quinta-feira, 26 de novembro de 2009

E minha amiga vem ao Brasil pela primeira vez ...


Já tinha um tempo que eu tava na França e fui a Bordeaux me despedir de um amigo, porque ia voltar pro Brasil daí a dois dias.

De lá, liguei pra minha amiga que morava em Cannes pra dar os parabéns. Aniversário dela.

Ela atendeu toda contente e, papeando, perguntei se alguém tinha ligado, passado, se ganhou algum presente, bolo de aniversário, e ela disse que não, só seu filho que tinha passado lá por alguns minutos. Conversei mais um pouco e desliguei o telefone com a moral no chão.

Fiquei parada, meio sem ação, então meu amigo perguntou: "Algum problema?"
Eu disse: "não, problema não, mas não consigo me acostumar com essa diferença de cultura, de costumes. Ela tem neto, bisnetos, filhos, como pode ser normal ninguém ligar e deixar ela passar o aniversário sozinha tricotando, como se tivesse ainda muitos anos de vida pela frente..."

Não consigo me imaginar na idade dela, sozinha, sem nem um filho de amiga ou sobrinha que venha me dar um beijo no dia do meu aniversário.

Meu amigo, muito gozador, falou pra mim como na piada: "Tá com pena? Leva ela pra você! "
Nunca ele foi tão perfeito.

Na mesma hora, peguei o telefone e liguei pra ela de novo, perguntando: "Você teria coragem de ir pro Brasil comigo?"
Sem pestanejar, ela disse: "Com você eu vou pra qualquer lugar do mundo". Até hoje fico emocionada quando me lembro dessa frase.

Desliguei o telefone e, já na sequência, liguei pra filha dela perguntando o que ela achava da idéia. Adorou a idéia e disse que ia providenciar tudo: seguro saúde, passagens, ver se o passaporte tava em dia ... e, como eu já tava indo, ela iria sozinha daí a alguns dias. Tudo bem !

Em dez dias eu tava no aeroporto em Belo Horizonte, ansiosa esperando por ela.

Chegando aqui em casa, nos sentamos na cozinha pra tomar um chá e ela, vendo um adesivo pregado na minha geladeira, perguntou o que tava escrito e eu disse: "Quando é que você vai fazer uma loucura?"

No que ela falou, sem vacilar: "Já fiz. Tô aqui no Brasil".
Este foi só o primeiro dia... Contarei os causus da temporada dela, que durou dois meses e meio.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Eita mundo pequeno, meu Deus! Eu na China...


E estávamos eu e minha amiga em Pequim. Apesar das dificuldades com a língua e pra circular, fizemos tudo que queríamos.

Saímos um dia pra ir à Casa da Amizade, que era uma espécie de loja do governo com artesanato em geral , não sei se ainda existe hoje, mas, quando fomos lá, a coisa era tão feia que existiam duas moedas: uma pro povo outra pra turista.

Minha amiga adorava uma foto. Eu sou mais desligada. E lascava eu a tirar foto dela o tempo todo. Ao lado disso, em cima daquilo, abraçada com o poste, atrás sei lá de onde. E brincava com ela dizendo que ela era muito cafona, com essa mania de foto o tempo todo. Brincadeira mesmo porque não tô nem aí, quer tirar, tira, ou melhor, eu tiro.

Estamos nós em frente à Casa da Amizade e ela me pede pra bater uma foto. Lá vou eu. Enquanto ela fazia a pose, falei: "Eita cafonice meu Deus, essa mania de foto!" No mesmo instante, ouvi atrás de mim: "acho cafona, não!"

Me virei e eram dois brasileiros. Até aí nada demais, mesmo sendo na China, há tantos anos.
Começamos a conversar e eles disseram que estavam fazendo um trabalho, pra não me lembro quem, trabalhavam no Porto de Tubarão no Espírito Santo.

Pra quem não leu ainda posts mais antigos, aviso que estava de férias, e trabalhava nesta época no Iraque.
Ok.

Minha amiga diz: " vocês são capixabas? Eu também. Que coincidência!" Ainda não foi a maior. Vejam só !
E continuou ela: "tenho uma irmã que trabalha no porto." E eles: "mesmo? Como ela se chama?" Apesar de ter trocentos mil funcionários, esta pergunta é inevitável, né?

