Me lembro que, numa época, tinha amigos morando em NY. A maior parte, era povo que, voltando do Iraque, por lá ficou. Uns estão até hoje, outros voltaram pra terrinha e outros, quiném eu, ficam no lá e cá. Não se decidem...rs.
E, numa casa, moravam 4 deles. Fui passar uns tempos por lá e era uma diversão só -mesmo pra quem tava ralando, como eles, não só pra mim que tava a passeio. Todo dia uma novidade !
Cada dia um chegava com um sofá novo, ou uma cadeira, ou mesa, ou , ou, ou qualquer coisa que tinha sido descartada naquela cidade do descartável.
Me lembro que, um dia, um deles telefonou no meio da tarde, dizendo que tinha achado um sofá lindíssimo, novinho e queria que alguém conseguisse um carro ou camionete pra ir buscar. O que atendeu o telefone disse: "Você disse que tá (não me lembro onde) pertinho de fulano. Vá na casa dele e peça o carro emprestado ou que ele venha com você". No que o outro respondeu: "Não posso! Tô aqui sentado no sofá, na calçada, se levanto vem alguém e leva."
Fiquei imaginando meu amigo sentado num sofá, no meio do passeio público, à espera de uma solução.
E, a história que ia contar, nem era essa, mas uma puxa a outra.
A que separei pra contar é que, naquela época, pra tudo, mas pra tudo mesmo que se fazia em NY, a gente precisava de uma moeda de 25 centavos. Fosse pra telefonar (não havia celular), lavar roupa, comprar refrigerante, pagar metrô, etc... não importava, qualquer máquina era feita pra receber as tais moedinhas.
Bendito advento do cartão !...
Bom, então, um dos moradores da casa, arranjou uma lata redonda, grande e, nela, colocava toda moeda que tinha; ia colocando pra que, quando precisasse, não tinha que se preocupar.
Na primeira vez que foi recolher alguma moeda, achou que a latinha tava meio leve. "Engraçado, será que já tirei e não me lembro?" E, na dúvida, não ficou pensando muito na coisa, continuou colocando moedas.
E foi colocando, colocando, quando, um belo dia, abriu de novo a lata e lá tava o fundo limpo e claro. Não tinha moedas que cobrissem o fundo. Ficou puto, esbravejou, falou com os moradores, mas evidente que não tinha sido ninguém. A desculpa era que, naquela casa, entrava e saía muita gente, muitos amigos, como saber quem tava de sociedade com a tal latinha ?
E foi colocando, colocando, quando, um belo dia, abriu de novo a lata e lá tava o fundo limpo e claro. Não tinha moedas que cobrissem o fundo. Ficou puto, esbravejou, falou com os moradores, mas evidente que não tinha sido ninguém. A desculpa era que, naquela casa, entrava e saía muita gente, muitos amigos, como saber quem tava de sociedade com a tal latinha ?
Esperou uns dias e, como não tinha aparecido visitas, foi conferir a latinha.
Mais uma vez, nada ! Vaziaça ! Umas moedas pingadas ! Aí, ele enfezou de vez.
Escreveu num papel e colocou dentro da lata : " Tire as mãos das minhas moedas seu filho da puta, vai caçar moedas na...." Melhor parár por aqui, porque o bilhete ficou pesado.
Mas, o melhor de tudo, foram os cartazes. E foi o que me chamou a atenção no dia que cheguei. Era grande e pregado bem em frente à porta de entrada da casa.
Visitas : atenção com seu dinheiro. Essa casa tem ladrão!
Tinha um cartaz em cada cômodo.