Foi-se o tempo que, quem viajava, chegava cheio das coisas pra contar. Todos queriam saber as novidades: "o que você trouxe de novo?".
Me lembro de, quando tinha uns 15 anos, um amigo foi ao EUA e trouxe um toca-discos do tamanho de uma forma de gelo. A gente colocava o disco e ele desaparecia embaixo. Foi um sucesso absoluto!
Me lembro também de um toca-discos que, abrindo, a tampa virava caixa de som. Must do must. Este era meu !
Tantos brinquedos, e roupas diferentes, eu trouxe prás minhas sobrinhas há 20 anos. Eram um sucesso, um orgulho brincar com as novidades vindas do outro lado do mundo e mostrar pros amiguinhos.
Essa semana, uma amiga me perguntou como estava o problema das chuvas por aqui. E eu disse: "Que chuva?" Nem sabia que o lado oeste da França tava com problemas de enchente. Vejo, quase nunca, a TV e leio quase nada de jornal. Quando tô por aqui, aproveito pra fazer coisas que não tenho tempo no Brasil. Então muita novidade me é informada por amigos. Hoje, o mundo todo sabe do que acontece no mundo todo.
Os códigos de barras, hoje usados como se sempre tivessem existido, me lembro bem de quando vi pela primeira vez nos EUA, em um supermercado. Fiquei impressionada com a rapidez com que a moça do caixa passava os produtos na frente de, não sei o quê, e aparecia o valor no visor da caixa-registradora. Quando voltei ao Brasil e tentei explicar essa maravilha, não conseguia me fazer entender, depois descobri uma forma, eu dizia: "Era como se tivesse alguém deitado embaixo da esteira do caixa e a moça passasse o produto e ela dissesse: 10 dólares, 23 dólares, 15 dólares." Todo mundo ria e fingia que acreditava e que tinha entendido.
Logo depois, descobri que, no Brasil, naquela época, não seria possível colocar um leitor-ótico. Era tempo de inflação galopante e iria pirar a máquina. Alguém deve se lembrar que, as lojas tinham pessoas com maquininhas que mudavam os preços das coisas o dia todo. Falando, hoje, sobre isso, parece conto do "arco da velha". Tão antigo quanto a própria expressão.
Há 20 anos, também, quando morei aqui na França, existia o precursor da internet. Se chamava MINITEL. Era um visor com teclado, quiném um computador dos antigos, e ligado à rede de telefone. Um sucesso! Podia-se fazer compras de supermercado (e já entregavam em casa), farmácia, passagens de avião, contratar serviços de garotas e garotos, uma maravilha do mundo moderno. A internet ainda não rolava solta como hoje, pelo menos pra mim, ela nem existia.
E, pra completar a sessão nostalgia e de antiguidades, sou do tempo que os programas de TV não eram transmitidos em rede nacional. Acho até difícil de explicar isso pro povo que tem menos de 25, 30 anos.
Quando alguém ia ao Rio, por exemplo, chegava contando 1 semana de capítulos de novela adiantado, porque a gente (em BH) só iria assistir aos VTs ( vídeo- tape ), uma semana mais tarde. Lá, no Rio, passava em primeiríssima mão.
Portanto, novela (essa canseira que às vezes dá certo) não é de hoooojeeee e, acho, que não vamos nos livrar dela tão cedo.