sábado, 30 de janeiro de 2010

TV - Aí, como aqui, não muda nada ! Ruinzinha mesmo !!


Fico impressionada com a tal globalização. Na televisão, então, é o cão-chupando-manga-verde-atrás-da-porta. Tudo igualzim. Não muda nada. As merdas são as mesmas.

Nós, no Brasil, ainda damos o azar de ter que engolir um sapo a mais, que são os programas religiosos. Pra não caçar confusão com nenhuma das religiões, na TV a coisa é feia. Reza e pregação dia e noite que nem o próprio Cristo aguenta mais.

Aqui na França, vejo TV rarissimamente. Assisti um pouco hoje, pra falar pra alguns interessados que me pediram.

Na parte da manhã, além dos jornais tipo os nossos e programas direcionados a donas de casa, a partir de umas dez horas, começam os programas de prêmios, sorteios, perguntas, jogos entre casais, cante a música que tá tocando e continue a cantar depois que ela parár, adivinhe o preço dos eletrodomésticos ou qualquer outro produto ... Já viu esse filme também, não viu? OK.

Depois vem jornal de novo, com as mesmas notícias que foram dadas pela manha. Tal e qual no Brasil.
E, aí, voltam os programas de prêmios. E sempre com platéia ! Ah! Tem uma diferença da nossa platéia.

Por exemplo, nos Gugus, Gimenezes e Faustãos da vida, nas primeiras fileiras só tem gatinhas; saias curtas, pernões, cabelões...

Aqui, nada disso. A grande maioria que frequenta, pelo que vejo e imagino, são pessoas aposentadas ou encostadas pelo INSS local; a mais novinha e mais gatinha tem em torno de sessenta aninhos. Às vezes tem bastante dentes.

No finalzinho da tarde, tem todo santo dia, inclusive sábado, um tal de "Questão pra um Campeão". Desde a primeira vez que vim aqui, eu vejo e já era velho de casa. O mesmo mané que apresenta.
Perguntas culturais e a famosa frase pra terminar, pro ganhador do dia: "Casca fora ou continua?"

À noite tem o jornal das oito horas, que na TV francesa - a não ser que um Haiti quase suma do mapa - só dá notícias locais e regionais, quiném MG ou RJ-TV.

E depois, não tem novela. Lá vem um filme que só Deus sabe de onde saiu, algum musical com cenário de nossa TV dos anos 60 e todo mundo pega um livro e vai ler, pra não emburrecer mais que a dose diária necessária.

Em tempo : tô falando de canais convencionais, que é o que a grande maioria tem acesso.
" Embora tenha estado cem vezes em um lugar, chegar de novo é fazê-lo pela primeira vez. Some-o apenas quando voltar." Mercedes Sáenz

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Antes que o cigarro se apague de vez.


Numa de minhas moradas em NY, trabalhei com uma senhora judia - pra variar (elas me perseguem, por sorte minha) , muito engraçada e nos demos muito bem.

Ela morava sozinha, tava doente com um câncer de pulmão e fumava quiném uma chaminé o dia todo. O médico nem sonhava em pedir pra ela parár porque, a essa altura do campeonato, a merda já tava feita e de nada adiantaria.

Eu não tinha praticamente nada a fazer, senão companhia a ela, comprar cigarros, buscar a correspondência na caixa de correio, comprar uma coisa ou outra no supermercado, atender ao telefone - que hoje já é difícil, na época então, era um horror - mas ela fazia questão, pra ver se meu inglês alavancava.

Ligavam sempre as mesmas amigas e o único filho. E sempre era a mesma ladainha.

Eu dizia alô, a pessoa cumprimentava, perguntava se tava tudo bem, se minha patroa tava bem e eu respondia que sim e levava uma bronca dela na hora : "Como você diz que tô bem? " E eu dizia : "Mas você está, estamos lendo jornal, conversando, você não tá com dor..." E ela : "Mas tô doente." E eu: "mas ainda não morreu" e passava o telefone pra ela.

Outra briga era que a gente ficava conversando e ela contava casos e, por coincidência, quando eu tinha noção do assunto, ia entendendo aos trancos e barrancos, mas entendia e a conversa fluía.

Mas tinha dia que era uma peleja. Ela falava, falava, eu não entendia nada e ela dizia: "Como pode num dia você entender uma língua e no outro não?" Jamais ela saberá o porquê. Quem tá aprendendo qualquer língua conhece esse filme muito bem.
Ela explicava de novo, eu não entendia de novo, ela enchia o saco e dizia: "Forget it" (esquece).