Parenteses (adoro um).
Já encontrei, não só uma vez mas várias, pelo mundo, gente que me diz: "você é brasileira? Tenho um tio que mora em São Paulo. Fulano, quem sabe você não conhece?" Quando tô num dia ótimo, arrasto a conversa. "Fulano? Como ele é? Parece que já ouvi este nome..." hhheeeee.....

Voltando ao papo...
"Ela se chama X." "Mentira! Não acredito!!! Você que é a Fulana, irmã da X? Olha, quando falei que tava vindo pra cá, sua irmã, que é minha amiga, me disse que você também viria de férias, mas nem falou mais nada, porque vir pra esse planeta China, seria muito achar que a gente poderia se encontrar."

O que eu acho mais doido é a gente estar no mesmo lugar, naquela hora, parados a uma distância que um podia ouvir o outro, e eu ter falado no momento da foto, porque se tivesse ficado calada, jamais eles saberiam que a gente era da mesma terra.

Depois conto a odisséia que foi pegar um táxi, neste dia, pra voltar pro Hotel. Com direito a não acreditarem, claro!

Trio que deu certo

Ficou muito boa a combinação Chico, Elza e o cartunista Angeli. Pra quem ainda não viu, vale a pena ver.

Façamos? Vamos amar.

Se preferir, vá direto : http://tvuol.uol.com.br/musica/clipes/2005/04/28/ult2562u108.jhtm



terça-feira, 24 de novembro de 2009

Millôr ensinando a deixar de ser...bobo.


" Quando você comete uma besteira e se sente um perfeito idiota, está começando a deixar de sê-lo."

Doar é muito bom : de roupa a sangue, de sangue à medula.
















Minha amiga fazia crochê o dia todo. Todo mesmo. E era engraçado porque era sempre o mesmo modelo. Uma espécie de casaquinho. Um gilet, em francês.

E ficava num tal de faz, desmancha, faz, desfaz, refaz, que chegava um momento que a lã ia perdendo os fios e ficava finiiiiinha. Mas ela continuava. Tava nem aí !

Fazia com uma manga mais curta que a outra, não importava. Atrás mais curto que na frente. Muito engraçado. O pior, é que ela achava que tava legal, não via esses defeitos.

E os armários foram se enchendo, enchendo, que não cabia mais casaquinhos.

Numa dessas minhas idas lá, pensei em dar aquela tralha toda pra alguma creche, asilo, lá mesmo em Cannes ou pra uma instituição. Depositar nas caixas de doações que existem nas ruas.

Falei com ela e o mundo caiu. Quase explodiu a terceira grande guerra. Seu lado de comerciante aflorou.

"Como dar??? Você ficou maluca? Vou vender tudo, conheço um comerciante...etc e tal."

Comerciante de sei lá onde e sabe-se lá Jesus se ainda era vivo. Coisas do tempo dela. Tempo em que ela fazia chapéus maravilhosos pra grandes costureiros franceses.
Mas agora, quem compraria aquilo? Ninguém.

E piorou ainda mais quando a filha dela, como sempre sem paciência, disse que ia jogar tudo no lixo. A gente tem muito mais paciência com os pais dos outros, né mesmo? Entrei no meio da confusão e acalmei a situação.

Foi quando tive uma idéia brilhante: perguntei onde ficava o tal comprador e disse que ia lá fazer o negócio.
Ela topou e ficou achando o máximo eu valorizar o trabalho dela. Coitada! rs...rs.

Uns dois dias depois disso, peguei a tralha toda, coloquei em caixas e saí pra "vender". Coloquei tudo no carro e levamos pra doação. De lá fui ao cinema, dei uma voltinha, porque afinal um grande negócio não é feito em minutos. Crime perfeito. E voltei.

Voltei cheia de dinheiro (dela mesma) e entreguei a féria dizendo: "você tava certíssima. Vendi tudo, o cara adorou e tome aqui seu dinheiro."
Dei uma quantia boa pra ela e ainda quase arrumei uma inimizade, quando ela virou e falou pra filha: "tá vendo? Ainda bem que a Iêda tava aqui...e você querendo jogar tudo no lixo...pois sim!!!"

Ela nunca soube que doei tudo e que recebeu seu próprio dinheiro como pagamento! Mas valeu !
Ela ficou feliz e tenho certeza que os casaquinhos, mesmo não tão perfeitos, estão esquentando muita gente por aí.

