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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Poesia para um amigo que perdeu seu cão




  1. Reynaldo,

    Um recado do Pepê para você:

    Presta atenção!
    Eu expliquei tudo para o Senhor,
    Que preferia ficar aqui,
    Do lado de fora do Portão.
    Jurei para Ele,por todos os cafunés,
    Que não vou dar trabalho nenhum.
    Não irei cheirar as pernas alheias,
    Nem sequer vou latir ou correr.
    Aqui,pacientemente,vou esperar por você,
    Mastigando um osso celestial.
    E não importa quanto tempo você levar,
    Não arredarei daqui as minhas patas.
    Pois se entrasse aí sem você,
    Para mim,isso lá por trás do portão,
    Não seria o Céu,não.

    Abraço
    Moacir

    Meu querido e novo amigo Moacir, mandou este recado pro Reynaldo e que eu considero uma verdadeira poesia. Brinquei com o Rey no dia que ele escreveu o Réquiem pro Pepê, que queria que ele escrevesse pra mim quando eu morresse e participasse do meu gurufim junto com a Elisa Lucinda. A fila tá aumentando. Quero o Moacir também. 
    É nisso que dá ter a grande sorte de ter amigos phoda. Phoda não, phodíssimos!

domingo, 27 de maio de 2012

Versos de Neruda que me faz ( fazem? ) sentir mais feliz ainda



"Te trarei das montanhas flores alegres,

copihues, avelãs escuras, e cestas silvestres de beijos.
Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas."
 
Me apaixonei por estes versos do grande Pablo Neruda, há mais de 30 anos atrás. Tinha até um boton que mandei fazer com a frase. Ele se perdeu no tempo. Vou fazer outro. Agora, eu mesma vou bordar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou simplesmente, Cora Coralina


Quem poderia nos representar melhor em nosso dia do que ela!
Estou a anos luz de escrever lindamente como ela, mas dividir com você este poema lindo, isso eu faço com prazer. E quero ficar velhinha assim; linda e colorida.


O QUE É VIVER BEM?!

Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem?
Ela disse-lhe: “Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo prá você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.”

"Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."

domingo, 4 de março de 2012

Poesia do Geraldo pro domingo ficar mais lindo ainda!


Geraldo Azevedo

Se você vier 

Pro que der e vier

Comigo..

Eu lhe prometo o sol

Se hoje o sol sair

Ou a chuva...

Se a chuva cair

Se você vier

Até onde a gente chegar

Numa praça

Na beira do mar

Num pedaço de qualquer lugar...

Nesse dia branco

Se branco ele for

Esse tanto

Esse canto de amor

Oh! oh! oh...

Se você quiser e vier

Pro que der e vier

Comigo

Se você vier

Pro que der e vier

Comigo...

Eu lhe prometo o sol

Se hoje o sol sair

Ou a chuva...

Se a chuva cair

Se você vier

Até onde a gente chegar

Numa praça

Na beira do mar

Num pedaço de qualquer lugar...

E nesse dia branco

Se branco ele for

Esse canto

Esse tão grande amor

Grande amor...

Se você quiser e vier

Pro que der e vier

Comigo

Comigo, comigo.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Andando de ônibus em BH

Sempre que entro em um ônibus me lembro de um amigo que dizia:
- Muito cuidado com o povo de ônibus.
- Uai! Por que?
- Já olhou pra dentro de um ônibus? Todos estão olhando pra fora. Vêem tudo. Não deixam passar nada.
Verdade.
Menos eu, que hoje fiz um longo percurso e só observando o povo de dentro do ônibus. Só perdi do lado de fora, uma placa que queria fotografar e não deu tempo. Um brechó chamado " Só não vendo a mãe". Adorei o nome, e se tivesse com tempo ia entrar e pedir um pai pra levar pra casa...ainda passo lá um dia pra fazer a brincadeira. Pensei também em pedir um moço bonito pra embrulhar e degustar em casa...rs.

Fiquei observando o pessoal e as poesias penduradas em cada banco. Não vi ninguém lendo. Aliás, vi uma senhora reclamando que " cada um que passa embola com essa coisa!" Ri sozinha.
Eu sempre leio e tem poesias legais. Pro meu modo de pensar, deveriam ser poesias com uma escrita mais simples, de humor. Ninguém tá com saco pra ficar queimando mais ainda os miolos com poesia concreta ( não sei se ainda chama assim) dentro de um ônibus quente com um calorão dos infernos. Por falar em inferno ontem ouvi uma boa com o Leo Jayme:
- No Rio tem as 4 estações sim; primavera, verão, outono e inferno.

