segunda-feira, 21 de maio de 2012

Pelos caminhos do Tibete - Airton Ortiz


Terminei de ler aqui em Gaya o livro do Airton Ortiz, Pelos Caminhos do Tibete ( li os quatro livros que trouxe-danou-se! ou aprendo hindu em dois dias ou, ou....nada!) e recomendo pra quem se interessa por essa região. 
Separei pra você três trechos. Me fizeram rir e pensar.
O Aírton viajou pro Tibet com mais quatro pessoas, entre elas um casal de alemães, cuja mulher tinha interesse pela cultura do povo mas sentia nojo de tudo. Muito engraçado.

1
“Ao meio-dia fomos almoçar. Comi arroz com carne de iaque seca ao sol e depois frita com cebola, uma maravilha.
-Volker, se você quer ir ao banheiro, esta é a melhor hora – segredei-lhe, falando de forma que Corinna ouvisse.
- Por que¿ - ele perguntou.
- Porque esta é a única hora do dia em que, aqui no Tibete, não existe nenhuma mosca no toalete.
- E onde elas estão¿ - perguntou Corinna, entusiasmada, já levantando pra ir ao banheiro.
- Estão todas concentradas na cozinha, junto às panelas.
 Ortiz, que nojo! – ela disse, furiosa, jogando-se de volta na cadeira."


2
“- No Ocidente, a evolução da medicina se deu, em grande parte, graças à dissecação de cadáveres. Já na China, um imperador, em determinada época, proibiu o corte de cadáveres. Assim, a medicina oriental precisou evoluir a partir da observação exterior do corpo humano. E fez isso examinando as reações mais sutis das pessoas, como os seus pontos energéticos, coisas assim. Criaram-se, por exemplo, a acupuntura e outras formas de tratamento que procuravam levar em consideração aspectos que um médico brasileiro chamaria de charlatanismo
- Você considera então a medicina tibetana superior à medicina ocidental¿
- Não. Considero a medicina ocidental mais evoluída, especialmente com relação às intervenções cirúrgicas. Mas acho também  uma grande burrice não levar em consideração todas as descobertas feitas pela medicina tibetana ao longo dos séculos, especialmente no campo preventivo, tão importante  em países pobres como o Brasil.”


3
"- Você sabe que um monge  foi expulso de um mosteiro aqui perto por não se adaptar às condições espartanas da Ordem¿ - comentei, deixando a interrogação no ar e fazendo uma pausa estratégica na entonação da voz para esperar a pergunta  do curioso Volker.- Por que? - perguntou Volker - Bem – contei, ele fez votos de silêncio. Com isso, podia falar apenas duas palavras a cada dez anos, ocasião em que todo o mosteiro se reunia para ouvi-lo. No final do primeiro decênio,  saiu de sua cela e foi direto à presença do lama, e disse: “Cama dura!” Passaram-se outros dez anos. Mais uma vez na presença do lama, ele disse: “Comida ruim.” Os lamas se reuniram e resolveram expulsá-lo da ordem.
- Mas por que¿ - perguntou Corinna indignada.
- Porque, segundo os lamas, o cara só abria a boca para reclamar."


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