Aí vem o causu do correio. Toda manhã, lá pelas dez horas, passava o carteiro e ela dizia: "Por favor, vá ver se tem correspondência (Mail please)." E lá ia eu. Sempre tinha um monte de propaganda, folhetos que vendiam até a mãe mas, carta ou coisa que interessasse mesmo, nada.

Eu levava a papelada pra ela.

Na maior cerimônia, como se tivesse abrindo uma carta com as assinaturas do acordo de paz entre palestinos e judeus, ela se sentava, colocava tudo em cima da mesa e começava: abria, lia , rasgava ou amassava, me entregava e dizia: "garbage." (lixo)

Esse causu vai pro meu grande e querido amigo Marcelíssimo - professor de inglês dos mais phodões - que adora contar pra todo mundo (o filho de uma que ronca e fuça) que morei nos EUA por anos e anos e só aprendi três palavras: Mail, Garbage e Forget it.

Minha amiga morreu sozinha numa noite de inverno, o porteiro passou a noite na porta do apartamento, como combinado, viu entreaberta a porta, como de costume (ela tinha medo de ficar com a porta fechada, precisar de ajuda e ninguém conseguir entrar). Ele entrou pra ver se tava tudo bem e tava.

Ela tava deitada tranquila, quietinha, Mortinha da Silva.

Quando eu cheguei, já tinham levado o corpo, a casa tava aberta, entrei, peguei umas coisas minhas e saí a procura de outra patroa.

"Aprovisiono luz de lua para esta viagem de um milhão de milhas. "Saikaku

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Millôr...visto de longe do Brasil, fica melhor ainda

Histórias e causus da região ôncôtô








Já traduzindo pra quem não é conhecedor do vocabulário mineiro, "ôncôtô " quer dizer, "onde que eu estou".

Estou na região de Savoie-Alpes Franceses, leste da França.

Região de estações de esqui, perto de Megève, Chamonix, Flumet, Albertville, Mont Blanc... de uma beleza sem fim, tanto no inverno quanto no verão.

Quando se vem pra essas bandas por pouco tempo, tipo um ou duas semanas pra esquiar ou passear no verão, não dá tempo de conhecer as histórias e viver realmente o dia-a-dia do povo, como eu tenho a sorte de viver há muitos anos. Venho e planto por 1 ou 2 meses sem a menor cerimônia; e ainda me convidam pra voltar. Povo mais hospitaleiro, impossível, e mineira mais folgada também!

Então, estando aqui agora, me lembrei de uma história, um causu interessante ouvido de outras pequenas visitas...rs. E contarei outros. Tem um monte.

Quando andamos pelas ótimas estradas francesas, mesmo as secundárias, com todo o conforto e segurança possíveis, não imaginamos que, há pouco mais de 60 anos, isso aqui era uma região bem diferente, com todas as dificuldades como qualquer interiorzão do nosso país.

Sem estradas, só caminhos, muita região sem luz elétrica, sem calefação decente no inverno, sem socorro imediato em caso de avalanche ou mesmo de um problema de saúde.

Pensamos que tudo sempre foi lindo como uma figura de folhinha de antigamente, com a neve branquinha e vaquinhas procurando um verdinho no meio de tanta neve e com sineta no pescoço.

As vacas continuam ... e com as sinetas.

É uma região de criação de vacas leiteiras, região do queijo Reblochon que é uma delícia das delícias derretido no forno, com batatas. Especialidade do lugar.

Então, o povo que morava nas montanhas, nos cafundós mais altos, de acesso mais difícil impossivel, quando ia chegando o inverno, armazenava o mais que podia, tudo, tudo que ia precisar pra se alimentar e viver durante os longos meses por vir.

E ficavam durante meses todos juntos, um aproveitando o calor do outro, bichos e homens, dentro de casa, literalmente.

Aí é que entra a história que, pra mim, quer dizer, pra nós que não sabemos o que vem a ser 2 metros de neve cobrindo a porta por meses seguidos, jamais poderíamos imaginar.

Se, por um azar do destino, os caminhos estivessem totalmente tomados pela neve, não tinha santo que levasse um médico a estes lugares, então, quando alguém dava o azar de ter um problema sério, era rezar pra não morrer, porque, se viesse a morrer, sabe o que faziam com o corpo? Colocavam no teto da casa. Imagine um familiar no teto? Mortinho da Silva esperando o inverno passar?

E lá ficava a vítima esperando a poeira baixar, quer dizer, a neve derreter pra ter um enterro decente.
E quem quiser que conte outra...

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