Moça prevenida. Abanava com tanta velocidade o leque,  que sobrava até um ventinho pra mim.

Esta dai é mais simples. Gostei. Poesia brasiliense. Do outro lado tinha uma muito boa do Affonso Romano de Sant'Anna.

Sempre reclamei que em BH deveria colocar nomes nos pontos de ônibus. Pronto. Colocaram e ficou bem melhor pra você indicar a alguem como chegar a um lugar. E, dentro de alguns ônibus já tem o mapa do percurso também;  melhor ainda. No meu de hoje não tinha.

A av. Paraná tá precisando que alguem da Prefeitura passe por lá e olhe com olhos de revitalização.
Ninguém leu enquanto eu estava no ônibus, mas o plástico serviu pra aplacar o calor desta moça. Como dizem lá na roça:
- É bão tamém!

Este percurso todo, foi pra chegar no Mercado Central e comprar meus petiscos preferidos. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Relendo Paulinho Pedra Azul

"Quero ser feliz
 Eu sempre quis"  Beto Lopes e Paulinho Pedra Azul

"Nós. Na cidade. Expostos.
 Morrendo por um triz.
 Outros. No interior. Aposto,
 vivendo mais feliz."    Recanto, de Paulinho Pedra Azul

"Hoje fui despertado
 por um pássaro cantador.
 Na cantiga ele dizia:
 Tenha calma, por favor.
 Entendi a linguagem do canto.
 Me espantei com sua sabedoria.
 Enquanto ele cantava de novo,
 a fera em mim, dormia."     Acalanto, de Paulinho Pedra Azul

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Quarta-feira com Paulinho Pedra Azul


Lembra disso?  "Alguém oferece a alguém e este alguém sabe quem..!"

Dois Mundos

Estou dividido entre dois mundos.
Um que apalpo
e outro que sonho.
O que apalpo, gostaria de sonhá-lo.
O que sonho gostaria de vivê-lo.
Entre esses dois mundos
corre um novelo.
A primeira ponta, que é o início,
virou passado.
A outra ponta, que seria o fim,
ficou presente dentro de mim.

Do livro de Poesias Dois Mundos-Paulinho Pedra Azul

domingo, 19 de dezembro de 2010

Alguém já fez uma música pra você? Nem pra mim.

Dedicadas



Meu caro amigo, de Chico Buarque: para Augusto Boal (época da brabeira da ditadura no Brasil - eidia)

Branquinha, de Caetano: para Paula Lavigne

Menino do Rio, de Caetano: Petit

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, de Roberto e Erasmo: para Caetano Veloso ( depois que o Roberto visitou  Caetano, exilado em Londres - eidia )

Vera gata, de Caetano: para Vera Zimmerman

Tigresa, de Caetano: para Sonia Braga

Trem das cores, de Caetano: para Sonia Braga ( a perigosa ganhou duas - eidia )

O mundo é um moinho, de Cartola: para sua filha, que estava saindo de casa. ( coisa mais linda do mundo - eidia )

Drão, de Gilberto Gil: para Sandra Gadelha ( Gil se explicando pela separação com Sandra, que ele chamava de Sadrão ou Drão. Linda! - eidia )

Queixa, de Caetano: para Dedé

Detalhes, de Roberto Carlos: para Silvia Amélia Marcondes Ferraz ( será que rolou um caso entre a socialaite e o rei? - eidia )

Carolina, de Chico Buarque: para sua tia, que tinha um grave problema de saúde. ( fôfo! - eidia )

Você vai me seguir, de Chico Buarque: para Nina de Pádua. ( Chico, ainda casado com a Marieta e sempre pulando a cêrca, chama a Nina de Mi Nina...danadim. Pra despistar. eidia )

Argumento, de Paulinho da Viola: para Caetano.

Lígia, de Tom Jobim: para Lygia Marina, na época mulher de Fernando Sabino.

Night and Day, de Cole Poter : para um namorado. Existe uma especulação de que I've Got You Under My Skin foi dedicada à heroína.
 