Como era mesmo o nome do meu ex-marido?










E lá estou eu em Cannes, passando férias e fazendo companhia a minha amiga.

Sempre que eu ia pra lá, adorava, porque era a fase pra colocar a leitura em dia. Lia, lia muito. Uma delícia! Só eu e ela em casa, saíamos pouco, ela no crochê e eu nos livros.

E eu ficava perguntando coisas, querendo saber do passado, da vida dela ainda na Polônia, da época das guerras já que ela foi uma mulher que viveu a revolução russa, primeira e segunda guerras mundiais. Tem histórias demais, mas eu não vou contar nada do que ela não contaria pra todo mundo. Nada. Não que tenha segredos, mas era a vida dela e eu não me sinto no direito. Agora, as coisas que aconteceram com a gente, principalmente as que me fazem lembrar e rir até hoje, isso eu conto.

Me lembro que, um dia, estávamos as duas na sala, cada uma na sua função, ela devia estar com uns 90 anos. Me lembrei, não sei porque, do marido dela (era divorciada) e perguntei: "como era mesmo que se chamava seu marido?"
Ela olhou pra mim e disse: "quem?" "Seu marido, como era mesmo o nome dele?"
Ela parou com o crochê, pensou, pensou e disse: "Sei não". E voltou pro seu crochê. Eu: " ficou doida? Você não se lembra do nome do seu marido?" Ela parou de novo o crochê, já relativamente sem paciência e pensou de novo. Pensou, olhou pra cima, pra baixo, deu aquela enchida de ar na boca e soprou, como todo francês ama fazer e disse: " sei não. Esqueci".
Eu não me conformava, como pode ter vivido com o Mané durante uns 50 anos, sei lá, e se esquecer do nome da vítima?
Insisti. Disse : "olha, nós conversamos há poucos dias, você me contou um caso e me falou o nome dele, como pode ter esquecido agora?"
Ela já totalmente de saco cheio, deu mais uma pensada rápida e falou finalizando o papo:
"Sei não, tô pouco me lixando."

Usou uma expressão um tanto quanto mais forte, que censurei em respeito a vocês...rs.

Tout à fait Thierry, tout à fait!


Vou falar agora sobre dois franceses comentaristas de esporte. Thierry Rolland e Michel Larqué. Muito conhecidos, amados e, como todo povo de rádio e tv, cheios de frases feitas, gírias, tiradas.

Então, sempre que o Thierry faz um comentário, fala , fala, fala, expõe o que achou do ocorrido, vira pro Michel e diz: "e aí Michel, você também não achou que blá, blá, blá," e o Michel retruca: " tout à fait Thierry, tout à fait", o que quer dizer, "é isso mesmo Thierry, exatamente!"

E isso virou uma marca dos dois e do resto do país. Em qualquer lugar em qualquer situação tem alguém falando: "Tout à fait Thierry."

E eles são de longa data no esporte.

Me lembro que, um dia, tava passeando com o pequenino que eu tomava conta, na época com uns 3 pra 4 aninhos, no Jardin de Luxemburgo. Jardins de Luxemburgo! Um parque lindo e que tem muita atração pra criança.

Voltando pra casa saindo do parque, como toda criança, ele veio se equilibrando em cima de um murinho de mais ou menos um metro de altura.

Evidente que não queria me dar a mão e eu preocupada falava o tempo todo. "Olha pro muro, preste atenção, não olhe pros lados," aquela canseira de "mãe" . De repente disse mais séria: " você tá me ouvindo? Tá prestando atenção, porque se você se esborrachar no chão, vai abrir o berreiro." E ele, seríssimo, falou: "tout à fait Thierry, tout à fait!"

Eu quase me matei de rir !!

E até hoje, toda vez que a gente se encontra, ele já com 20 anos, me faz contar de novo a história e rola de rir dele mesmo.

Quem me persegue diariamente, já deve ter lido essa expressão por aí. Porque eu trouxe pra cá e todo o meu povo fala, normalmente.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pensavam que acontecia só comigo? Não. Com o Zé também.



Mais uma colaboração do nosso amigo Zé. E ainda na China. Que sina!
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Estava eu indo para Xian, interior da China, onde tem os famosos "Exércitos de Terracota", pra participar de um Congresso.

