Nada como passar por um problema pra entender a situação de quem tá nele ou já passou por ele...nada como ter que correr atrás de informações sobre uma doença rara, que se abateu sobre a nossa família, pra descobrir que muitos estão na mesma situação que você, naquele momento da vida. Nada como ir a um casamento pra se lembrar que muitos estão passando pelo mesmo sonho naquele dia; de começar uma nova vida e cheios de esperança. Nada como ter uma pessoa querida desaparecida pra saber a angústia de quem tá passando por aquilo...Nada como ir a um enterro, pra se lembrar que muitos outros estão sofrendo o mesmo que você naquele momento.
E o mais triste é que me lembro sempre, em situações assim, de uma amiga querida, enfermeira por devoção, que dizia:
- O paciente, depois de uma semana, começa a incomodar a vida de todo mundo.
E é verdade!
A gente fica doida quando acontece algum problema com os amigos, próximos, família. Nos primeiros dias vira uma avalanche de ajuda, de solidariedade, de "se precisarem de alguma coisa, eu tô aqui", "por favor contem comigo pro que der e vier".
E isso tudo vai minguando com o passar dos dias, não porque não queremos bem a quem tá precisando, mas porque cada um tem sua vida, suas dificuldades, seu tempo todo tomado por afazeres, filhos, trabalho, casa, cansaço. E acaba deixando aquela ajuda partir pro limbo.
E quem fica segurando a onda? Os mais próximos, a mulher, o marido, ou o filho ou um amigo mais disponível.
Mas também esta pessoa, chega um momento, que se sente só, meio que abandonada, sem forças, porque ela também tem sua vida, mas não pode deixar a vida de quem precisa jogada à própria sorte.
E continua lutando como pode.
Esta lorota toda é pra dizer que, no meu caso, com meu problema atual, tá acontecendo o inevitável.
Pouco a pouco as pessoas vão retomando suas vidas seus próprios problemas e "se esquecem" (ainda bem!) do meu problema. Por que ainda bem? Porque se a gente fica com tudo acumulado na cabeça, todos os problemas de todos, pira o cabeção. É coisa demais, boa e ruim, acontecendo. Infelizmente as ruins pesam triplicado na balança.
Então, como no meu caso, me bate um constrangimento. Fico constrangida de continuar a pedir ajuda. De continuar a pedir que, por favor, assinem a petição, peçam seus amigos pra assinar, é importante!
Continue a me ajudar com doações na escola, a vida lá continua, as crianças continuam comendo todos os dias, gastando caderno, lápis, os professores continuam precisando de receber seus salários.
A vida continua.
Fico constrangida de ficar enchendo o saco de todos.
E eu falo isso tudo sem o menor sentimento de tristeza ou de raiva.
Pelo amor de Deus!
Não!
Senti e tô escrevendo como sempre fiz aqui no blog.
Talvez seja uma forma de conseguir mais força pra continuar. E vou continuar até ver o Anup e o irmão saindo pela porta da frente daquela prisão. E vou continuar até ver a água jorrando nas torneiras da escola, ver as crianças usando o computador como se fosse a coisa mais natural do mundo, como é pra várias crianças que já nascem com a máquina na mesinha do quarto. Até ver as crianças comendo pelo menos duas refeições por dia e comemorar, como estamos comemorando neste mês de outubro, 1 ano de merenda todas as manhãs, sem falhar nem um só dia! Até ver o galinheiro pronto e nossas crianças comendo carne pelo menos 1 vez por semana. E ovos. Muitos ovos! Até ver a vaquinha dando o leite que precisamos pro chá da manhã. Até ver a escola andando com as próprias pernas e não precisando mais de pedir ajuda financeira.
Agora me lembrei de outra querida amiga que diz:
- Gemer é muito bom, o gemido é uma forma de expulsar a dor, de fazer o sofrimento ficar mais brando. Um forma de sentir alívio!
Este desabafo é um gemido.
Um grande gemido!
There is nothing like living a problem to understand the situation a person is in or has already gone through…
There is nothing like running after information about a rare disease our family has to cope with, to find out that so many others are going through the same you are going through in this very moment!
There is nothing like going to a wedding to remind us that so many others are going through the same dream that day; to initiate a new life full of hope.
There is nothing like having a loved one missing to know what the person living such situation is going through...
There is nothing like going to a funeral to be reminded that so many others feel the same way you are feeling right then.
The saddest is still that I remember a dear friend, a nurse by devotion, who used to say:
- The patient, after one week, starts to bother everyone else’s life.
And isn’t that so true?!
We get mad when a problem happens to friends, family, those close to us. During the first days, there is an avalanche of help, solidarity, of “if you need something, you know where/who to turn to”, “please, know that you can always count on me, no matter what”.
And, all of that starts to mingle as days go by. This is not because we do not care or love those who need us, but because we all have our own lives, our own hardships. Our time is busy with our own affairs, children, work, house, weariness/fatigue. And the help we offered... goes to a limbo!
And who are the ones to really cope with what is going on? The closer ones: the wife, husband, a child or a friend, who has more time available.
But, even that person, who is helping, gets to a point where he/she feels lonely, abandoned, forsaken, without strength. For that person does also have a life of her/his own. But is not willing to or able to leave the one in need to his/her own luck! And so, you go on fighting as you are able to.
This whole introduction is just to tell you that that is exactly what is happening to me right now. The current problem is going to the inevitable.
Little by little, people go back to their own problems and “forget” (thank God!) my problem. Why Thank God?Because if everything keeps in our brains, everyone’s problems, our brains will go nuts! It is too much! Good or bad things happening. Unfortunately, the bad things triple their weight on the scale!
So, in my case, it borders constraint! I am constraint in keep asking for help! In asking you to PLEASE keep on signing the petition, to keep on asking your friends to sign, as well. It is IMPORTANT!
Keep on helping me with donations for the school. Life goes on there as well. The kids need to eat every day, they need to continue to use the notebooks, pencils, color pencils; the teachers keep on needing their salary.
Life goes on.
And I am embarassed in asking you again and again for your help.
And I say that without any feeling of sadness or anger.
God no!
No!
Those are my feelings and I am writing here at the blog, as I always did.
Maybe, this is the way I found to look for strength, to go on fighting. And I will continue to do so, until I see Anup and his brother leaving the prison through its front door.
And I will keep on until I see the water coming out of faucets in the school; when I see the children using the computer as if it were the most common thing in the world (as it is for those children who wake up in the morning seeing the machine next to their bed on the table).
Until I see the children eating, at least, two meals a day and celebrating, as we are celebrating this month of October, one year in which a small school snack has been distributed to the children, every morning, without missing one only day!
Until I see the poultry yard being ready and our kids having meat, at least, once a week! And eggs. Many eggs!
Until I see the small cow giving us the milk we need for the morning tea. Until I see the school walking on its own and not needing to ask for financial support anymore!
I just remembered other words of a good friend, who says:
- Whining is very good. Groaning is a ways to cast out pain, to make suffering become milder/softer. A ways to feel relief!
This outburst of mine is a moan.
A huge moan!
Nossa escola continua funcionando normalmente e com os gastos do dia-a-dia.
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