Cajuína, de Caetano, foi feita para Heli,depois do suicídio de seu filho, Torquato Neto ( autor de uma frase que me marcou na epoca e pra sempre. Deixou um bilhete quando se suicidou escrito : "Pra mim chega"! eidia )

Me lembro, de quando conheci o grande poeta Vinicius de Morais, ele contando pra todos  na mesma mesa, de quando escreveu em um guardanapo a letra de Minha Namorada, pra uma das meninas do Quarteto em Cy. Não me lembro qual delas. Suspirei de inveja...rs. Depois ele deu pro Carlos Lira colocar musica - eidia
 
Patti Boyd, para quem George Harrison compôs "Something" e Eric Clapton fez "Layla" e "Wonderful Tonight" - garota de sorte.
 
"Ah, mainha, deixa o ciúme chegar, deixa o ciúme passar e sigamos juntos...", Nosso estranho amor - não foi feita também para a Dedé?

Você conhece alguma história como estas? Junte-se a nós. Mande, que eu acrescento.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sexta com poesia. Saudades do Paulinho Pedra Azul



Procuro-me

Procura-se um grande amor.
Paga-se com carência,
desilusão e dor.
Passadas essas fases,
paga-se com bondade,
amor e comunhão.
Preparado o coração,
encontro forças
para reverter o quadro.
Será pintado com cores claras
e preenchidas de paixão.
Procura-se um grande amor.
Que saiba bordar toalhas de mesa
e cobrir de beijos
um coração machucado.

Ai, não dá vontade de dar colinho pruma pessoa assim?

Do livro - Dois Mundos, de Paulinho Pedra Azul

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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Saudades do Paulinho Pedra Azul.

JURO

Se for mentira
o que sinto por você,
pergunte ao mundo.
Coloque nos jornais,
nas rádios e nas TVs.
Só assim você verá,
que esse amor, eu sinto.
Não minto.
Coloque faixas nas ruas.
Ande num carro de som.
Ponha a boca no trombone.
Me chame em qualquer tom.
Se for mentira o que sinto,
Chame a Polícia Federal.
Solte os cachorros.
Suba nos morros.
Pergunte ao sabiá.
Passe por qualquer lugar,
que o meu amor, lá estará.

Do livro - Dois Mundos, de Paulinho Pedra Azul.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Não me canso de conhecer pessoas geniais


Adoro o Rolando Boldrin ! Gosto do jeito dele de contar seus causus e os causus dos amigos. Gosto dele cantando e declamando, e persigo o Rolando por onde ele vai. Atualmente, seu programa passa domingo, pela manhã, na TV Brasil, Rede Minas em Belo Horizonte.

Tô sempre aprendendo com o Boldrin e, domingo passado, fiquei conhecendo um poeta maravilhoso, negro, lutador, chamado Solano Trindade, quer dizer, fiquei conhecendo a poesia dele, porque o Solano morreu em 1974.

O Rolando declamou um poema chamado Gravata Colorida, do Solano. E eu já corri atrás da obra completa do moço. Olhe que coisa mais linda, mais singela, mais pura e atual.

Quando eu
tiver bastante
pão
para meus
filhos
para minha
amada
pros meus
amigos
e pros meus
vizinhos
quando eu
tiver
livros para
ler
então eu
comprarei
uma gravata
colorida
larga
bonita
e darei um
laço perfeito
e ficarei
mostrando
a minha
gravata
colorida
a todos os que
gostam
de gente
engravatada...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quero a Elisa Lucinda no meu gurufim.

O tal do morrer é complicado pra quase todo mundo. Talvez porque eu nunca tenha estado à beira da morte, não ligo muito pra ela; não fico pensando, não tenho medo e acho que, a qualquer momento que ela chegue, já tá bom, tô no lucro. Mas, reafirmo, deve ser porque ainda não dei de cara com ela porque, conheço pessoas que estão pra partir já há tempos e tão se agarrando à vida, como se vida ainda tivessem.

