quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Minha amiga sendo apresentada à sociedade brasileira...


E começou a romaria !

Durante as primeiras semanas que minha amiga esteve aqui em casa, foi um entra-e-sai sem fim.
Todo mundo queria conhecer a amiga francesa da Iêda, de quase 100 anos, que morava sozinha em Cannes, nasceu na Polônia, viu, quando era criança, judeus sendo amarrados em caudas de cavalo e os cavalos correndo em círculo numa praça, até que não sobrasse mais carne nem osso atados à corda, que se casou muito jovem e logo teve que fugir com o marido e se instalar em um país ( Bélgica ) completamente estranho, onde teve dois filhos e, na segunda guerra, precisou deixar as crianças em uma escola católica, fugir pra França e ficou quase 4 anos sem saber nada sobre os filhos e, quando foi possível recuperar os dois, teve que raspar as duas cabecinhas, tamanha era a quantidade de piolhos infestada nelas.

Isso é só uma amostra de uma vida vivida realmente com intensidade !

Agora, imaginem vocês a reação dessa polonesa cada vez que eu abria a porta e já ia adentrando ao gramado, uma pessoa de braços abertos preparada pra um abraço caloroso e chamando ela pelo primeiro nome, na maior intimidade?

A pobre se encolhia, olhos arregalados e, imagino, achando que tava sendo atacada.

Mas, como eu digo sempre, esse povo que é mais seco, sério, não muito dado a abraços, beijos e demonstrações de carinho, principalmente em público, é um povo que ama tudo isso e não teve oportunidade de aprender a usar.

Facim facim de ser corrompido por nós. Pela nossa leveza e alegria. Em poucos dias ela tava soltinha quiném arroz "parabólico". Soltinha até demais...tanto que logo descobriu, não sei como, que, não muito longe de BH, tinha uma cidade com estação de águas que era uma maravilha e lá fomos eu e ela pra Araxá.

Isso vai ser outro capítulo, porque termas de Araxá com uma senhora de noventa e tantos anos, foi minha passagem pro céu. Garantida!

Tenho até crédito !

Você sabe de alguém que joga Bridge em Belo Horizonte?


Uma das primeiras providências que tive que tomar, quando minha amiga chegou da França, foi encontrar um lugar pra ela jogar Bridge. Meu Jesus Cristinho...! Nunca na minha vida soube que alguém jogava Bridge em Belo Horizonte.
Pergunta daqui, páginas amarelas dalí, encontrei um Clube de Bridge. Acreditam? Cidade mais formosa e esperta, essa!

E lá fomos nós fazer a matrícula, quiném criança na escola.

O povo jogava, se me lembro bem, duas vezes por semana. Ela se inscreveu, gostou do lugar, também se não gostasse teria que ficar lá mesmo. Tava pegando o boi que existia um.

E ficou ansiosa esperando o primeiro dia pra conhecer os coleguinhas e ver se jogavam tão bem quanto ela. Pouco modesta.

Primeiro dia, lá fomos nós. Só faltou a merendeira. Eu, como toda "mãe", resolvi ficar o primeiro dia pra fase de "adaptação". Eu mereço ! Como diz meu amigo:"num guenta, pra que qui inventa?"

Vocês já devem estar imaginando no que deu. Claro!!! Ela virou a rainha do pedaço. A queridinha de todos. Era Fulana pra cá, Fulana pra lá. Pinto no lixo era pouco.

Tinha um senhor belga, muito simpático, que ela logo garrou numa amizade com ele, porque ela já tinha morado em Bruxelas, quando veio fugida da Polônia na época da guerra (ai meu Deus, tenho que contar isso também!). Tinha mais alguém que falava francês. Um céu !

A partir daí, ficou assim: se o tal jogo começava às 3h da tarde - como disse o Saint-Exupéry no Pequeno Príncipe - às 2h ela já começava a ser feliz. Já tava prontinha esperando.

Eu levava, deixava ela lá e buscava na saída. Pode? Ela dizia que jogava Bridge por indicação médica. Era pra não deixar o cérebro ficar preguiçoso. E é verdade!

E ficava lá, se sentindo em casa. Toda toda no seu Jardim da Infância.

Millôr sempre atual e Henfil colado atrás




" Aperte bem o indicador contra o polegar e você terá noção do que é o salário mínimo ." (1991)

E minha amiga vem ao Brasil pela primeira vez ...


Já tinha um tempo que eu tava na França e fui a Bordeaux me despedir de um amigo, porque ia voltar pro Brasil daí a dois dias.

De lá, liguei pra minha amiga que morava em Cannes pra dar os parabéns. Aniversário dela.

Ela atendeu toda contente e, papeando, perguntei se alguém tinha ligado, passado, se ganhou algum presente, bolo de aniversário, e ela disse que não, só seu filho que tinha passado lá por alguns minutos. Conversei mais um pouco e desliguei o telefone com a moral no chão.

Fiquei parada, meio sem ação, então meu amigo perguntou: "Algum problema?"
Eu disse: "não, problema não, mas não consigo me acostumar com essa diferença de cultura, de costumes. Ela tem neto, bisnetos, filhos, como pode ser normal ninguém ligar e deixar ela passar o aniversário sozinha tricotando, como se tivesse ainda muitos anos de vida pela frente..."

Não consigo me imaginar na idade dela, sozinha, sem nem um filho de amiga ou sobrinha que venha me dar um beijo no dia do meu aniversário.

Meu amigo, muito gozador, falou pra mim como na piada: "Tá com pena? Leva ela pra você! "
Nunca ele foi tão perfeito.

Na mesma hora, peguei o telefone e liguei pra ela de novo, perguntando: "Você teria coragem de ir pro Brasil comigo?"
Sem pestanejar, ela disse: "Com você eu vou pra qualquer lugar do mundo". Até hoje fico emocionada quando me lembro dessa frase.

Desliguei o telefone e, já na sequência, liguei pra filha dela perguntando o que ela achava da idéia. Adorou a idéia e disse que ia providenciar tudo: seguro saúde, passagens, ver se o passaporte tava em dia ... e, como eu já tava indo, ela iria sozinha daí a alguns dias. Tudo bem !

Em dez dias eu tava no aeroporto em Belo Horizonte, ansiosa esperando por ela.

Chegando aqui em casa, nos sentamos na cozinha pra tomar um chá e ela, vendo um adesivo pregado na minha geladeira, perguntou o que tava escrito e eu disse: "Quando é que você vai fazer uma loucura?"

No que ela falou, sem vacilar: "Já fiz. Tô aqui no Brasil".
Este foi só o primeiro dia... Contarei os causus da temporada dela, que durou dois meses e meio.

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