Cheguei tarde da noite e, como disse esta nossa amiga blogueira, nunca chegue em um lugar desconhecido à noite. Pois bem, cheguei no aeroporto, peguei minha mala e saí do dito quase escuro pois as luzes estavam sendo apagadas, procurando a tradicional fila de táxi com o endereço do hotel na mão. Nada de fila de táxi... Só eu de estrangeiro, todos os outros chineses foram a caminho de um estacionamento pegar seus respectivos carros.

Olhei pra direita, pra esquerda e, nisso, se aproximou um chinesinho, novinho, poucos dentes, em um carro russo que um dia foi vermelho, sem placa, sem sinaleira de táxi, cujo porta-malas era amarrado com uma cordinha. Já veio com a mão na minha mala e falando em chinês um monte de coisas que eu não entendia. Puxei minha mala pra mim e, por sorte, tinha um guardinha perto.

Cheguei até o guarda e perguntei em inglês se aquele taxista era oficial, se era confiável, se eu podia pegá-lo sem problemas, etc, etc. O guardinha me olhou com cara de paisagem e continuou olhando pra.... paisagem.

O chinesinho acho que entendeu minha aflição e disse pra mim com o polegar para cima: "Is good, Is good"(é bom é bom).

Meu Deus, o que seria pior, ficar ali sozinho no aeroporto já às escuras ou me arriscar?

Arrisquei. O chinesinho riu escancaradamente."Is good , is good..." Jogou minha mala no porta- malas amarrado com a dita cordinha e meteu o pé na estrada.

Tudo escuro, a cidade nunca chegava e eu não conseguia ler nenhuma placa sinalizando "Xian", tudo em chinês e comecei a ficar preocupado. Nisso, lá adiante aparece uma barreira de pedágio e fico um pouco mais aliviado, pelo menos parecia ser algo civilizado. Porém, algumas centenas de metros antes da barreira, o chinesinho dá uma guinada no carro e entra por uma estrada de terra, fugindo do pedágio. "Meu Deus, tô fu" pensei. E o carro passa por umas vilas horrorosas, com gente mal encarada nas portas, esgotos nas ruas, crianças nuas e jovens fumando nao sei o que... Rezei, rezei muito. Pensei: "Meu Deus, se este cara me leva pra algum lugar, rouba meus dólares e me desova num buraco destes, nunca ninguém vai saber o que aconteceu," e rezei e rezei, acho que tava quase chorando, suando, pois o chinesinho olhou no retrovisor e com uma risada um tanto sarcástica falou: " Is good, is good."

Achei que aquela risada queria dizer: "Vai se fu... rapazinho...Agora você se fu..." E minha cabeça rodou.. E rezei mais ainda. Nao sei quantos Pai Nossos, quantas Ave Marias, Salve Rainha, Credo, e tudo mais. E o chinesinho com o pé fundo no acelerador: " Is good, is good!"

Quando eu já tava pensando no tipo de morte que iria ter, desmaiando de medo, suando de apreensão, o chinês vira uma rua e diante de mim aparece um lindo hotel : "SHANGRILAH". Era o meu hotel !!!!!!
Juro por Deus, quase dei um beijo na boca nojenta daquele chinesinho. E ele com aquele sorriso, que até hoje não consigo decifrar se era de sacanagem ou não, parecia que me dizia: "Não te disse? Is good, is good..."

A diferença entre o que não podemos escolher e o que escolhemos porque queremos

Se você tem GNT, não perca hoje à noite o programa da Oprah. O presidente iraniano precisava tanto saber como é viver em um país tendo liberdade de se expressar... Dar este direito ao seu povo.

Millôr me faz doer a barriga de rir e refletir.





" A dor serve para indicar onde é que está doendo, de modo que os cientistas saibam por onde devem começar (ação mais conhecida como começo do fim ). Por aí os senhores podem verificar como a ciência é bela. Sem ela, a maior parte das coisas continuaria não sendo científica. (Falsa cultura)."

E ALGUNS FILMINHOS DO NOSSO NATAL 2024 NA PREMAMETTA SCHOOL

 Meu computador tá no CTI...     rsrs.. Vivendo seus ultimos dias. Não consegui passar os filminhos pra cá já abertos. Clique nos links pra ...