Quando o Anup veio ao Brasil há alguns anos atrás, além de Belo Horizonte, fomos à São Paulo e Rio de Janeiro pra ele conhecer as cidades e os amigos da
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de cada lugar.
E como todo estrangeiro ele observava tudo o tempo todo chamando minha atenção pra coisas que ou nunca havia reparado ou nunca tinha visto. Muita coisa já faz parte da paisagem e a gente não se dá conta.
E uma observação dele, além de ser muito engraçada me marcou muito.
Andando pelo calçadão de Copacabana, aquele passeio mais largo do que a rua, ele soltou essa:
- "Lugar bom pra indiano se ajeitar e dormir. Ia caber gente pra caralho (caralho por minha conta) aqui".
E nós dois rimos muito dessa besteira.
Quem me acompanha já viu por aqui muita foto de ruas, estações de trem, em cidades grandes ou pequenas da Índia abarrotadas de gente dormindo no chão, como se estivessem em um dormitório coletivo enorme e como se isso fosse normal.
Pra indiano é.
Na estação de trem de Gaya, já cansei de saltar pessoas pra chegar na plataforma do trem. E carregando as malas, fica mais difícil ainda. Eles ficam colados uns nos outros. Famílias inteiras.
Por que essa conversa fiada toda?
Simples.
Belo Horizonte tá coalhada de pessoas dormindo, morando literalmente nos passeios. No meu quarteirão já até cumprimento os novos vizinhos.
Tenho um amigo muito engraçado, que tem uns "vizinhos" há longo tempo que pediam a ele dinheiro toda vez que ele passava. Ele deu algumas vezes quando eles se mudaram, mas depois que fixaram residência parou, porque segundo ele, "daqui a pouco assino a carteira deles, fica mais barato".
É engraçado? Muito. Mas ao mesmo tempo não tem graça nenhuma.
Eu, como muitos brasileiros uso o riso pra suportar a dor.
O que mais me deixa surpresa é ver os vizinhos "arrumarem" a casa. Muitos são realmente caprichosos. Então fico pensando: todo mundo já teve alguma casa algum dia. Nascer na rua não é o mais comum. Ou será que tô sonhando? Será que é?
Na minha cabeça, você vai pra rua depois de não ter mais condição de ter uma casa. As circunstâncias é que variam.
Talvez eu esteja prestando mais atenção nestes tempos de pandemia.
Mas meus vizinhos, moro no centro da cidade, chegaram há relativamente pouco tempo. Vizinhos de rua, de quarteirão, são novos.
E eu fico pensando sempre o que posso fazer pra mudar pra melhor de alguma forma a vida destas pessoas. No caso nem preciso atravessar a rua.
Estão todos no meu quarteirão.
Já fiz post mostrando a "casinha linda" de um vizinho.
Até jarrinha com flor tinha. Você viu?Peguei esta foto no Google. Tenho várias fotos parecidas com esta mas não encontrei agora pra postar. Preciso organizar minhas fotos. Penso sobre isso há mil anos.
Esse pessoal acima tá dormindo no passeio por conta do calor. Mas procê ver como as culturas são diferentes, você iria ou conhece alguem que se juntaria a você e outros amigos pra dormir assim, na rua, se tivesse muito quente?
Se você puder nos ajudar vamos ficar muito felizes
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Nossas contas
Iêda Dias