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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Quem pensa que o Brasil não é um país sério, é porque nunca foi ao Iraque!


Quem acompanha o blog tá acostumado, mas você que chegou agora vai dizer:
- Claro que isso é invenção! Imaginação muito fértil.
Nada disso. Verdadinha da silva.
Quando trabalhamos no Iraque, assim que entrávamos no país nosso passaporte era confiscado. Chegando ao acampamento entregávamos ao depto pessoal e ele passava pro Serviço de Imigração do país. Lá eles faziam sei lá o que com ele durante um longo tempo e depois nos devolviam.
Uma vez,  antes que ele fosse devolvido pra mim precisei do passaporte pra viajar. Era urgente o assunto, então fui eu mesma ao Serviço de Imigração em Bagdad pra recuperar o danado.
Lá, como aqui, o serviço público era muito moroso. Aquele povão enrro, quer dizer, trabalhando,  e uma demora do cão pra conseguir qualquer coisa.
Cheguei  até a sala que me foi indicada, passei os dados que me pediram e uma moça começou a procurar. Abriu uma gaveta daquelas de correr, onde os passaportes deveriam estar em ordem alfabética, e foi até o fim da minha letra, voltou no começo, começou de A a Z,  de novo de trás pra frente, recomeçou do meio, do meio pra frente, de frente  pra trás, e nada. Procurou em outras gavetas, pastas, pilhas e nada.
Eu já com medo dela desistir e me mandar voltar depois, coisa que seria impossível fazer, porque já ia viajar no dia seguinte, comecei a procurar junto com ela. Tinha a vantagem da capa verde, então todo montinho que eu via, qualquer coisa verde eu mostrava e ela procurava,  e nada!
Já quase no desespero, não sei como nem porque , olhei pro pé da cadeira onde a moça se sentava, e vi quatro passaportes empilhados, calçando pra cadeira não mancar. Dois eram de capa azul, um vermelha e o outro era verde.
Viajei tranquila no dia seguinte.

domingo, 7 de novembro de 2010

Dando lugar no ônibus pra uma foto

Entre as maluquices que vi e vivi nos Caminhos por onde andei, o Iraque deve ter sido o campeão dos causus.
Estava em um acampamento da empresa, que ficava há uns 30 kms de Bagdá e tinha um ônibus que fazia este percurso, levando e trazendo funcionários, mas alguns nativos também pegavam carona nele.
Então, peguei o ônibus, que tava bem cheio, rumo à capital iraquiana. Não me lembro bem, mas, acho que eu  tava em pé. Até aí, nada demais, porque continuaria assim até o final dos meus dias. A não ser brasileiro, jamais um iraquiano daria lugar pra uma mulher se sentar. Sem problema. Cultura é cultura e não seria eu que embarcaria em uma canoa furada, de querer mudar o sistema.

Acreditando ou não, não é que entra um sujeito com um quadro enorme, quase do tamanho dele, com uma foto do então presidente Sadan Hussein.  Aí, foi engraçado demais. No que ele entrou com aquele trambolho, vários homens fizeram mensão de se levantar pra dar lugar pro quadro, mas só um mais esperto foi honrado com tamanha honraria : ceder seu lugar pro retrato do homem.
E em pé ficou até o final da linha, ajudando a segurar o quadro no maior orgulho do mundo. Como se tivesse segurando um andor do Cristo, na Festa do Divino de Diamantina.
Este tipo de foto, tinha pra todo lado que a gente fosse; em todas as salas do escritótio da empresa que eu trabalhava, em todas as lojas, supermercados, mercados. Repartições públicas, então, eram lotadas deles; e na rua também. Era o homi em toda forma e estilo: com farda, terno, uniforme de guerra, com aquele pano palestino na cabeça...de todo jeito.

