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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

VALE A PENA LER DE NOVO - 1

Há mais ou menos um mês, comecei a postar no Intagram posts e causus antigos do blog. E estou muito feliz porque o retorno dos amigos tem sido muito bom. E a alegria não é só porque estão lendo minhas histórias. As pessoas estão lendo. Isso é ótimo. Algumas que são minhas amigas já conhecem muitos destes causus mas tem também a turma que não me conhece e que não tem saco de ficar procurando pelo blog à fora coisas pra ler.

Então, junto com posts novos, vou alternar posts antigos também aqui.

Espero que vocês gostem.

 

Quero a Elisa Lucinda no meu gurufim.

Publicação de:  quarta-feira, 19 de maio de 2010

O tal do morrer é complicado pra quase todo mundo. Talvez porque eu nunca tenha estado à beira da morte, não ligo muito pra ela; não fico pensando, não tenho medo e acho que, a qualquer momento que ela chegue, já tá bom, tô no lucro. Mas, reafirmo, deve ser porque ainda não dei de cara com ela porque, conheço pessoas que estão pra partir já há tempos e tão se agarrando à vida, como se vida ainda tivessem.

Num papo com amigos, certa vez, falando sobre morte e enterro, me veio uma idéia : ao invés daqueles enterros canseira, todo mundo esperando o tempo passar, cansados, calor ou frio danado, desgaste grande, noite que não termina, tomando aquele café horroroso de garrafa térmica que tem nas cantinas de velório, comendo chips e biscoito de polvilho, olho inchado de tanto sofrer e chorar - porque cada um que chega recomeça o chororô que já tava se aplacando - pensei o seguinte :
Quero um enterro alegre pra cacete; com muita música e telão com vídeos diversos. Vai virar uma "reivi". Já tenho, meio pronta, a trilha-sonora, todas as músicas que gosto, que representaram muito pelos Caminhos por onde andei, que me fizeram rir, lembrar, ser feliz. E músicas preferidas dos amigos também. E os vídeos?
Estes vão ser um sucesso. Pode ser vídeo de shows, bandas, cantores. Só não pode deixar de passar Uma Linda Mulher, meu filme de cabeceira. Já tenho, nem precisa comprar. E música ao vivo também. Foi aí que descobri a palavra Gurufim, e o que que significa. Me amarrei. Paixão a primeira vista.
Gurufim é enterro no morro. Enterro de sambista, de boêmio, de compositor, é aquela despedida alegre com muito samba e muita bebida.
Imaginem um pagodão daqueles com comes e bebes varando anoite, ou o dia.
Eita! Muita percussão, surdo, pandeiro, a negada cantando e eu lá. Feliz da vida, quer dizer, feliz da morte...hehe...
Muito Arlindo Cruz, Gonzaguinha, Zeca Pagodinho, Cássia Eller, Noel, Beth Carvalho, Chico, Alcione, Wilson das Neves, Lupicínio. Podem ter certeza de que estarei muito bem. Tranquila, deitadinha só de ouvido em pé. Vendo a "turma se adivertir".

Vai ser tão bom, que todo mundo vai achar que morrer só uma vez será pouco.

E, pra encerrar na boa, com um pouco de seriedade, a Elisa Lucinda recitará um belo poema ao som do surdo dando aquele toque, que fura o coração. Só então, se alguem quiser e sentir vontade, estará liberado pra dar uma choradinha, só pra não ficar parecendo que já tô indo tarde........hehehehe....
De Elisa Lucinda
Mulata Exportação
“Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega-exportação, vem meu pão-de-açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê?)
Minha tonteira, minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol (entendeu meu gelol ?)
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada.
Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado...”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:

Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!

Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!

(Da série “Brasil, meu espartilho”)

 


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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Pessoa que gostaria de ter sido amiga - Joel Silveira

Joel Silveira foi um jornalista carioca que morreu em 2.007. Era um sujeito super esperto, ótimo escritor e jornalista e tinha um humor ferino. Eu acho ele muito engraçado. Gosto de quem é do contra. No bom sentido, é claro! Quem contesta, vai contra a corrente, é espirituoso, instigante.
Separei algumas citações dele pra você.


- Joel tinha inveja de um personagem de Victor Hugo que, minutos antes de ser guilhotinado, dizia, resignado, que estava pronto para a execução,mas “gostaria de ver o resto”. Ou seja: o personagem gostaria de descrever a própria morte.
Penso a mesma coisa sobre meu gurufim *.  Só não vai ser  melhor, porque não vou poder participar...rs

O quarto 1122 oferece uma bela vista da Ponte Rio-Niterói. Da cama de Joel, era possível enxergar o intenso tráfego de aviões que se dirigiam ao Aeroporto Santos Dumont. “Já contei quarenta e três aviões. Agora, chega”

Fui para a guerra com 32 anos.Voltei com 80. O que a guerra nos tira – quando não tira a a vida – não devolve nunca mais”
Esta eu acho muito boa!

