sexta-feira, 11 de maio de 2012

O começo das chuvas do verão

Toda vez que vejo árvore tombada, me espanta o quanto à flor da terra suas raízes se encontravam. Penso que uma árvore como esta teria metros de raízes grudadas nas profundezas da terra. Qual o que! São frágeis. 
Esta árvore caiu esta noite com o temporal que começou assim que anoiteceu e durou bastante tempo. Daquelas chuvas que vem com tudo depois de um dia de calor intenso, e dana a cair pedra, pedra, ventania, relâmpago e tudo que tem direito.
Só hoje pela manhã vi o estrago. E o melhor de tudo, foi o segurança do Hotel me contando em hindiano, explicação clara como água, como tudo aconteceu. Contou detalhes das pedras, do susto que levou  quando a árvore caiu, dos estrago nas plantações, e se bem compreendi, até tuc-tuc virou com o vento. Ele se entusiasmava me contando e cada vez mais prolongava a história, quando percebia que eu entendia tudo...
A linguagem do olhar, dos gestos, a entonação, faz a gente entender qualquer idioma. Não esquecendo da boa vontade, porque sem ela não entendemos nem o nosso próprio.







O peça rara do indiano segurança do Hotel

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Duas belezas, duas fortalezas. Árvore e mulher

No meio do nada, numa planície seca  dou de cara com essa árvore maravilhosa. Nem sabia por onde começar a fotografar. Era muita imponência na minha frente.

Parece que três árvores se juntaram formando esta fortaleza


Me lembrei daquele nosso cajueiro famoso...


Um emaranhado de nós e raízes de tirar o fôlego



E levei um susto quando vi através da câmera essa mulher. Surgiu não sei de onde




Continuei a fotografar e ela nem se deu conta

Sentou-se em uma raiz


E eu fui chegando mais perto, agora já com o consentimento dela...


Até chegar bem perto...

Pra admirar uma beleza totalmente natural e tranquila, debaixo de um sol de quase 40 graus

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Vamos construir um WC pra criançada?


Bodhgaya é uma região das mais pobres da Índia, e tudo que eu trouxe pra dar de presente pras crianças, já foi entregue e elas já estão usando. Muito fofas. Estudam na escola órfãos e outras crianças da região (bairro) e não tem nenhuma ajuda do governo. Meu amigo Anup é o responsável e conta com a ajuda de sua família, que não é rica, e de amigos e também "padrinhos" que as crianças estão começando a ganhar. São 86 crianças estudando em dois comodos feitos pelo Anup, e a próxima meta é fazer um WC, porque por enquanto ele conseguiu uma bomba d'água, que é prioridade devido ao calorão da região.
Os órfãos tem total ajuda. Médica, refeição, escola, roupas. As outras crianças moram com os pais e a frequencia é constante. Ninguem falta à aula. 
O que achei a coisa mais fofa do mundo, foi que dei muitos presentes num dia, e quando voltei pra dar o resto, vários devolveram o que não tinha servido. Troquei por outros e repassei os devolvidos.
O ser humano tem futuro. Só precisa de uma oportunidade.
Quem sabe você não quer ajudar ou consegue com seus amigos uma ajuda em dinheiro pra construir o WC?
Qualquer grana é muito bem vinda. Hoje, 1 dolar vale + ou - 48 a 50 rúpias. Cada dólar vai dar pra ajudar bastante.
Antes de ir embora, no dia 27-05-2012, vou fazer uma pequena doação em dinheiro. Se alguem tiver depositado na minha conta até lá, vai entrar junto e engrossar o donativo.

