segunda-feira, 4 de junho de 2012

No trem indo de Patna pra Calcutá

 E na lista de computador do moço que confere os bilhetes tem até a idade da gente. E pra piorar a Eliana disse:
- A sua e a minha idade estão com um ano a mais...rs

 Mesa de trabalho e comilança. Eu tava quiném meu irmão na praia. Antes do vendedor anunciar o seu produto eu já levantava o braço e dizia:
- Quero.
Fiquei com medo de ficar arrotando choco depois de tanta mistureba, mas o estomago nem tium! Até agora.Melhor esperar mais um pouco.

 Esse biscoito Globo aí, eu passei

 Tô ficando craque em fazer foto desfocada e adorar o resultado..hehehe...

 Alguem aí segura o olhar deste moço? Eu não.E ele ainda me agradeceu por ter feito a foto.
Vi este olhar em Auschwist

 Este garoto estava em outro trem. Numa parada ele pulou pro nosso. Deve estar agora lá em Goa

 Aí a Eliana falou:
- Tá vindo alguem lá atrás se enfiando em baixo das cadeiras e varrendo. Eu não tinha sossego com a câmera. Era esta figura não identificada. Varreu, varreu, deixou o vagão limpo, ele mesmo continuou imundo e voltou pedindo sua grana. Todo mundo deu. O melhor era a chuquinha no topete. Vai entender porque!


 Eu já tô preta quiném carvão, imagine o que não sofre este albino! Só hoje eu vi dois.

 
 Irmã fazendo a irmã ficar mais bonita ainda pra se encontrar com a mãe que está doente e mora em Calcutá. Veio a família toda. E muito mais fiquei sabendo com ela falando pra mim em hindi.
Tô ficando o cão pra deduzir.

Depois foi a vez dela retocar as unhas. E mais maquiagem completa chegando em Calcutá.

 Esta aí cantava no maior, seguindo a música . Uma fofa.

Pouco antes de chegar ela apagou. Eles sempre apagam nesta hora.

 E em todas as estações  multidões de pessoas. Em Calcutá, metade do bilhão tava lá.

 Varrer entre os trilhos com vassoura sem cabo. Dá procê ou aperta? Temperatura?
46º

Amei a experiência. Trem confortável, pontualidade britânica, pessoas educadas, banheiro inacreditavelmente limpo até o final da viagem, pessoas alegres, comilança, crianças brincando sem encher o saco, ninguem com cara que tava incomodado. Da próxima vez onde puder ir de trem, tô indo. E ele buzina quiném os carros. Quase o tempo todo.
Muito bom!

sábado, 2 de junho de 2012

My guest is my God

Eu sempre amei os óleos indianos.Usei somente patchouli por muitos anos da minha vida e ele ainda faz parte dos perfumes que uso.
Então fomos conhecer uma perfumaria completamente artesanal em Varanasi.
Esta fofura que tá aí enchendo os frascos que comprei, fez questão de me mostrar absolutamente todos os cheiros da casa. Ele mesmo sai viajando pelo país em épocas diferentes do ano pra colher as flores de diversas regiões da Índia. Trás tudo pra casa dele e lá mesmo começa o processo de fabricação das essências.
Só dá vontade de comprar quase todas. Não gostei de pouquíssimas.

Os frascos são lindos!

Enquanto ele ia enchendo os frascos que comprei eu só ia perguntando e ele de uma educação e uma  finesse de dar gosto, me respondendo com o maior carinho. Trabalha sozinho e faz perfumes há mais de 40 anos.

Enchia o vidrinho até na boca e limpava o que escorria com este lenço em volta do seu pescoço.

