Acordei ao meio-dia. Tomei banho e fui almoçar. O almoço
tava legal. Tinha quiabo, que eu adoro, arroz branquinho muito gostoso, umas
bolotas ao molho, que nem Deus sabe de que, mas muito gostosas. De sobremesa
tinha uma coisa branca parecendo pudim, não me arrisquei, e fui na melancia que é minha amiga íntima. E
dá-lhe água.
Passei no escritório pra avisar que talvez fosse me mudar. O
americano me entendeu e disse:
-Sem problema. Quer mais conforto, né? É.
Monge americano. Rapaz novo, muito simpático.
Disse pra ele que na volta, queria que ele escolhesse umas coisas pros meninos
do Instituto.
O Anup chegou mais 1 amigo as 2 horas em ponto. De moto.
Todos os dois.
Quem tá chuva...
Falei pra ele:
- Olha, eu vou nessa coisa, mas se ficar com medo, grito e desço. OK?
- Sem problema, eu sou ótimo motorista.
- Confio na sua pilotagem, mas, de moto, na Índia, com 1
bilhão de pessoas passando coladas na gente, não sei se meu coração mineiro
aguenta.
E lá fui eu. E não é que deu certo. Andamos até, ele me
mostrou um monte de coisas, templos, tirava a mão do “volante” (aquela que não
tem a menor intimidade com moto) e mostrava lá longe, a moto balançava e eu
apertava a cintura dele. Mais fina que minha coxa...rs
Ele ria e dizia sempre:
-Sem problema.
Quis me mostrar uma escola pra órfãos que ele ajuda, mas vamos
amanhã, porque naquela hora a meninada tava refrescando a ideia em outro lugar.
Então falei pra ele; vamos procurar o hotel, porque se der
tempo me mudo ainda hoje.
- OK. Sem problema.
E andamos os 3 mais um tanto e chegamos a um hotel super
simpático. Como ele trabalha com turismo e deve ganhar comissão, conhece todo
mundo. Na recepção do hotel, enquanto eu conversava com quem me atendia, vi ele
falando com um grupo de japoneses. Em japonês. E só acreditei, quando todos
começaram a rir. Aprendi, que quando o outro acha graça do que você fala, é
porque você já tá falando bem a língua dele. Depois ele me disse que morou 1 ano no Japão.
E só tem 25 anos. Se vira em francês, espanhol, e, o que ensinei pra ele em
português ontem, já usou hoje o tempo todo. Danado o garoto.
Visitei o hotel, os quartos, negociei com o dono e acertei.
Até pechinchei. Ele cedeu. Como vou ficar 1 mês e é baixa temporada, foi muito
bom o preço.
Voltamos pro Instituto, agora já de carro, que o Anup
arrumou sem nem dizer nada.
O americano foi até meu quarto e dei um monte de coisa pra
ele. Ficou todo feliz, surpreso até. Acertei no escritório e enquanto ia
passando as pessoas já iam me agradecendo pelos presentes pras crianças. Ele
deve ter mostrado pra todo mundo. Dei um monte de havaianas, lápis, calcinhas
pras meninas, escovas de dente, prendedores de cabelo. Enchi um sacolão.
Viemos pro novo hotel.
O Anup queria me levar pra conhecer mais coisa. Falei pra
ele que amanhã a gente vai, fiquei pra arrumar a tralha e separar os presentes.
Hoje ele me explicou, que o meu agente em Delhi, o Hari, tem
contato com o Rag. O Rag sempre chama ele pra ir junto, porque assim ele faz um
bico. Então por isso ele colou em mim. Me explicou, porque eu disse pra ele que
não era cheia da grana e que me buscar no aeroporto já fazia parte dos meus
planos e tava pago, mas, daí pra frente, qualquer coisa teria que combinar
antes comigo. OK?
- OK, sem problema. Se você achar que mereço quando for
embora você me dá o que quiser. Só acreditei, porque já passei por isso das
outras vezes que estive aqui.
Arrumei tudo, tomei banho e fui jantar no restaurante do
hotel, que fica no mesmo andar do meu quarto. To eu lá bem tranquila jantando,
quando chegam os dois. Arup e Rag. Vieram ver se tava tudo bem, se to gostando
do Hotel e se queria passear um pouco depois do jantar. Convidei os dois pra
jantar e sem a menor cerimônia, pegaram dois pratos e mandaram ver. Pedi
legumes, arroz e outra coisa parecendo lentinha. Tava uma delícia. Os legumes
era comer e chorar de tanta pimenta. Falei com eles que podiam liquidar aquilo aí, porque eu não aguento.Fiz com a boca quinem dragão e eles riram muito.
Comeram tudo, rasparam o que eu deixei, sem uma lágrima sequer, por conta da
pimenta.
Despachei os dois e marquei de ir amanhã à escola.
Aguardemos pois mais novidades. Resumi os fatos e tenho
certeza que me esqueci de alguma coisa.
Conto quando lembrar.
Abrindo as portas dos templos que vou mostrar