz. Já tava prontinha esperando.
Eu levava, deixava ela lá e buscava na saída. Pode? Ela dizia que jogava Bridge por indicação médica. Era pra não deixar o cérebro ficar preguiçoso. E é verdade!
E ficava lá, se sentindo em casa. Toda toda no seu Jardim da Infância.