Assistindo nesta segunda-feira a Leda Nagle no Sem Censura, antes de tudo me lembrei da minha mãe que sempre dizia:
- Educação nunca vai sair da moda!
Pra mim ela estava certíssima.
O assunto era viagem e o Fábio Arruda, que vi pela primeira vez "na Fazenda", falou de uma forma muito engraçada sobre um dos tópicos do seu novo livro, "Etiqueta não tira férias"- educação dentro e fora do avião. E por coincidência, sempre observei o comportamento das pessoas pelos Caminhos por onde andei, nos aeroportos, aviões, onibus, rodoviárias. O que não falta é gente muito mal educada. Sem noção nenhuma do que seja dividir um espaço com o outro.
Sábado mesmo em NYC esperando o nosso vôo, ouvi mais uma vez um papo que sempre ouço nas salas de espera. Pessoas querendo contar pra quem não tá interessado em saber ( por isso falam tão alto) todas as suas experiências em vôos, compras, cidades, mundo. É um tal de:
- NY já foi bem melhor pra isso ou praquilo. Há anos atrás (sinalizando que já veio mais de uma vez) era muito mais fácil fazer isso ou aquilo.
- Não estou suportando estes aeroportos depois que viajar ficou acessível pra muita gente! Um horror a gente se misturar com essa gentinha!
- Olhe a bagagem daquela lá...muambeira com certeza!
- Antipatia de ter que ficar tirando sapato, passar em raio X. Antigamente era tudo tão mais tranquilo...(outra dica de que é campeã em viajar, mas não aprendeu nada!).
E falam alto, muito alto, como se estivessem no quintal de casa.
- Fulaaaana, trás uma Coca pra mim.
E mais alto ainda, porque a outra já vai longe:
- Liiiiigth!!!
Dentro do avião também é duro na queda. Gente que espalha a bagagem de mão no bagageiro, achando que aquele espaço só a ele pertence.
Enquanto as pessoas se ajeitam pra viajar, uma das coisas mais indelicadas que sempre percebo, é já abaixar o encosto da poltrona e se esfacelar.Tipo, já me ajeitei, foda-se quem ainda não o fez. O pobre que vai se sentar atrás de uma anta desta, não consegue passar, se esforça, empurra o encosto e o outro se fazendo de bobo. Parece que sente prazer em ser mal educado. Não subir também o encosto na hora de jantar ou lanchar é outra falta de educação muito comum. Ou levantar derrepente o mesmo encosto fazendo você derrubar pra todo lado o líquido ou o que estiver tentando comer naquela falta de espaço.
E quem fica clicando no botão de chamar as comissárias, como se fosse um assunto muito urgente? As coitadas tentando ajeitar a vida de todo mundo e o mané querendo um copo d'água. Pode esperar nem um tico meu senhor?
Tô cansada de
não ouvir um por favor, um muito obrigado, em vôos. Passa a aeromoça toda gentil oferecendo bebida.
-Quer beber algo senhor?
- Coca.
Seco, sem nenhuma gentileza. Ela só está trabalhando, não é sua escrava!
A moça pergunta.
- Gelo?
- Não.
Ela entrega o copo e não ouve um grunhido sequer. Fico com vergonha pelos outros.
Outra que dá ódio. Pessoas que se apoiam no encosto da frente pra mudar de posição, ou se levantar. Você com a cabeça no encosto tentando se relaxar, derrepente uma mão arranca um tufo de seus cabelos. Dá vontade de dar um murro pra trás. E pode esperar, que o mesmo vai acontecer quando este infeliz voltar de onde ele foi. Vai de novo apoiar a mão na sua cabeça e arrancar o tufo que ficou.
Duro!
E aqueles pais que dizem pro garoto que não para de dar empurrão no seu encosto, chupes, bater os pés:
- Olha que a tia vai se zangar com você!
Me zangar com a criança, nem morta! Matar os pais já me passou pela cabeça várias vêzes.
E preciso me concentrar, respirar fundo pra não me estressar quando o avião coloca as rodas na pista e já começamos a escutar os clic-clic de cintos de segurança se abrindo.
Ontem chegando aqui em BH, um zé mané fez isso, e ouvimos na mesma hora o comissário dizer:
- Ainda não foi autorizado desafivelar os cintos, estamos taxieando. Por favor respeitem os avisos, etc..etc..
Não aguentei e disse:
- Bem feito! Podia ter dormido sem essa.
Ele, que tava duas filas na minha frente, nem olhou pra trás. Antipatia!
E os celulares? Até parece que o mané que tá esperando o viajante no aeroporto não sabe, e precisa ser informado de que acabamos de chegar, e que o aviso tem que vir de dentro do avião. Os quadros de horários dos aeroportos não são confiáveis, deve pensar este povo! Nem bem acabamos de aterrizar já começamos a ver as luzes dos celulares ( que só devem ser ligados quando você sair do avião ) e os jacus dizendo:
- Cheguei. Daqui a pouco a gente se vê.
Dãnn...
Não, desceu no meio do caminho!!! Se ligou dizendo que tava dentro do avião e partindo, pra onde pode ter indo neste tempo?
Ou:
- Fiz boa viagem. Você já tá chegando? Ah! Já chegou? Tô saindo. Eta moleza. A fila não anda. Povo lento! Não sei porque demoram tanto pra abrir esta porta!
Deve ser porque querem colocar uma escada ou um túnel pra ficar mais fácil pra você ir do avião até o prédio do aeroporto! Esta pessoas não pensam, que uma escada mal colocada pode causar um acidente horrível. Já prestaram atenção na altura da porta do avião até o chão?
Até parece que é um médico aflito, indo fazer uma cirurgia que só ele pode realizar. Última esperança do doente.
Tem que ter muita paciência mesmo.
Ainda tem a turma que me dá dó de ver chegando pra viajar com saltos altíssimos, calças coladas, botas de salto alto e fino, justas nas pernas. Depois de 10 horas apertada numa classe econômica, mal assentada, mal alimentada, calor, frio, pressurização, sem conseguir dormir, os pés chegam inchados, um pão de forma, e a negada sai mancando, ou com metade da bota desabotoada, arrastando o sofrimento pelos corredores. A vaidade causa sofrimentos inesquecíveis pra esta turma que morre mas não sai do salto. Estas cometem uma falta de educação para com elas mesmas. Falta de respeito para com o próprio corpo.
Você tem também experiências parecidas pra contar? Conte pra nós. Vamos tentar fazer com que as viagens já tão cansativas, sejam mais relaxadas, mais amicáveis, colaborar com o colega do lado sendo gentil e prestativo. Não custa nada ajudar alguem a colocar uma mala pesada num carrinho. Pense sempre em como você gostaria de ser tratado. E faça o mesmo com o outro.