Quando morei na França, aprendi com uma grande amiga francesa a passar mais de um perfume de uma só vez. Ela dizia que misturar cheiros faz a gente conseguir um cheiro próprio. E é verdade. 
Então fui observando o senhorzinho e vendo o lenço todo manchado de perfume, pensei no tanto que ele devia cheirar bem.
Aí, brincando falei pra ele:
- Junto com meus perfumes eu quero este lenço, porque ele deve ter o cheiro melhor do mundo!
Ele na maior naturalidade tirou o lenço do pescoço e colocou em mim dizendo:
- My guest is my God. Meu convidado é meu Deus.
Eu não sabia se me escondia debaixo da mesa de falta de graça ou se agradecia. Fiz o que pra mim é o mais normal. Agarrei ele e dei muitos muitos beijos em sua bochecha.
Ele ficou impávido colosso. Aqui não se beija assim. Muito menos uma mulher estranha e em público. Mas a carinha dele foi de feliz.
Então ele falou, que este tipo de écharpe é de algodão puro e foi feita da mesma forma que Gandhi fazia a roupa dele. Algodão fiado na roca e em tear de madeira tudo manualmente.
Já saí da loja com minha écharpe super macia e mais cheirosa impossível.

Pensa que tô inventando?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Por do sol no rio Ganga, (Ganges) em Varanasi

Esta homenagem, esta reverência, esta oferenda, é feita todo santo dia do ano. Não é pra turista ver. Aliás, vi poucos turistas. Também, com 47º na moleira fica difícil atrair povo que não suporta calor.

E por onde a gente passa no caminho do rio, vamos vendo as oferendas já prontinhas pra serem colocadas nas águas e nas estátuas dos deuses.

Amei esta passagem. Daí já se vê a escadaria pra chegar às margens do rio

Primeiro fomos ver o por do sol. esta foi minha primeira visão do grande rio aqui em Varanasi. O primeiro impacto diante das construções e dos ghats (crematório) ao longo dele.
.
Chegamos cedo e ainda estava tranquilo...as pessoas vão chegando devagarinho 

E banhistas se misturam com pessoas meditando, que se misturam com pessoas curiosas, que se misturam com famílias assistindo a cremação de seus entes queridos, que se....

São cremados em média 350 corpos por dia em Varanasi. Demora de 5 a 6 horas pro corpo desaparecer por completo. Depois as cinzas são recolhidas e jogadas no rio como oferenda pros deuses.

A pole position pra assistir a homenagem, é de um barco às margens do rio. Este foi o nosso simpático barqueiro. Conhece o rio e o seu barco como a palma da mão. Uma agilidade e destreza de dar alegria de ver. Tem 18 anos e trabalha de 5 horas da manhã às 9 horas da noite 7 dias por semana. Ganha 6.000 rúpias por mês, fora as gorjetas. 
Um astral de dar inveja! 

Corpo sendo cremado. Mulheres grávidas, leprosos, pessoas mordidas por cobra e crianças não são cremados. Não precisam de purificação. Seus corpos são enrolados em tecidos, amarrados a pesos e jogados no rio.
Onde está sendo cremado o corpo só a família pode ficar perto. 

Esta luz aí nem chega aos pés da que vi aqui!

Barco de indianos chegando do outro lado do rio, onde tem uma prainha.
Vimos o sol se por daqui e depois voltamos pro barco pra ir pra mais perto da margem de lá e assistir a homenagem. De dentro do barco.

Mais um momento de sorte...ficou bonita essa foto.

Esta também

E eu fui seguindo o sol


E ela remava pra lá e pra cá como se tivesse andando de bicicleta. Vendia oferendas pras pessoas colocarem nas águas. Você dá o que quiser. Não tem preço.

Super simpática a menina. Tinham outras fazendo o mesmo trabalho.


E a minha oferenda ficou indo pra margem. Me esqueci de perguntar se é bom ou qual direção ela deveria ter seguir. Pergunto da próxima vez quando vier aqui com a Birosca.


Olha o povão. Fica lotado e todo mundo sabe cantar todos os mantras responder a todas as rezas

A minha possante câmera não captou legal a luz das velas. São candelabros imensos com trezentas velas cada, que eles giram enquanto entoam os cantos. Uma maravilha!

Estas parecem que estavam vindo como eu pela primeira vez! Encantadas.

