Como fico neste vai-e-vem de viagens, sempre escuto a mesma coisa: porque você não trabalha com turismo? Você é tão entusiasmada, animada, adora mostrar as cidades, os lugares pras pessoas, nunca se cansa, etc e tal. Realmente sou assim mesmo. Tenho o maior prazer em fazer as pessoas conhecerem os Caminhos por onde andei e onde fui feliz.
Agora por exemplo, só estou aqui em NYC porque amigas do coração me pediram pra companhar, guiar, ajudar.
E a gente tem se divertido muito. O objetivo principal da viagem foi aproveitar o valor do dólar e vir comprar o que vale a pena. E claro, passear, sair de casa, divertir, rir. E temos rido bastante. Parece até, que nas horas de maior cansaço é que o riso frouxo rola melhor. Se uma fica nervosa, a outra já começa com a gozação, então o piti vira graça e a graça se transforma em riso.
E hoje, mais uma vez ouvi o mesmo. Você devia arrumar grupos e trazer pra NYC.Tanta gente sonha em viajar com você... E a minha resposta é sempre a mesma. Não dá. Não rola. Nunca fui chegada a receber ordens, e depois de velha a coisa piorou. Gosto de fazer o que
eu quero, como
eu quero, na hora que e
u quero. Egoísmo? Não neste caso. Se um grupo vai me pagar pra sair com ele a coisa vai mudar de figura. Vou ter que ir mesmo sem vontade, vou ter que mostrar entusiasmo, mesmo sem vontade. Não dá. Sem o menor direito de ser eu mesma, porque estarei recebendo por isso.
Pro passeio ficar legal tem que ter prazer, leveza, as pessoas precisam ser naturais, não se preocupar em dizer o que querem. Agora por exemplo, tem discórdia, tem bira, tem prazer, tem ajuda, muita ajuda, colaboração, apoio, palpite, um concordo e não concordo constante, mas, com amizade, amor. Com a certeza de que não vai ser uma palavra dita numa má hora e que aborreceu, ou mesmo uma falta de delicadesa ou desencontro, que irá abalar uma amizade de anos. Uma amizade, que não foi feita só em mesa de bar, mas feita de coração, de amor, de sonhos sonhados junto ao longo de muitos anos, de conhecimentos profundos do lado legal de cada uma, e paciência (quase sempre...rs) com o lado que não agrada.
Então, a história de ser guia de turismo não vai vingar. Continuo a ir mil vêzes ao mesmo lugar, com o mesmo entusiasmo, mas, quando só se for com muito prazer.