Aos poucos vou entendendo a maneira como vive as pessoas aqui.
Ontem fui a um mercado aqui perto do Hospital ( o nosso Hospital fica há uns 10km de Bodhgaya numa região de agricultura. Na roça. ) com duas senhoras que já posso chamar de minhas amigas. Uns amores.
Elas foram levar grãos de trigo plantados no pequeno terreno delas pra vender. Queria saber como funcionava.
Simples.
Elas plantam, colhem, levam prum comprador numa espécie de armazém, ele pesa e paga na hora. Sem papéis, sem recibos, sem atravessadores.
Do armazém já fomos direto pro mercado comprar legumes e verduras com o dinheiro ganho.
Eram duas senhoras.
Uma com 10 e a outra 12 kilos de trigo. O moço compra o kilo por 14 rúpias, que em reais são mais ou menos, R$ 0,50. Uma recebeu 140 rúpias a outra 168 rúpias. Respectivamente 5 e 6 reais mais ou menos.
Eu queria ver o que elas comprariam com aquela grana.
Compraram bastante coisa. Batatas (8kg cada uma), beringela, gengibre, couve-flor, isso até eu me perder delas...rs, você vai ver no filminho lá em baixo o porque.
Só soube do final da história. Uma voltou com 10 rúpias e a outra com 18 rupias de troco.
Terminando o que acabaram de comprar, repetem a história.
E a coisa não tem fim. Acabando de colher o milho, já plantam beringela, e já plantam arroz, e lentilha e não sei quando a terra descansa.
Descobri porque eu sempre vejo no mercado muita gente vendendo o mesmo produto. É o produto da estação.
Chegando no armazém
As duas. A da esquerda perdeu a sogra nesta semana. Aquela senhora que fomos atender em casa. Não precisava ter morrido. Não tinha nada grave.
Mas aqui, não tem dinheiro pra pagar Hospital, morre mesmo!
Estas marcas vermelhas não são de dedo sujo. Na verdade são de dedos sujos sim, mas com um pó para proteger e dar boa sorte. Tem em tudo;animais, portas de casa, mãos, pés, objetos, tudo.
Se você vir o filme de inauguração do Hospital, vai ver que eu passei na fita antes de cortar.
Nós indo e um povo já voltando. Um vai e vem sem fim!
E os homens vão plantando mais e mais!
Amigas se cumprimentando!
E ouvi ela repetir não sei quantas vezes quem era eu e o que tava indo fazer...rs
- É minha amiga e tá indo conhecer o mercado.
Falava cheia de orgulho.
E eu com vergonha, mas também cheia de orgulho por ela me considerar sua amiga.
No caminho tem gente já de olho no seu rico dinheirinho...vendem de tudo. Utensílios de cozinha, roupas, chinelos.
Minha amiga faz como a gente aí no Brasil. Primeiro dá uma geral pesquisando os preços
E o netinho na cola!
Mais uma paradinha pra prosa com vizinho
Estacionamento dos vendedores e compradores
O sapateiro dá uma geral no seu calçado enquanto você faz suas compras
Cheiro delicioso das pimentas se mistura no ar com cheiro de verdura, de incenso, temperos...
Todos usam esta balança
E como eu já disse, desisti de comprar 3, 4 tomates.Vendem a partir de um kilo. Eu coloco 5 eles completam até dar 1 kilo
Essa é a chili, dá o maior ibope aqui. Já tô comendo dando mordida nela. A gente se acostuma com tudo mesmo!...rs...
Tudo tem cheiro da minha infância. Cheiro de coisa fresca. Sou do tempo de feira livre nas ruas. Sem super mercado nem sacolões, nem refrigeração, nem freezer.
E o sol foi se pondo!
E o povo comprando!
A beringela aqui tem em três cores. Verde, lilás e essa aí
O gengibre é tão usado como usamos o alho. Vai com quase tudo
Nas "vitrines" já aparecem as primeiras roupas de inverno
Peça rara!
Acabei de fazer a foto, piscou pra mim!
O arroz secando esperando pra ser batido e vendido