Quem acompanha o blog tá acostumado, mas você que chegou agora vai dizer:
- Claro que isso é invenção! Imaginação muito fértil.
Nada disso. Verdadinha da silva.
Quando trabalhamos no Iraque, assim que entrávamos no país nosso passaporte era confiscado. Chegando ao acampamento entregávamos ao depto pessoal e ele passava pro Serviço de Imigração do país. Lá eles faziam sei lá o que com ele durante um longo tempo e depois nos devolviam.
Uma vez, antes que ele fosse devolvido pra mim precisei do passaporte pra viajar. Era urgente o assunto, então fui eu mesma ao Serviço de Imigração em Bagdad pra recuperar o danado.
Lá, como aqui, o serviço público era muito moroso. Aquele povão enrro, quer dizer, trabalhando, e uma demora do cão pra conseguir qualquer coisa.
Cheguei até a sala que me foi indicada, passei os dados que me pediram e uma moça começou a procurar. Abriu uma gaveta daquelas de correr, onde os passaportes deveriam estar em ordem alfabética, e foi até o fim da minha letra, voltou no começo, começou de A a Z, de novo de trás pra frente, recomeçou do meio, do meio pra frente, de frente pra trás, e nada. Procurou em outras gavetas, pastas, pilhas e nada.
Eu já com medo dela desistir e me mandar voltar depois, coisa que seria impossível fazer, porque já ia viajar no dia seguinte, comecei a procurar junto com ela. Tinha a vantagem da capa verde, então todo montinho que eu via, qualquer coisa verde eu mostrava e ela procurava, e nada!
Já quase no desespero, não sei como nem porque , olhei pro pé da cadeira onde a moça se sentava, e vi quatro passaportes empilhados, calçando pra cadeira não mancar. Dois eram de capa azul, um vermelha e o outro era verde.
Viajei tranquila no dia seguinte.