Francês é um bicho instigante mesmo! Eles sempre me surpreendem.
Por exemplo? Acabam de reformar parte do Museu d'Orsay.
Mas não tava legal? Já não é lindo, super conservado?
É.
É isso tudo. E exatamente por isso foi reformado. Eles não esperam deteriorar pra restaurar.
O prédio tem fama de ser mais famoso do que as obras que ele comporta. Mas não por isso foram feitas as mudanças. Continua lindo, e as obras ficaram muito mais valorizadas.
A maior mudança está no quinto andar, onde ficam as telas impressionistas como Cézanne, Manet, Monet, Van Gogh, Renoir, Degas.
Aí entra o trabalho de quem entende do assunto. De quem tem know how em matéria de museus. A última reforma no prédio foi feita em 1.986.
O objetivo agora era o seguinte: como as paredes e o chão do prédio eram bege, com a luz do sol refletindo, tudo ficava meio monocromático fazendo com que o visitante não pudesse apreciar como deveria todas as obras. Esta iluminação inadequada tirava o brilho das obras. E eu que já adorava, sem ter noção deste "defeito", agora tô duidinha pra ir ao museu pra sentir a diferença.
As paredes foram pintadas de um cinza-chumbo, o chão ficou mais escuro, e a iluminação artificial agora é controlada pra não gritar com a luz do sol. Durante todo o dia a luz artificial é controlada de acordo com a intensidade da luz natural.
Coisa de maluco, né não? Eu adoro ficar sabendo de coisas assim.
Alguns bancos onde a gente se senta pra apreciar os objetos foram trocados. Agora são blocos de cristal. Um luxo só! E o artista é o japonês Tokujin Yoshioka. Vale a pena entrar no site dele. Não foi por acaso que o moço foi escolhido.
E não foi também por acaso, que foram escolhidos dois brasileiros pra reforma da cafeteria. Os irmãos Fernando e Humberto Campana, que se inspiraram no mundo submarino pra fazer o trabalho.
Ficou lindo! Amo esta mistura do antigo com o novo. Neste quesito o francês não tem medo de ousar. E eles conseguiram o que queriam. Um ambiente mais intimista e aconchegante.
Nesta brincadeira foram gastos 27 e meio milhão de dólares. Mas, eles sabem que o retorno virá rapidim. Não me esqueço de uma frase do meu irmão quando mostrei a cidade pra ele há uns anos atrás:
- Este povo sabe cuidar das suas galinhas dos ovos de ouro!