E a minha estrela favorita apareceu pra engrandecer mais ainda a festa. Numa noite de lua cheia deve ser uma boa ocasião pra cortar os pulsos. Emoção demais!


Dedico este post a minha querida e amada darling sombrinha Bia, Birosca, Beatriz. Titia te ama muito. Feliz aniversário e que a cada dia mais e mais, o mundo te receba de braços abertos.

Nascer do sol no Ganga (Ganges), em Varanasi

O nascer do sol no rio Ganga (Ganges pra nós) é muito lindo. Aliás em qualquer água o sol nasce lindo e poderoso. Aqui, com toda a força e energia da crença deste povo a coisa fica ainda mais intensa.
Pela manhã é hora da purificação, de lavar o corpo, a roupa, os cabelos, a alma, se limpar e pedir proteção pro dia que tá começando.

 Saímos às 4 e meia da manhã do hotel e uns 20 minutos depois já demos com esse povão todo dentro d'água, cantando, rindo, sério, meditando, concentrado, lavando roupa, lavando o corpo, os cabelos, as entranhas.

 Parecia que a turma do por do sol do dia anterior não tinha ido pra casa

 A única sujeira que vi nas águas do Ganga aqui em Varanasi, foram as pétalas de flores jogaram na noite anterior na festa de oferendas


 Muita criança brincando, nadando, aprendendo a cultivar a sua fé

 As pedras já ficam lá esperando a surra que vão levar dos tecidos

 E ele vai subindo poderoso, imponente e grandioso como ele só


 De vez em quando dava um tempinho se escondendo atrás das nuvens

 Pra lá em cima de novo, reaparecer mostrando ao que veio

 Parece cena do nosso São Francisco


 Tudo é imponente, antigo, velho, velhíssimo e belo. Belíssimo!

 Ê lá em casa...alguem como eu, que tem o privilégio de presenciar uma cena como esta,  pode fazer qualquer tipo de reclamação da vida?

Olhe o sorriso das garotas...daí pra frente é só tocar o dia, que ele virá lindo e gratificante. Como foi o meu hoje...só hoje, aconteceram coisas que posso passar uma semana escrevendo sobre. 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Sem querer ficar com a bunda exposta na janela...

Tem condição de ficar relax num movimento desse?

Estamos nós vindo de Nalanda, três horas de estrada e eu querendo fazer xixi. Isso aqui na Índia não é problema pra ninguem. Homens e mulheres fazem em público sem o menor constrangimento. Restaurante, parada, posto de gasolina com banheiro? Esquece. Não existe.
O Anup pede o motorista pra parar. 
- Por que?
- Toilete.
Eu:
- Oba, onde?
- No acostamento, no mato, onde você quiser. 
Eu sei disso. Já fiz muito xixi na beira da estrada mas sempre com uma cobertura. Só que onde ele parou era uma planície. Não tinha como eu despistar .
Sai do carro e a vontade aumentou, dei uma caminhada e começaram  a parar os tuc-tucs e até caminhão, então voltei.
- Fez?
- Claro que não. Não consigo.
Toca o bonde. 
Mais pra frente a coisa foi ficando preta então pedi pra parar de novo. Desta vez tinha um morrinho sem vergonha. Melhor que nada.
Tentei me esconder atrás dele e começou de novo. Os motoristas param pra ver sem o menor constrangimento.
Me vendo voltar pro carro escuto o Anup perguntando:
- Ok?
- Ok nada, olha o tanto de gente parada lá na frente esperando eu colocar a bunda de fora. Como se a minha fosse diferente!
Senti que ele já tava perdendo a paciência quando gritou de longe:
- Ô Ieda, você tá na Índia!
- Eu sei, mas ninguém pára pra ver indiana agachada!
Entreguei pra Deus e fiz ali mesmo.
Ainda bem que a platéia não aplaudiu nem pediu bis.

5° vídeo #mesaposta

https://youtu.be/uE2S4Lcap8I?feature=shared   Espero que você goste!