Cético, gostava de repetir o poeta Murilo Mendes : “Deus existe. Mas não funciona”. Esta me faz lembrar o gênio do Millôr, que disse; "- Viver até que é muito bom, mas não precisava de ser todo dia!"

"Eu não entendo o fenômeno do Paulo Coelho. O Bill Clinton lê, o Chirac leu, o mundo inteiro lê e eu tentei ler, mas vomitei. Eu acho horroroso. Mandaram um exemplar para mim, mas mandei devolver porque não quero infectar minha biblioteca. Eu considero isso a sub-sub-sub-literatura, mas ele vende até na Tailândia"  Com esta concordo em gênero número e grau. Um porre o seu Paulo!


"Não entendo o fenômeno João Gilberto: é um dos mistérios que minha inteligência não consegue alcançar. Eu até me esforço para entender tanta idolatria, porque, como sou repórter, gosto de saber das coisas. Mas confesso que não consigo."  De novo tô contigo, Joel! Vai ser chato assim lá no banheiro da casa dele!
 
Este gato aí no centro da foto é o Joel, que foi correspondente de guerra na segunda guerra mundial. E, como dizia um grande amigo meu: - É...o tempo não perdoa!

*http://www.oquevivipelomundo.blogspot.com/2010/05/quero-elisa-lucinda-no-meu-gurufim.html

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quero a Elisa Lucinda no meu gurufim.

O tal do morrer é complicado pra quase todo mundo. Talvez porque eu nunca tenha estado à beira da morte, não ligo muito pra ela; não fico pensando, não tenho medo e acho que, a qualquer momento que ela chegue, já tá bom, tô no lucro. Mas, reafirmo, deve ser porque ainda não dei de cara com ela porque, conheço pessoas que estão pra partir já há tempos e tão se agarrando à vida, como se vida ainda tivessem.

Num papo com amigos, certa vez, falando sobre morte e enterro, me veio uma idéia : ao invés daqueles enterros canseira, todo mundo esperando o tempo passar, cansados, calor ou frio danado, desgaste grande, noite que não termina, tomando aquele café horroroso de garrafa térmica que tem nas cantinas de velório, comendo chips e biscoito de polvilho, olho inchado de tanto sofrer e chorar - porque cada um que chega recomeça o chororô que já tava se aplacando - pensei o seguinte :
Quero um enterro alegre pra cacete; com muita música e telão com vídeos diversos. Vai virar uma "reivi". Já tenho, meio pronta, a trilha-sonora, todas as músicas que gosto, que representaram muito pelos Caminhos por onde andei, que me fizeram rir, lembrar, ser feliz. E músicas preferidas dos amigos também. E os vídeos?
Estes vão ser um sucesso. Pode ser vídeo de shows, bandas, cantores. Só não pode deixar de passar Uma Linda Mulher, meu filme de cabeceira. Já tenho, nem precisa comprar. E música ao vivo também. Foi aí que descobri a palavra Gurufim, e o que que significa. Me amarrei. Paixão a primeira vista.
Gurufim é enterro no morro. Enterro de sambista, de boêmio, de compositor, é aquela despedida alegre com muito samba e muita bebida.
Imaginem um pagodão daqueles com comes e bebes varando anoite, ou o dia.
Eita! Muita percussão, surdo, pandeiro, a negada cantando e eu lá. Feliz da vida, quer dizer, feliz da morte...hehe...
Muito Arlindo Cruz, Gonzaguinha, Zeca Pagodinho, Cássia Eller, Noel, Beth Carvalho, Chico, Alcione, Wilson das Neves, Lupicínio. Podem ter certeza de que estarei muito bem. Tranquila, deitadinha só de ouvido em pé. Vendo a "turma se adivertir".

Vai ser tão bom, que todo mundo vai achar que morrer só uma vez será pouco.

E, pra encerrar na boa, com um pouco de seriedade, a Elisa Lucinda recitará um belo poema ao som do surdo dando aquele toque, que fura o coração. Só então, se alguem quiser e sentir vontade, estará liberado pra dar uma choradinha, só pra não ficar parecendo que já tô indo tarde........hehehehe.... De Elisa Lucinda
Mulata Exportação
“Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega-exportação, vem meu pão-de-açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê?)
Minha tonteira, minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol (entendeu meu gelol ?)
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada.
Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado...”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:

Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!

Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!

(Da série “Brasil, meu espartilho”)

E LÁ VAI O DIMDIM!

E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...