Se você quiser ajudar me mande um imeio , chezsalope@hotmail.com, que passo o numero da minha conta.
brigadim

PS.: pra quem não viu, fiz um post sobre as escola com muitas fotos. Tá aqui:

http://oquevivipelomundo.blogspot.in/2012/05/pra-minha-querida-amiga-adriana-e.html





segunda-feira, 7 de maio de 2012

E lá fui eu ao cinema! Filme bollywoodiano

Sempre tive curiosidade de ir ao cinema aqui, mas nunca deu tempo. Mais uma das vantagens de vir pra ficar o tempo que quiser.
Ontem fui ver um filme que não tenho idéia do nome , e não entendi uma palavra sequer. Mas, o enredo deu pra entender. 
Começo pelo filme. De ótima qualidade, bem dirigido, atores super bons, nenhum canastrão e minha surpresa maior. O som do filme e do cinema é ( ou são? ) de excelente qualidade. Se eu falasse esta língua, tenho certeza de que haveria de ter entendido tudo.
A platéia de adolescentes. O filme começou as 15:30h e foi até umas 18:30 horas. 300 rupias o ingresso. Indaguei se não era caro pra negada e o Anup disse que todo mundo tem uma graninha pra ir ao cinema. Trabalham e todos super arrumados. Muito mais rapazes do que moças é claro, mas elas também vão. Indo comprar o ingresso, perguntei pro Anup. Você tem certeza de que atrás dessa confusão tem um cinema? Ele só ri e responde:
- Claro que tem! 
Chegamos cedo e fomos a uma lanchonete beber alguma coisa pra esperar o tempo passar, no fresquinho do ar condicionado.
Tinham umas 20 mesas grandes. Umas 3 mulheres. Depois chegou uma família, que pelas roupas dá pra ver que são viajantes. Tipo calça Lewis. Já vi que roupa de marca aqui não é prioridade. Aliás a moda deles ainda tá nos anos 50, fora o sari que deve datar de sempre.
Cada hora descubro uma comida mais gostosa aqui. Nesta lanchonete, comi ma espécie de panqueca com um interior não identificado, uma delícia. Esqueci de tirar foto. Todos comiam com as mãos. Arroz, frango, caldo, o que for. Comem com as mãos. Ou colher. Fazem uma trouxinha de tudo e vão comendo. É tão natural, que não dá aflição. Nada de comer derrubando tudo. Uma habilidade danada.



Bilheteria



Aí fomos pro cinema. O prédio deve ser da década de 50, 60,  comparando com nossa arquitetura. Cinema daqueles grandes com porta de sanfona de ferro, com galeria e tudo. Lugar marcado. Tem lanterninha que leva a gente pro lugar.
Detalhe; o motorista do tuc-tuc que nos levou, sempre com um amigo, foi junto. Fiquei no meio dele e do Anup e o outro do lado. Difícil de ser atacada aqui...rs.
Já tinha começado e o filme e continuava entrando gente, e o lanterninha sem a menor cerimonia ilumina a cara da gente o tempo todo. Achei até que tava meio que tomando conta das mãos do povo...rs.
De repente, lá vem ele, com um cara com uma daquelas bandejas de baleiro, cheio de copos e entrega um pra cada pessoa. Me ofereceu e eu disse, não tenkis, sei lá o que é isso? No claro já é difícil de aceitar, no escuro então! Fazia parte do kit-ingresso.
Era Coca-Cola, que aqui tem esse nome mas não é a Coca conhecida no mundo. É uma coisa deles. Vou me informar sobre isso.
Com 1 hora e meia de filme ascende a luz. Quinze minutos pro povo dar uma esticada.
E depois, mais uma hora e meia de filme. Pensei que não fosse aguentar, por não entender a língua mas até que foi divertido. O ator principal era muito bom, e tinha hora que parecia que eu entendia o que ele dizia...rs. Coisa de quem já foi viciada em cinema. Antecipa as falas.
A maior aventura mesmo, foi a ida e a volta de tuc-tuc. Uma coisa posso garantir: o motorista indiano é o melhor que já conheci, o mais hábil, com melhor reflexo. Enfim, quando vier aqui nem esquente a cabeça. No final dá tudo certo.
E duvido que algum brasileiro consiga dirigir aqui, de primeira, sem bater 5 minutos depois.

Detalhe fashion do nosso piloto e co-piloto

Nada melhor do que rir. Aliás, numa situação assim não tem outra saída...rs

Chegando ao hotel, agradeci a ele e perguntei se ele sabia quem era Indiana Jones. Queria fazer uma gracinha, comparando as duas aventuras. 
Nunca tinha ouvido falar. Nem o Anup.

