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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Descendo a rua Pernambuco e relembrando minha adolescência

Morei nesta rua dos meus 10 aos 20 anos. Parece que faz um século. As coisas mudaram muito de lá pra cá. Ontem fui fotografando enquanto descia a Pernambuco, as poucas casas que restaram deste meu tempo que lá vai longe.
Esta casa aí abaixo fica na esquina da Inconfidentes com Pernambuco. Não entendo porque continua de pé e fechada. Deve ser história de inventário. Completamente abandonada, só as plantas e alguns pombos fazem companhia a estas paredes que já devem ter no mínimo uns 80 anos. Se reformada fosse, iria ficar linda!











Capela do Colégio Santo Antonio, onde nunca estudei, mas passei muitos dias da minha vida brincando, vendo os meninos jogarem bola, participando das festas de escola, missas, esperando namorado depois da missa das 6 e meia celebrada pelo Frei Hilário-paixão de todo o bairro na época. Aqui assisti ao casamento da maioria dos meus amigos, batisados, várias missas de sétimo dia ou entrei somente pra dar uma palavrinha com Deus, descansar um pouco, sentir a tranquilidade que toda igreja trás. Me lembro da construção da Capela,  e da polêmica que causou este altar sem santos, com o mural pintado à mão. Ele continua lindo e moderno até hoje. Parecia que estavam construindo a Pirâmide do Louvre.
A ordem franciscana  deve ser do signo de  aquário.
Sempre na frente.





Descendo da praça da Savassi, que se chamava Diogo de Vasconcelos, até a Av Afonso Pena, posso dizer até hoje o nome de cada família que morava em cada casa. Quer dizer, quase, não vamos exagerar...rs. Criança é um bicho curioso. A gente conhecia todo mundo. Se não fosse amiga minha,  tinha na casa algum amigo do meu irmão. E se não tinha criança, os moradores eram amigos dos meus pais.



Aqui, já na esquina com a Cláudio Manuel, olhe a lindeza da casa que ainda tá de pé!





Me lembro tanto do morador desta casa linda! Avô de queridos amigos, até hoje. O vô morava na frente e a família do filho dele numa casa mais linda ainda lá atrás.

Minha primeira morada. A entrada da minha primeira casa na Rua Pernambuco, era neste portãozinho do lado esquerdo. Fotografei pela greta da grade. Tudo mudou. Agora tudo liso, muito cimento, muito clean. Onde tem estas palmeirinhas, tinha o jardim que minha mãe plantou. Aquela miscelânia de plantas e flores de todas as cores, que era a cara dos jardins que nossas mães faziam. Paisagismo era uma palavra distante,  que só existia nos jardins do seu Burle. Pelo menos pra nós, era!

Antes de chegar nesta casa verde da Av Brasil, morei por muitos anos no numero 522, que hoje é a quadra de esportes de um prédio. Me neguei a fotografar. Da rua só se vê um muro. Nada a ver.

Nem se quisesse poderia dizer quantas vezes vim até essa esquina comprar pão. Era "A padaria" da região. Bem mais tarde construíram outra na Afonso Pena esquina com Brasil, e eu tinha ódio quando minha mãe mandava comprar o pão lá. Era muuuuito longe...rs.

Desde os meus 10 anos de idade que essa casa tem este mesmo desleixo. Nunca foi linda, arrumadinha, pintada de novo. Não me lembro. Sempre caindo aos pedaços. Me lembro muito bem dos moradores. Ainda tem alguém que consegue viver aí. Outro mistério. Porque ela é assim? Quem será o dono que não liga pra essa relíquia? Pra fazer estas fotos, cheguei mais perto e coloquei o nariz bem pra dentro do portão pra fotografar o piso de azulejo hidráulico que adoro. Quase desmaiei com o mau cheiro. Uma pena!