Num papo com amigos, certa vez, falando sobre morte e enterro, me veio uma idéia : ao invés daqueles enterros canseira, todo mundo esperando o tempo passar, cansados, calor ou frio danado, desgaste grande, noite que não termina, tomando aquele café horroroso de garrafa térmica que tem nas cantinas de velório, comendo chips e biscoito de polvilho, olho inchado de tanto sofrer e chorar - porque cada um que chega recomeça o chororô que já tava se aplacando - pensei o seguinte :
Quero um enterro alegre pra cacete; com muita música e telão com vídeos diversos. Vai virar uma "reivi". Já tenho, meio pronta, a trilha-sonora, todas as músicas que gosto, que representaram muito pelos Caminhos por onde andei, que me fizeram rir, lembrar, ser feliz. E músicas preferidas dos amigos também. E os vídeos?
Estes vão ser um sucesso. Pode ser vídeo de shows, bandas, cantores. Só não pode deixar de passar Uma Linda Mulher, meu filme de cabeceira. Já tenho, nem precisa comprar. E música ao vivo também. Foi aí que descobri a palavra Gurufim, e o que que significa. Me amarrei. Paixão a primeira vista.
Gurufim é enterro no morro. Enterro de sambista, de boêmio, de compositor, é aquela despedida alegre com muito samba e muita bebida.
Imaginem um pagodão daqueles com comes e bebes varando anoite, ou o dia.
Eita! Muita percussão, surdo, pandeiro, a negada cantando e eu lá. Feliz da vida, quer dizer, feliz da morte...hehe...
Muito Arlindo Cruz, Gonzaguinha, Zeca Pagodinho, Cássia Eller, Noel, Beth Carvalho, Chico, Alcione, Wilson das Neves, Lupicínio. Podem ter certeza de que estarei muito bem. Tranquila, deitadinha só de ouvido em pé. Vendo a "turma se adivertir".

Vai ser tão bom, que todo mundo vai achar que morrer só uma vez será pouco.

E, pra encerrar na boa, com um pouco de seriedade, a Elisa Lucinda recitará um belo poema ao som do surdo dando aquele toque, que fura o coração. Só então, se alguem quiser e sentir vontade, estará liberado pra dar uma choradinha, só pra não ficar parecendo que já tô indo tarde........hehehehe.... De Elisa Lucinda
Mulata Exportação
“Mas que nega linda
E de olho verde ainda
Olho de veneno e açúcar!
Vem nega, vem ser minha desculpa
Vem que aqui dentro ainda te cabe
Vem ser meu álibi, minha bela conduta
Vem, nega-exportação, vem meu pão-de-açúcar!
(Monto casa procê mas ninguém pode saber, entendeu meu dendê?)
Minha tonteira, minha história contundida
Minha memória confundida, meu futebol (entendeu meu gelol ?)
Rebola bem meu bem-querer, sou seu improviso, seu karaoquê;
Vem nega, sem eu ter que fazer nada.
Vem sem ter que me mexer
Em mim tu esqueces tarefas, favelas, senzalas, nada mais vai doer.
Sinto cheiro docê, meu maculelê, vem nega, me ama, me colore
Vem ser meu folclore, vem ser minha tese sobre nego malê.
Vem, nega, vem me arrasar, depois te levo pra gente sambar.”
Imaginem: Ouvi tudo isso sem calma e sem dor.
Já preso esse ex-feitor, eu disse: “Seu delegado...”
E o delegado piscou.
Falei com o juiz, o juiz se insinuou e decretou pequena pena
com cela especial por ser esse branco intelectual...
Eu disse: “Seu Juiz, não adianta! Opressão, Barbaridade, Genocídio
nada disso se cura trepando com uma escura!”
Ó minha máxima lei, deixai de asneira
Não vai ser um branco mal resolvido
que vai libertar uma negra:

Esse branco ardido está fadado
porque não é com lábia de pseudo-oprimido
que vai aliviar seu passado.
Olha aqui meu senhor:
Eu me lembro da senzala
e tu te lembras da Casa-Grande
e vamos juntos escrever sinceramente outra história
Digo, repito e não minto:
Vamos passar essa verdade a limpo
porque não é dançando samba
que eu te redimo ou te acredito:
Vê se te afasta, não invista, não insista!
Meu nojo!
Meu engodo cultural!
Minha lavagem de lata!

Porque deixar de ser racista, meu amor,
não é comer uma mulata!

