E começou a romaria !
Durante as primeiras semanas que minha amiga esteve aqui em casa, foi um entra-e-sai sem fim.
Todo mundo queria conhecer a amiga francesa da Iêda, de quase 100 anos, que morava sozinha em Cannes, nasceu na Polônia, viu, quando era criança, judeus sendo amarrados em caudas de cavalo e os cavalos correndo em círculo numa praça, até que não sobrasse mais carne nem osso atados à corda, que se casou muito jovem e logo teve que fugir com o marido e se instalar em um país ( Bélgica ) completamente estranho, onde teve dois filhos e, na segunda guerra, precisou deixar as crianças em uma escola católica, fugir pra França e ficou quase 4 anos sem saber nada sobre os filhos e, quando foi possível recuperar os dois, teve que raspar as duas cabecinhas, tamanha era a quantidade de piolhos infestada nelas.
Isso é só uma amostra de uma vida vivida realmente com intensidade !
Agora, imaginem vocês a reação dessa polonesa cada vez que eu abria a porta e já ia adentrando ao gramado, uma pessoa de braços abertos preparada pra um abraço caloroso e chamando ela pelo primeiro nome, na maior intimidade?
A pobre se encolhia, olhos arregalados e, imagino, achando que tava sendo atacada.
Mas, como eu digo sempre, esse povo que é mais seco, sério, não muito dado a abraços, beijos e demonstrações de carinho, principalmente em público, é um povo que ama tudo isso e não teve oportunidade de aprender a usar.
Facim facim de ser corrompido por nós. Pela nossa leveza e alegria. Em poucos dias ela tava soltinha quiném arroz "parabólico". Soltinha até demais...tanto que logo descobriu, não sei como, que, não muito longe de BH, tinha uma cidade com estação de águas que era uma maravilha e lá fomos eu e ela pra Araxá.
Isso vai ser outro capítulo, porque termas de Araxá com uma senhora de noventa e tantos anos, foi minha passagem pro céu. Garantida!
Tenho até crédito !