Mas trabalhei! Vocês podem imaginar uma relação mais nada a ver? Nem eu.
Quem me apresentou à Princesa foi um amigo. Eu estava trabalhando fora de Paris numa espécie de condomínio, em Juvisy-sur-Orge, onde só tinha calçamento, quando não era somente terra e pedra. Bem como gostam os franceses. Naturel.
Cheguei na casa da Princesa depois de um dia de trabalho e, quando me apresentei, ela me olhou de cima abaixo e continuou olhando o tempo todo, olhos estatelados, como que pensando... "nunca na minha vida vi coisa parecida...acho que não vai ter jeito de ajeitar essa daí."
Eu trajava (ótimo, né) calça de listras coloridas do Nepal, botina Caterpillar, camisa xadrez enorme, jaqueta jeans, bem mais curta, por cima, mochila nas costas. Tá bom, né? Pra uma princesa, foi um pouco muito. Minha botina nos tapetes fôfos e meu traseiro nos sofás mais fôfos ainda.
Sangue de Jesus tem poder!
Mas não é que ela topou? E eu também! Duas loucas!
Saí de 91260 (CEP-interior) e fui direto pra um apartamento de 11 peças no 75008 (CEP-Paris). Para aqueles que não sabem, plena Av. des Champs-Élysées. Combina comigo? Claro que não! Deu certo? Não deu certo mesmo! No princípio, a gente só faltava sair no tapa. Muita diferença. Ela muito nobre e eu povo demais.
Mas, no dia que fui embora, muito tempo depois, o chororô foi grande das duas partes. Ela parecia uma pomba-gira, rodando ao meu redor. Não se conformava.
Desta minha aventura, tenho muito que contar. Continuo outra hora. Se meus amigos se lembram de casos com a Princesa, podem me clarear as idéias.
Porque foram muitos.