Me lembro de uma colega de escritório, iraquiana, que trabalhava em Bagdá, que tinha uma foto desta, bem grande em sua sala, bem atrás da cadeira dela. Num triste dia, ela recebeu a notícia de que o irmão dela tinha morrido na guerra, contra o Irã - garoto ainda. Ela se descontrolou total. Não sei se foi vítima de alguma represália, mas foi a única vez que vi alguém com ódio do Sadan e manifestando o rancor. Ela esmurrou a foto até ficar exaurida, e falava tudo que nunca pôde dizer em toda sua vida. Não conheço muitos palavrões em árabe, mas esse dia tava bom pra aprender todos eles e mais algum que ela deve ter inventado.
Lavou a alma, a pobre coitada.

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mico no deserto : xixi no saco plástico !


Já falei aqui sobre a dificuldade que temos, neste planeta, em quase todas as cidades, de encontrar um lugar pra fazer xixi quando estamos na rua. Verdadeira peleja e até humilhação ficar pedindo por favor em um restaurante, loja ou bar.

Agora, imaginem vocês o que não é ficar apertadinha de vontade no Iraque. Estrutura zero! Não digo quando estávamos na estrada, porque aí era simples; o deserto, imagino, até agradecia.

Então, lá vai um big mico de uma amiga, que não conto o nome pra não perder a colega...hehehe.

Estava ela naquele calorão de 100º, esperando, dentro do carro, um amigo que foi resolver um problema em um órgão público. Aqui o sistema já é moroso, triplique então o tempo.

E foi fondo, foi fondo, calorão, vidros hermeticamente fechados pro ar condicionado não vazar uma grama, mesmo assim o suor descia rosto abaixo.

E a vontade apertando. Ela olhava pra todos os lados e não via a menor possibilidade de resolver seu problema.

E, ainda, passando o desconforto de ser observada pelo lado de fora do carro, como se ela fosse um bichinho na jaula em pleno zoo. As pessoas lá, homens ou mulheres, encaravam mesmo, porque, pra eles, éramos verdadeiros ET's.

Esqueci de dizer : essa cidade era Ramadi, que fica a 1 ou 2 horas de Bagdá. Acho que é uma das melhores do país mas as ruas são sem calçamento em sua maioria, esgoto a céu aberto na maior parte delas. Muito sujo, muito pobre. Agora, depois de todos os bombardeios sofridos pela guerra contra os EUA, não consigo imaginar como pode ter ficado. Como diz uma outra amiga, quando escuta a notícia que bombardearam alguma dessas cidades que conhecemos bem, dizendo que a cidade foi arrasada, ela pergunta: "Como assim, arrasada? O que pode ter sido feito pra piorar mais ainda?"

Minha amiga foi ficando tão louca que começou a procurar, dentro do carro, algum objeto que pudesse ajudar na solução do seu problema.

Deus seja louvado!
Encontrou!
Um saco plástico. Eita! Acertar um saco plástico já é difícil, agora imagine dentro de um carro, com calor e ainda despistando pra não ser flagrada naquele ato em público.

Pra encurtar a conversa, ela consegui. Rezou aos céus em agradecimento. Alívio total!

Ao invés de deixar o saquinho ali mesmo, tranquilo, quieto, não, a esperta resolveu se livrar dele. Pensou: "Jogo pela janela, despistado, quando ninguém tiver olhando." Afinal, mais um saco plástico, no meio daquela zona, não iria fazer grande diferença.

Deu um bom nó na boca do saco, esperou, esperou, esperou o bom momento e zápt! Mandou ver com bastante força, pra ele cair bem longe do carro.

O saco explodiu quiném uma bomba no vidro fechado, provocando uma chuva em pleno deserto, num dia de céu azulinho sem nem uma nuvem pra contar a história.

Nem precisa contar o resto, né não?
" O que dará maior satisfação à sua alma do que andar livre sem reconhecer superiores?" Walt Whitman

domingo, 6 de dezembro de 2009

Seu Sadam ! Se a gente tivesse sonhado no que ia dar...























Como a gente era tolinha há muitos anos... Conversando hoje com um amigo e relembrando vivências nossas no Iraque, me lembrei de três coisas que, na época, não representaram, absolutamente, nada mais nada menos do que um capricho de um ditador recém-chegado ao poder.

Existia em Bagdá (verbo no passado porque, à essa altura do campeonato, não deve ter nem rastro) um restaurante lindíssimo onde íamos sempre almoçar às sextas-feiras. Chamava-se Kamarjan.

