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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O dia em que quase aspirei uma obra de arte em Paris.

Este é mais um destes causus que você vai dizer: "Lá vem ela de novo!" E lá vou mesmo.
Trabalhava eu em Paris em uma Galeria de Arte. Chic, né? Pois é. Fazia faxina duas vezes por semana. Endereço mais nobre, impossível : Faubourg Saint-Honoré, pertinho do Palácio do Governo, em frente ao chiquérrimo Hotel Bristol - um cinco estrelas onde ainda vou tomar café da manhã lá um dia.

Pois muito bem. Chegou eu um dia pra trabalhar, e topo com um senhor coreano, carinha mais simpática do mundo, armando seu circo, quer dizer, montando sua exposição.
Era este aqui : Sr. Kim Tschang Yeul, nascido em 1929, na Coréia, e um renomado artista plástico, com exposições pelo mundo todo (só eu que não conhecia, mas fiquei conhecendo). Na França é muito interessante - pelo menos comigo sempre foi assim -; Sempre fui apresentada pra qualquer pessoa, como "uma amiga que trabalha conosco", e, desta vez, não foi diferente. Não me lembro mais quem me apresentou, mas me lembro da gentileza do Sr. Kim me perguntando se gostava do trabalho dele. Pode? Eu? Era de cair o queixo. Pelas fotos que coloquei aqui, que são do catálogo que ele me deu, dá pra se ter uma idéia. Parecia que as gotas estavam escorrendo da tela. E tinha tela pra todo lado.
Aí, vem a parte dolorosa: junto com as muitas telas, tinha uma performance de trabalho com areia - coisas de artista, porque, se fosse eu que tivesse feito aquilo, alguém diria com certeza: "Só tá faltando o cimento e a água". Mas, como foi o Sr. Kim, era uma maravilha.
Comecei meu trabalho - que sempre era feito com muito cuidado,  porque, qualquer que fosse a obra que eu destruísse, pagaria com a minha vida, porque grana jamais teria pra saldar a dívida.
O monte de areia no chão, não era pequeno; tinha mais ou menos uns 80 cm de altura e era redondo, tipo quase a metade de um dos salões. E, no topo do monte, tinha uma espécie de bola achatada de cristal, que, com a transparência e a iluminação perfeita da Galeria, ficava parecendo um gota gigante de água. Lindo !
Na montagem do monte de areia, esparramou um pouco de areia nos arredores e eu, muito delicadamente, fui passar o aspirador pra limpar.
Meu Jesus Cristinho! Não sei o que eu fiz, ou se o aspirador derrapou, só sei que dei uma chupada no monte, quiném mordida de maçã ou, pra ser mais dramática, quiném as escavadeiras da Serra do Curral, aqui em Belo Horizonte. O susto que levei foi tão grande, que desliguei o aspirador no mesmo segundo e já tava meio que tremendo, abrindo o compartimento pra  retirar o saco e repor a mordida no lugar, quando ouvi passos subindo a escada. Só deu tempo deu cair por terra de joelhos, e diminuir um pouco a roda de areia, puxando com as mãos e cobrindo a parte desfalcada, quando chegou o dono da Galeria - Mr. Enrico Navarra - e disse:
- Não precisa limpar com as mãos. Pode aspirar ao redor. Não tem problema.
No que eu só fiz sinal com a cabeça de ok, e fingi estar ajeitando os grãozinhos em seu lugar.
Se Mr. Navarra ler hoje meu blog, só agora vai saber que, parte do trabalho do Mr. Kim,  foi pro lixo, junto com o saco descartável do aspirador.



http://www.enriconavarra.com/
http://www.kimtschang-yeul.com/

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