Aqui já cheguei na Afonso Pena e este é o lindo prédio do Instituto de Educação (entra burro e sai leão...rs)

Não me canso de admirar a beleza do prédio, e ao mesmo tempo tenho ódio de passar à noite aqui na porta. Na entrada principal, há sei lá quantos metros de altura, tem uma lamparina como aquela luzinha gerada a motor das  cidades do interior de muito antigamente. Um horror. Um breu total. Tenho certeza que devem dormir pessoas nestes jardins ou mesmo se esconder se for necessário. Acho um absurdo um prédio bonito como este não ter uma iluminação descente,  que o valorize como ele merece.  Pensem esta beleza com a iluminação de uma Conciergerie de Paris?
Uau!
Ia arrasar na formosura.

terça-feira, 22 de março de 2011

Mistureba de causus e lembranças de minha infância



Eu não tenho o menor problema com a idade. Nunca tive. Quando conto que adorava Pixinguinha, era louca pra ser amiga de Ataulfo Alves, tô pouco ligando se alguem vai pensar que sou do tempo deles. Me orgulho de ser e tenho pena de quem nao os conheceu. Me lembro de meu pai ouvindo na Rádio Nacional o cantor das multidões, Orlando Silva, de ouvir o carrilhão tocando as 12 badaladas pra apresentar o ídolo da época, Francisco Alves, e me lembro também do dia em que ele morreu num acidente de carro, da tristeza e do rádio tocando suas músicas o dia todo, de ter ouvido no Rádio a novela Jerônimo, o herói do sertão com sua amada Aninha e o Moleque Saci. Eu tinha uns cinco anos na época. Era muito bom.




Sentados da esquerda para a direita: Peri Cunha, Mário Reis, Francisco Alves, Noel Rosa e Nonô.
Olhe a elegância, os ternos, os sapatos, os cabelos...ai!!! Dava tudo pra ter feito parte de uma turma assim!


O Rio de Janeiro parou!
 
Quando eu conto que me lembro de meu vô Amaro de braços abertos me esperando, e eu correndo pra ir me encontrar com ele, ninguém acredita. Eu tinha uns dois anos. E quando ele morreu, ele, que era dono de uma risada tão alta e gostosa que toda a cidadezinha ouvia quando ele gargalhava, o caixão na sala de estar eu e meu irmão correndo e brincando em volta dele, e meu irmão fazendo cócegas no pé dele pra ver se ele ria....me lembro como se fosse hoje.  Eu tava com uns 6 anos. Me lembro de Dalva de Oliveira, figura miúda, magrinha, com uma voz esganiçada que eu adorava, cantando com as mãos cruzadas no peito, me lembro de Nora Ney e Jorge Goulard, Nora que teve uma filha que foi Miss Guanabara, sim senhoras e senhores o Rio de Janeiro já se chamou Estado da Guanabara.  O porque da mudança e o porque da volta do nome isso eu não me lembro ( deixo pro meu amigo querido f tavares esclarecer ) . Me lembro do Carlos Galhardo, que era um dos preferidos da minha mãe. Da canseira do Ivon Curi, acho que a primeira colega que tive notícia na minha vida, que se casou com uma portuguesa e teve filhos, coisa que na época eu não entendia como podia. Depois veio o Cauby. Me lembro dos programas de auditório do César de Alencar, apresentando Emilinha Borrrrrrrrrrrrrrbbbaaaaaa...ficava meia hora no rrrrrr. E na "briga arranjada" entre ela e Marlene. Engraçado, Marlene tinha mais a ver comigo. Era mais louca. Emilinha era a boazinha, a careta. Me lembro do Zé Kéti, do amado João do Vale ( por onde andará?) cantando com a calça arregaçada e de pé no chão. Ex-chofer de caminhão, criolo lindo cantando num muquifo em São Paulo. Fui ver com meu irmão e minha cunhada e amei. Me lembro da PRK-30 Rádio Mayrink Veiga com Ari Barroso, dono de uma voz também peculiar (essa tirei do fundão do baú...rs) dando bronca nos calouros. Lembro também do programa "Balança mais não cai", que era apresentado assim: Balaaaaaannça....balaaaaaannnça............balaaaaaaaannnçaaaa........mas não caaaaaaaaiiiiii! E daí pra frente era um riso só, com Paulo Gracindo fazendo o primo rico e Brandão Filho fazendo o primo pobre. Depois os dois foram pra TV e continuaram com o mesmo sucesso. E o tanto que pra minha cabeça de criança se assustava e tinha medo quando ouvia o prefíxo do  Reporter Esso,  tan...ta...ran..ran....tan...tann...tannn...tannn...e eu sempre achava que lá vinha merda. Hoje eu vejo a diferença. Naqueles tempos a coisa era bem menos assustadora do que qualquer Jornal da 8 de hoje.
Me lembro do Júlio Louzada rezando a Ave-Maria às 6 da tarde. Era uma hora em que qualquer pessoa dava uma paradinha, fazia uma oração, era como se anunciasse o final da jornada...hora de começar a frear. E ele contava a história de ouvintes e dava conselhos. Demais, né não! O povo escrevia cartas nesse tempo.
Na Rádio Nacional quem lia as notícias era o Heron Domingues. Mais uma vez eu sentia mêdo. Vozeirão que me assustava. A moda era empostar a voz.
Meu pai tinha um rádio que era aberto. A gente via as válvulas se ascenderem e se apagarem devagarinho. Depois de muito uso, o botão de mudar de estação estragou mas ele não tava nem aí. Enfiava a mão dentro do rádio e girava uma roldainazinha que tinha um fio e rodava pra lá e pra cá procurando a estação que ele queria. E nós fazíamos a mesma coisa. Pelo toque já sabíamos se era pra girar pra frente ou pra trás. Pode uma coisa dessa? Era muito legal. Me lembro dele dizendo. "A rádio Inconfidência é tão possante, que se juntar os dentes de dois garfos ela pega"...rsss
E a novela que foi um dos primeiros sucessos na TV, O direito de nascer, eu ouvi também no rádio. Tinha uns três anos. O legal do rádio é que a gente faz o que quer e precisa, sem ter que se sentar em frente dele como a TV.  Esta,  limita muito...rs.
Na minha cabeça eu imaginava como poderia ser a tal Praça Mauá no Rio de Janeiro, onde era a sede da Rádio Nacional. E o prédio imenso de 22 andares do jornal A Noite.  O Rio ficava a uma distância inimaginável. Me lembro dos patrocinadores, Casas Garçon, Casas Sendas, de falar em Praça Saen Penha na Tijuca, ainda sei cantar mil jingles, como o " dorme dorme filhinha mamãe tem Aurisedina....", " vai tudo bem, muito bem, muito bem, com Pílulas de Lussen...bem bererém...bem...bem...bemmm!"  Tudo muito singelo, inocente.