Subindo a montanha e seguindo os passos de Buddha

Este foi o caminho percorrido hoje. Subir a montanha onde Sidharta passou segundo aprendi aqui, 6 anos meditando. Fica há uns 30 km de Gaya.  Passamos por aldeias muito pobres de agricultores e criadores de vaca. Tudo junto e misturado. Casa, vacas, curral, crianças, adultos.


Estas trouxas vejo por toda parte. É tanta pergunta que nem dá tempo de fazer todas. Vou descobrir o que tem aí dentro .

Deu pra perceber que o pessoal folga no sábado. Vi muita criança brincando, moças batendo papo nas portas das casas e meninos jogando cricket, o futebol daqui
.
E tinha um bezerro no meio do caminho.... O motorista buzinou, buzinou, e como ele acabou de chegar ao mundo não conhece ainda os hábitos do homem. Nem se mexeu. Nem ele nem a mãe. O Anup, calmamente como quem abre uma porteira, puxou ele pelo cangote e tirou do caminho. Pena que não deu pra pegar direito na foto. Eles são tão imprevisíveis que não dá tempo de captar tudo.

Povo arrumando o telhado na folga do sábado

No meio de tanta sujeira e falta de conforto, não sei como as moças conseguem manter os saris sempre arrumados. Nunca vi um imundo. Às vezes sujo na barra, impossível também não sujar; elas são muito vaidosas

Chegando no pé da montanha olhe a surpresa. Estes dois fizeram de tudo pra eu me sentar nessa coisa. Falei que eles não me aguentavam e eles riram dizendo:
- Somos fortes, aguentamos sim.
E eu só pensava:
- Como posso me sentar nessa espécie de liteira, quiném uma sinhazinha do tempo do império, sem me constranger. Não adiantou. Foram me seguindo morro acima e só desistiram, quando sentiram que o morro era pouco pra mim. Deve ter gente que pede arrego e senta no meio do caminho. Não foi fácil, a subida é íngreme e  longa. Mas fui devagar, fotografando,  suando e dei conta.


Olhando assim nem parece que ela é longa e difícil de subir.

E a garotada sobe e desce o dia todo pedindo dinheiro

Essa tampinha aí me ganhou na simpatia e na perceverança. Quando viu que não ia arrancar grana fácil de mim, começou a me empurrar pra ajudar na subida. E acredite se quiser, ele tem uma força do cão. Só não encostei, porque se não fui de liteira não ia ser de uma criança, que iria aproveitar. Dei uma grana pra ele, e quando suas irmãs viram, vieram correndo me pedir. Sacaneei ele e disse que era pra ele distribuir o dinheiro com elas. Tadinho...correu quiném um raio delas. Dei pra elas um tico. Não fizeram nada, mas só de estar naquele calorão naquele fim de mundo, já merecem muito mais.

Amo estas bandeirinhas penduradas ao vento. Elas se desfazem com o tempo e junto com elas vão nossos pedidos e sonhos pra serem realizados.

A montanha de pedra tem uma gruta, e dentro da gruta, ao lado da estátua de Budha, estão seus guardiões. Eles estiveram presentes, velando pelo grande Sidharta, durante todo o tempo da sua meditação.

Tudo muito simples, sem nenhuma ostentação ou mostra de poder, como era o próprio Sidharta. Ascendi uma vela e pedi por todos nós. E não fiquei mais tempo lá dentro, porque pensei que fosse desmaiar de tanto calor e abafamento. E tem pessoas velando e meditando o tempo todo ao lado do seu mestre. Só ele sabe  como eles aguentam.

Na volta o que me chamou mais a atenção foram os tuc-tucs. Era saída ou entrada da escola, e eles ficam abarrotados de crianças e adolescentes. Juro que alguns tinham umas 15 crianças. Como não cabem lá dentro, as mochilas vão penduradas do lado de fora. Só aqui na Índia mesmo! Tem tuc-tuc que parece ter um colar de mochilas ao redor. Um barato!

Não sei como eles não caem. Quer dizer, deve de vez em quando cair um. Vão quase soltos





E LÁ VAI O DIMDIM!

E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...