Não vou contar pela ordem da viagem. Do que for me lembrando e achando que pode ser legal pra voce vou contando.
Começo com um causu muito bom acontecido em Tókio
Dia 5 de novembro saimos de casa pegamos o trem e na primeira tranferência vi que tava sem minha mochila. Depois de mais de 30 dias de viagem as coisas começam a acontecer no piloto automático e aí começa o perigo.
Durante o dia pensei em algumas possibilidades de abordar um japa e pedir pra perguntar a um funcionário de quaquer estação sobre como poder reavê-la. Mas, pelo pouco tempo que tô aqui além da gentileza do povo também percebi a dificuldade deles em entender o que estamos querendo. Entendem o ingles mas não o sentido da pergunta.
Larguei pra lá. Já tava sem ela mesmo, bora aproveitar o dia.
Quando voltamos pra casa, perguntei ao funcionário da nossa estação se alguem tinha encontrado e devolvido. Não. Ok. Como posso fazer pora tentar reavê-la? Ele me deu um número pra eu ligar. Setor e Achados e Perdidos.
Tudo escrito em japones. Brigada, té logo.
No outro dia, quando saimos de novo perguntei a um outro funcionário da nossa estação e aí a coisa começou a tomar forma. Ele pegou um aparelhim de tradução simultânea e começamos a conversar. Faei que não conhecia ninguem que falava japones então ficava dificil falar no setor de coisas perdidas.
Ele super gentil e interessado em meu problema co meçou a perguntar. E eu fui respondendo. Uma mochila vermelha, tamanho médio, e dentro tinha uma garrafa de água, um power bank com fios de celular, gel pra limpar as mãos um ovo cozido e um croissant (motivo de riso...rs) lenço de papel e mais alguma coisinha que não me lembrava.
No mesmo momento ele passou esta informação pra uma pessoa em algum lugar e a pessoa pediu uns 40 minutos pra verificar.
Ele sugeriu da gente ir pro crime e na volta continuar com o causo.
Assim fizemos.
Na volta tava lá o mesmo japinha com um sorriso muito gentil e me mostrou no mapa todo o caminho feito por sei lá quem e nada foi encontrado.
Pena!
Mas, bendito seja o mas...
Ele já sabendo do raciocínio do japones que é muito diferente do resto do planeta, veio com uma garrafa plástica de água e um garrafa termica pequena e me perguntou: como era sua garrafa? Mostrei a de plástico. E ele disse. Tô começando a entender o que tá errado. E recomeçou com as perguntas. E qual era a cor da mala? Eu disse: Não é mala é mochila, assim, e apontei a da minha amiga. Ele...hum...e a cor? mostrei
algo com o mesmo vermelho e voltei a falar do ovo, do croissant, etc, etc...mais risos.
Aí ele me disse: pro japones garrafa é de vidro. Mochila é mala e por aí vai. Pegou um aparelhim, narrou tudo pra moça de novo e falou. Vão jantar, fazer qualquer coisa e voltem daqui há meia hora. Obedecemos.
Voltamos.
Nada.
De novo me pediu pra falar exatamente qual foi meu caminho e quando notei que tava sem minha mochila. Falei e ele disse. Vocês ainda vão estar aqui amanhã?Vamos. Então amanhã cedo darei mais um retorno. Podem ir dormir. Beijos e até amanhã.
Obedecemos mais uma vez.
Na manhã seguinte chegou lá e não era ele que tava trabalhando. Bosta! Pensei. Perguntei ao moço se ele sabia quem eu era e qual era meu problema.
Antes dele responder, sai rapidim de uma outra sala o "meu" japinha todo sorridente, à paisana quase não reconheci sem o uniforme e o quepi na cabeça e foi logo dizendo: encontramos sua mochila.
Eeeeebbbaaaaaa!!!!!
Gritei de alegria!
Ele: você
vai precisar ir até a proxima estação pra recuperar e assinar um papel etc, etc.
OK.
E começou a riscar no mapa o nome da estação.
Mas parou e disse: vou lá com você.
Ele tava deixando o trabalho depois de 12 horas ralando.
Aí a coisa mudou. O assunto mochila perdida saiu e entrou minha curiosidade pra saber sobre ele. Tudo com o aparelhim pra traduzir. Tô até pensando em adquirir um igual..rsrs...muito prático.
Ele mora há 2h do trabalho, trabalha 12 horas e descansa 24h, sabe sim do Brasil e tem vontade de conhecer me cravou também de perguntas e chegamos na próxima estação.
Fomos diretos onde um moço já tava com minha mochila em cima do balcão. Eu abraçei com ela de brincadeira dizendo o tanto tava com saudade. Mais risos sem entender o gesto.
Assinei o tal papel e voltamos pra nossa estação.
Aí foi troca de endereço, imeios, telefones, convite pra vir ao Brasil e eu dizendo que tava feliz porque tinha recuperado meu ovo cozido e meu croissant. Mais risos.
Falei que nos veríamos ainda daí há dois dias porque iríamos embora depois que ele pegasse serviço. Tipo passaríamos na estação pra ir pro aeroporto lá pela 1 da tarde.
Ele ficou todo feliz. E eu também.
Na noite anterior da viagem de volta pra casa, passei no supermercado e comprei um monte de chocolate , tipos e sabores diferentes , fiz um pacotinho bonitinho e quando cheguei na estação entreguei pra ele.
Os oinhos ficaram marejados e fez mil reverências agradecendo. Eu disse, que era só um açucarzinho pra adocar o dia dele que já era tão doce e se lembrar de mim.
Ele disse que sentia eu ter perdido a mochila, mas ao mesmo tempo só assim ele teve oportunidade de me conhecer. E eu respondi com o famoso "há males que vem pra bem"
e ele entendeu.
Mais abraços e beijos que ele agradou muito...rsss...Quando me entregou a mochila lasquei um beijão na bochecha dele e ele ficou sem graça.
Já no dia da despedida ele tomo a iniciativa e me lascou um beijão também com abraço apertado.
E quem quiser que conte outra...
Olha nós aqui.
Claro que iria registrar.
Como não!!!!
Ah! Eu havia dito pra ele que pensava ter esquecido a mochila na nossa estação E ele disse. Você acertou. Alguem encontrou aqui e entregou. Procuramos por Tókyo inteiro e ela tava bem ao nosso lado...rs
ps.: meus companheiros de viagem fizeram tanta pressão que joguei meu ovo e meu croissant no lixo. Com muito pesar.
Por mim tinha comido, feliz!