Quando eu começo tenho que colocar um fim, senão vou indo vou indo e você não ver ter saco pra me seguir. Continuo noutra hora com minhas lembranças. Sem nostalgia, só com muita alegria e prazer.

sábado, 22 de maio de 2010

Leite na altura da cintura da moça

Adoro causus de pessoas mais antigas - nossos avós, amigos dos pais - porque eles, além de engraçados, vem com um vocabulário próprio. Palavras inventadas ou reproduzidas, conforme o entendido. Uma verdadeira Horta da Luzia.

Tenho uma grande amiga, que a mãe era uma peça-rara; paixão de todos nós. Como diz o Rolando Boldrin : "mais uma que foi embora antes do combinado".

Essa peça-rara, ainda se aprimorou mais, quando teve um problema grave de saude, se submeteu à uma cirurgia na cabeça e, junto com o que estava atrapalhando a vida dela, foi retirado alguma coisa que afetou a memória. Ela conseguiu ficar melhor ainda e mais engraçada. Nunca levamos pro lado do drama, daí a ilustração da lata de leite-moça. Pra você entender melhor :

Ela - passando uma receita de bolo pra filha : "Você coloca uma lata de leite-moça e outra de leite, na altura da cintura da moça". O melhor é que, nessa época, a lata tinha um rótulo que era de papel, quer dizer, se o papel saísse, a referência ia junto.

Outra : Um dia, a filha indo ao supermercado, perguntou pra mãe: "Você quer alguma coisa mamãe?" E ela: "Quero sim, trás carne daquele baixinho" e fez o gesto da altura do bicho. A filha entendeu na hora, ela tava se referindo à carne de porco. A gente chama, até hoje, porco de baixinho... rs.

E, mais uma que adoro!

Um dia cismou de ir sozinha à padaria. Como era pertinho e ela tinha o costume de ir, a filha deixou, mas ficou de olho no relógio, monitorando o tempo pra saber se ia precisar correr atrás.
O tempo foi passando e ela demorando, minha amiga aflita, saiu pra resgatar a mãe que, com certeza, tinha perdido o rumo de casa.
E tinha mesmo! Encontrou a danada, toda feliz da vida, conversando com uma pessoa que tentava, de todo jeito, ajudá-la a encontrar a rua que ela afirmava, com toda certeza, se chamar Rua Brasil Colonial. A pessoa, cheia de boa vontade e curiosa, quis saber onde ficava essa rua, já que morava há muito tempo no bairro e nunca tinha ouvido falar. Riu muito quando minha amiga deu o nome certo:
a rua era Minas Novas.

Tava longe não, né? Mas, a partir deste dia, passou a andar de crachá; até dentro de casa.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Viajando à moda antiga com meu iPod e laptop !
