Era uma antiga estrebaria, enorme, muito alta, e o prédio era como se fosse um ginásio e dizia-se que, antigamente, o grande pátio interno onde ficavam as mesas do restaurante, era o lugar onde ficavam os cavalos e, ao redor deste pátio, existiam uma espécie de quartinhos com portas em arco, onde tinham tapetes, mesinhas, narguilé e o pessoal sentava pra bater papo e tomar chá.

Um belo dia, estávamos lá e chegou um bando de soldados do presidente e colocou todo mundo pra fora. Pra fora mesmo ! Sem a menor cerimônia. Sabem por que? Porque naquele dia tinha a "possibilidade" do Seu Sadam querer almoçar lá. Este fato não aconteceu só comigo. Várias outras pessoas contaram a mesma história.

Outra vez, estávamos abastecendo em um posto de gasolina de estrada e chegaram os soldados de novo. Sai, sai, sai, todo mundo porque sua majestade tá chegando e vão parár pra abastecer. Foi a única vez que vi o homem. Ele chegando e nós saindo...

E o outro causo, que era muito frequente, muitos de nós que trabalhamos lá vimos a cena.

A gente ia pela estrada em pleno deserto, aquela visão de 360º, de repente vinha um avião, ia descendo, descendo, descendo, aterrizava, andava mais um tempo e pluft! desaparecia. Aeroportos ou garagens subterrâneas - como a gente chamava. Fomos nós que vimos primeiro o buraco do Sadam. O mocó.

Apesar de ser muito difícil fazer fotos em determinados lugares, já naquela época, sempre se dá um jeitinho. Poderia ter feito fotos de dentro do carro. Não fiz.

E a gente só ria e achava doido, muito doido. Por que esconder embaixo da terra?

Bem mais tarde, ficamos sabendo - como todo mundo - mas as tais de armas químicas, estas, nem nós, nem os americanos, nem ninguém nunca viu.

sábado, 19 de setembro de 2009

Bons tempos no Iraq

Conceição Aldo e eu em Kerbala. Podem acreditar. É Kerbala sim, essa cidade que a gente vê nos noticiários ser detonada a todo momento. Uma pena, porque é uma cidade sagrada pelo iraquianos. Terra de mesquitas lindas e muita fé.

Me lembro de um fato interessante, que sinto vergonha até hoje mas que me fez aprender a respeitar e dar mais valor ainda a um alimento e a uma cultura.

Conceição grudou o pé em um pixe, e ficou procurando alguma coisa prá limpar. Não achava nada, então pegou um pedaço de pão que tava comendo e esfregou no pé. Ô idéia infeliz...Em um minuto apareceram dois iraquianos, que cataram todas as migalhas do chão, beijaram, e colocaram no bolso. Só de contar o caso me emociono e tenho vergonha.
Aldo e eu bebendo água em uma torneira pública . Pena que não dá prá ver bem, mas tem uma canequinha amarrada em uma corrente que fica pendurada, e todos bebem água nela. A gente preferia beber na mão mesmo.

Bons tempos vivemos no Iraq antes dessa confusão toda arrumada pelo Sr.Busch.

Bagdá era uma cidade muito interessante e podíamos passear tranquilamente prá todo lado. Garimpando no Suk, descobrindo cada canto de um país completamente diferente do nosso, e prá mim na época tudo era novidade. Falo no passado, porque não sei como anda hoje. E também não estou defendendo um governo ditatorial. Quanto a isso os problemas eram grandes. Mas como não estou aqui prá discutir política, quando essa confusão se acalmar espero que o país volte a ser um lugar muito bonito com seu povo sempre receptivo. Bom prá conhecer e com muito prá gente aprender. Digo que quem viveu em país do Oriente Médio, pode viver e se sair bem em qualquer lugar do mundo. O Iraque foi meu maternal, primeiro e segundo grau em aprendizado prá cair de bunda no mundo sem medo de ser feliz. Sempre.

E LÁ VAI O DIMDIM!

E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...