(Da série “Brasil, meu espartilho”)

sábado, 15 de maio de 2010

Recado para um amiga solitária




Você que está sozinha,
se sentindo rejeitada.
Uma pessoa mal amada,
ou coisa parecida.
Dê uma volta na vida.
Olhe para dentro de você,
e veja o que ninguém vê.
Você não está sozinha,
mantenha a calma.
Sorria para o espelho.
Mande um recado para qualquer pessoa,
dizendo:
Estou numa boa.

Paulinho Pedra Azul/1.999

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Paulinho Pedra Azul - Conhece ?

Sou fã do Paulinho há muitos anos. Amo sua voz, sua poesia, sua música, sua pessoa. Os shows dele são uma delícia. Ele conta causus ótimos e muito engraçados.
Me lembro, em um dos shows, ele sentado no meio do palco com seu violão feito pelo Venício lá de Sabará, um músico de um lado, outro músico do outro e ele, com aquele jeito mineirês de ser, apresentou sua banda pra tempos difíceis. "Na banda esquerda o fulano e na banda direita o outro fulano". Bom demais!

E, além de compor e cantar, faz poesias. Tenho o livro de poesias dele que se chama Dois Mundos.

Garimpei essa obra-prima pra vocês.

Medo de Amar

Tenho medo de amar.
Medo desse amor virar briga
e abrir nova ferida.
Tenho medo de amar.
Medo de naufragar.
Cair feito uma pedrinha
no fundo do mar.
nesse perigo,
passo a ver navios.
Prefiro nadar nos rios.

Essa é pra turma que tem medo de se arriscar, de cair de bunda, de viver, do desconhecido, de escuro, de sofrer, de rir alto, de ser feliz.
Vamo lá meu povo ! Se arrisque, saia da mesmice, saia da rotina, caia na vida com alegria e vontade de ser feliz.

Sempre dá certo!

Se não der, faça quiném o João Balaio, do João Bosco : "Sou João Balaio, se eu trupico eu não caio e se eu caio eu não quero nem saber".

sábado, 23 de janeiro de 2010

Quer casar comigo? Eu quero me casar com sua poesia.



Ferreira Gullar

A VIDA BATE


Não se trata do poema e, sim, do homem e sua vida - a mentida, a ferida, a consentida vida já ganha e já perdida e ganha outra vez. Não se trata do poema e, sim, da fome de vida, o sôfrego pulsar entre constelações e embrulhos, entre engulhos.



Alguns viajam, vão a Nova York, a Santiago do Chile. Outros ficam mesmo na Rua da Alfândega, detrás de balcões e de guichês.
Todos te buscam, facho de vida, escuro e claro, que é mais que a água na grama, que o banho no mar, que o beijo na boca, mais que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham.
Alguns te acham e te perdem.
Outros te acham e não te reconhecem e há os que se perdem por te achar, ó desatino, ó verdade, ó fome de vida!
O amor é difícil, mas pode luzir em qualquer ponto da cidade.
E estamos na cidade sob as nuvens e entre as águas azuis.
A cidade.
Vista do alto ela é fabril e imaginária, se entrega inteira como se estivesse pronta.
Vista do alto, com seus bairros e ruas e avenidas, a cidade é o refúgio do homem, pertence a todos e a ninguém.
Mas vista de perto, revela o seu túrbido presente, sua carnadura de pânico: as pessoas que vão e vêm que entram e saem, que passam sem rir, sem falar, entre apitos e gases.
Ah, o escuro sangue urbano movido a juros.
São pessoas que passam sem falar e estão cheias de vozes e ruínas .
És Antônio?
És Francisco?
És Mariana?
Onde escondeste o verde clarão dos dias?
Onde escondeste a vida que em teu olhar se apaga mal se acende?
E passamos carregados de flores sufocadas.
Mas, dentro, no coração, eu sei, a vida bate.
Subterraneamente, a vida bate.
Em Caracas, no Harlem, em Nova Delhi, sob as penas da lei, em teu pulso, a vida bate.
E é essa clandestina esperança misturada ao sal do mar que me sustenta esta tarde debruçado à janela de meu quarto em Ipanema na América Latina.

"Quem costuma viajar sabe que sempre é necessário partir novamente um dia." Paulo Coelho

domingo, 11 de outubro de 2009

Declaração de amor...



Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera: outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta: outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente: outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem: outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte - será arte?


Ferreira Gullar

E O BAZAR DO BLOG SE PREPARA PARA O DIA DAS MÃES

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