Como as coisas mudaram, e estão mudando, em tão pouco tempo e com uma velocidade difícil de acompanhar.

Me lembro que, quando comecei a percorrer "os caminhos por onde andei", o supra-sumo do chic era ter uma máquina fotográfica Canon, Olympus ou Minolta, e olha que não foi há tanto tempo assim, proporcionalmente ao grande salto informático.

Então tirávamos várias fotos, aquele monte de filme pra revelar e corríamos o risco de não encontrar nada, entrar luz na máquina, não ter registro nenhum da viagem. Era uma tristeza só !

Hoje, além de não perder foto nenhuma, ainda temos a possibilidade de apagar quantas vezes quisermos ou enquanto não ficarmos lindos, como queremos. A paisagem importa pouco !

Tô nessa sessão nostalgia porque, lendo o blog da Lina (que já recomendei aqui) o assunto de hoje era sobre a tralha que carregamos, pra viajar, nos dias atuais.

E tasca na mala e nos arquivos e nos bolsos, laptop, câmera, celular, iPod, pen-drive, Facebook, Google Maps, Skype, MSN... porque as pessoas pensam que não vão conseguir sobreviver sem isso tudo, não vão se encontrar, tem medo de se perder, deixar de comer, enfim, acho que a tecnologia ajuda muito, mas muita neura também atrapalha.

E muitos tem medo de perder a conexão com os amigos, família... "Como posso viver sem saber se tá tudo bem?" E eu digo com conhecimenro de causa : "Se alguém quer realmente te encontrar, não precisa estar com essa tralha toda. Nos dias de hoje, não existe a possibilidade de você não ser encontrado, aliás, existe sim, se você não quiser".

Mesmo assim, pessoas são encontradas no meio da multidão, em estádios. As câmeras não dão paz.

Não sei se é assim em todo lugar mas, na França, um ingresso de espetáculo, tipo estádios, ginásios, parques, traz escrito atrás que você pode ser filmado ou fotografado, quer dizer, já se isentando de qualquer processo.

Eu mesma já utilizo essa parafernália quase toda, claro!
Agora, sendo muito saudosista mesmo, era também muito bom o meu tempo de mochileira, que o único planejamento era uma rota pré-estabelecida, pra não ficar quiném nau sem rumo, "tonta como perú de véspera" como dizia minha mãe. O resto era uma caixinha de surpresas. Descobria tudo nos lugares : onde ficar, onde comer, conversando com as pessoas nas ruas, nos albergues, nas guest-houses, me perdendo, passando aperto, rindo, e o melhor de tudo, fazendo amigos.

Conheci cerca de 30 países nesse mundinho de Deus desta forma. Com um guia Routard no bolso achava que tava com Deus. Outros tempos ! Hoje, as pessoas saem de casa já conhecendo todas as pedras do caminho. Meio sem graça pro meu gosto. Acho que até modernidade tem limite. Já conhecem os museus de cor e salteado, sabem os caminhos, não se dão a possibilidade de uma surpresa, um cantinho simpático que não tava na rota, um nativo que te convida prum café, descobrir um restaurante ou um hotelzinho charmoso. Já saímos com dica de restaurante e sabemos até que prato saborear. "Quer ver o cardápio, sr.? Não obrigado já vi no Google".

Tudo programadim.

O melhor de tudo, na volta de uma viagem, era contar as novidades.
A gente se reunia pra não ter que contar N vezes o mesmo caso. Sessões de papos e fotos.

E matar a saudade das pessoas, quando chegávamos. Quem será que vai estar no aeroporto? Quem irá nos buscar?

Já cansei de chegar, nas últimas viagens, pegar meu ônibus ou táxi e vir linda e loira sozinha pra casa, porque ninguém tá morrendo de saudades. Ninguém pode ir me buscar no aeroporto. E nem precisava, a correria do dia-a-dia me deixa, inclusive, desconfortável em pedir uma carona. Precisa mesmo não! Nos vimos e nos falamos todos os dias pela internet, skype, já viram as fotos todas que foram tiradas, então não precisa correr pra me encontrar. Nostálgico sim, mas, triste, não! de forma alguma. Fui mudando e me adaptando aos tempos.

"Câmera digital? Tenho não." Descobri também que lugares lindos e paisagens deslumbrantes ficam guardadas na minha memória. Ninguém tá interessado em ver a foto.

E LÁ VAI O DIMDIM!

E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...