domingo, 7 de novembro de 2010

Dando lugar no ônibus pra uma foto

Entre as maluquices que vi e vivi nos Caminhos por onde andei, o Iraque deve ter sido o campeão dos causus.
Estava em um acampamento da empresa, que ficava há uns 30 kms de Bagdá e tinha um ônibus que fazia este percurso, levando e trazendo funcionários, mas alguns nativos também pegavam carona nele.
Então, peguei o ônibus, que tava bem cheio, rumo à capital iraquiana. Não me lembro bem, mas, acho que eu  tava em pé. Até aí, nada demais, porque continuaria assim até o final dos meus dias. A não ser brasileiro, jamais um iraquiano daria lugar pra uma mulher se sentar. Sem problema. Cultura é cultura e não seria eu que embarcaria em uma canoa furada, de querer mudar o sistema.

Acreditando ou não, não é que entra um sujeito com um quadro enorme, quase do tamanho dele, com uma foto do então presidente Sadan Hussein.  Aí, foi engraçado demais. No que ele entrou com aquele trambolho, vários homens fizeram mensão de se levantar pra dar lugar pro quadro, mas só um mais esperto foi honrado com tamanha honraria : ceder seu lugar pro retrato do homem.
E em pé ficou até o final da linha, ajudando a segurar o quadro no maior orgulho do mundo. Como se tivesse segurando um andor do Cristo, na Festa do Divino de Diamantina.
Este tipo de foto, tinha pra todo lado que a gente fosse; em todas as salas do escritótio da empresa que eu trabalhava, em todas as lojas, supermercados, mercados. Repartições públicas, então, eram lotadas deles; e na rua também. Era o homi em toda forma e estilo: com farda, terno, uniforme de guerra, com aquele pano palestino na cabeça...de todo jeito.

Me lembro de uma colega de escritório, iraquiana, que trabalhava em Bagdá, que tinha uma foto desta, bem grande em sua sala, bem atrás da cadeira dela. Num triste dia, ela recebeu a notícia de que o irmão dela tinha morrido na guerra, contra o Irã - garoto ainda. Ela se descontrolou total. Não sei se foi vítima de alguma represália, mas foi a única vez que vi alguém com ódio do Sadan e manifestando o rancor. Ela esmurrou a foto até ficar exaurida, e falava tudo que nunca pôde dizer em toda sua vida. Não conheço muitos palavrões em árabe, mas esse dia tava bom pra aprender todos eles e mais algum que ela deve ter inventado.
Lavou a alma, a pobre coitada.

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8 comentários:

  1. Brenda, pra abrandar o causu, delicie-se com os frutos do mar...se é q vc gosta...rs
    bjins

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  2. Iêda, adorei. Esse caso me fez lembrar vários outros também muito engraçados, de uma época em que vivíamos naquele desertão mas, nada era problema, as situações do cotidiano,a saudade do Brasil, os micos tudo gerava piada... Ai que saudades dos tapetES, das cortinAS ...rsrsrsr Cadê o Marcelo??? Saudades. Bjo

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  3. Meu bem, vc já viu seu caso aqui no blog? Já contei...as cortinasssss, os tapetessssss......Mar tá em BH....
    bjins

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  4. Saddan Hussein era o "Big-Brotter" que tudo via e tudo vigiava. Aqui no Brasil, se não abrirmos o olho, teremos fotos da "Big-Sister" Dilma Russef nos vigiando por todos os lados.
    Luiz César.

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  5. Ieda , até la vc ja viveu? Eita mulher arretada!
    Nao to querendo viajar mas cliquei pra dar uma olhada no mercado.
    bjks

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  6. Pois é Lu, eu muito espertinha casquei fora, pra nem sentir a merda que vai ser os primeiros dias de poder da anta...aguardemos pois..
    bjos, bjos

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  7. É sempre bom estar informada e com o passaporte em dia minha amiga. Nunca se sabe...rs
    bjos,bjos

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