Ontem foi aniversário de dois rapazes que fiquei conhecendo aqui e que estão colados em mim desde que cheguei.
Me convidaram pra comer um bolo com eles no restaurante do hotel às 5 horas da tarde. OK.
E tão ficando cada dia mais soltinhos.
- Tem que trazer presente!
- Tá bom!
E lá fui eu comer o bolo. Com receio é claro!
Tinham três indianos, um paquistanês um japonês e eu. Torre de Babel.
E o bolo no meio da mesa. Daqueles bolos das nossas padarias. Pronto, só esperando o nome da vítima pra ser adicionado.
Cantamos parabéns pros dois, abraços de Feliz Aniversário e vamos ao bolo.
Um dos aniversariantes cortou o bolo, ou melhor, picotou ele. Me serviram em um prato de sobremesa uma colher com uma porção, o mesmo pro japonês e o resto do bolo foi devorado por eles de colheradas direto no produto. É muito engraçado. Muita diferença. De repente um deles vem com uma colher de bolo a mais pra clocar no meu prato.
- Não, obrigada.
Não tava ruim, mas era manteiga pura a cobertura. Ui!
Me esqueci de dizer que enquanto um picotava o bolo, o outro enchia os copos dos convidados com cerveja. Como aqui é proibido vender bebida alcoólica na grande maioria dos lugares, eles tavam na maior animação em ter conseguido não sei onde a cerveja. Me cheirou a qualquer ato na moita.
Não bebo nada muito menos cerveja, que acho muito ruim. Provei pra ver se era parecida com o gosto que conheço. Muito pior. Era bem doce. E bem gelada. E quem servia fazia com todo cuidado pra não dar espuma nenhuma. Enchia o copo até a tampa.
E bebiam felizes parecendo que estavam no céu. Só o Anup e eu não bebemos.
Devorado o bolo, veio a surpresa. E eu ainda me surpreendo!
O garçom trazendo a parte salgada. Uma salada e castanhas.
E caíram de bunda nos dois. Eu disse que na minha terra é diferente. O bolo é servido no final da festa.
- Por que os salgados agora?
- Porque agora vamos beber e cerveja bebe comendo salgado.
- Jura? Que legal.
E depois veio frango, pão, molho de sei lá o que, eu já tava com fome, pedi uma sopa de legumes, e enquanto esperava minha sopa e eles falando sem parar uns com os outros e ao mesmo tempo ao telefone, pra me distrair fui fotografando o que tinha na mesa.
Falei pro Anup que amanhã queria sair pelos arredores da cidade, passear. Ele disse.
- Não vai ser possível, amanhã tem eleição e não pode andar de carro, nem moto, nem nada.
- Eleições?
- É
Duro não entender uma língua! Também nada em absoluto indicava que ia rolar eleição amanhã.
Então tá bom, vou ver o povo votar.
Parecia aniversário de criança. Uma alegria só.
Salada depois do bolo.Então tá!
Tanto a cerveja como o cigarro vem com os mesmos avisos dos nossos.
Fala sério! Você ficou com vontade de beber isso aí?
Pelo menos nesta cidade onde me encontro, o indiano fuma muito pouco. E nunca dentro de lugar algum.