- Então, minha filha, como você está indo? Todos bem de saúde? E o marido, vai bem?
- Blz pai
E por aí ia.
- Sua mãe e eu estamos indo muito bem, também; com as ziquiziras e dores de velhos, mas estamos levando.
Isso tudo catando letras. Imaginem o tempo pra escrever uma frase longa dessa !
E não adiantava dizer:
- E aí, pai, chic?
Ele não sacava a segunda intenção da frase dela e respondia tudo dentro dos conformes.
Me lembrei de meu pai, que, infelizmente, ficou na carta, não teve tempo de conviver com computadores. Escrevia cartas lindas ! Escrevia muito bem e todas as cartas sempre começavam assim:
Belo Horizonte, tanto do tanto de 1900 e tanto.
Iêda
Saúde!
E meu irmão - muito gozador - dizia que, sempre que recebia uma carta dele, já abria espirrando, porque o "Saúde!" era certo. Ele era do tempo que, desejar saúde pra uma pessoa, era o melhor desejo que poderia existir. Bons tempos!
Outro pai muito engraçado, muito fôfo, é de um outro amigo. Não sei o que ele achava que era um secreta-eletrônica mas, sempre que ligava pro filho e, a secretária eletrônica (hoje, caixa de mensagem) atendia, ele dizia:
- Olha, fala pra ele que tem muitos dias que ele não vem aqui em casa; que é pra ele passar à noite pra jantar conosco.
E assinava o recado finalizando e dizendo assim:
- Diz pra ele que é o pai dele. Seu pai.
Outro pai de amigo, falava pra secretária-eletrônica, pausadamente, tipo, "vou falar devagar pra dar tempo dela escrever tudo" rsrs e dava seu recado:
- Su-a mãe es-tá com sau-da-des e pe-diu pa-ra di-zer que vo-cê pre-ci-sa pas-sar a-qui em ca-sa.
Esse também assinava o recado.
- Papai.
Já outra mãe, toda vez que ligava pra filha e quem atendia era a secretária eletrônica, ela desligava. Quando dizia pra filha que tinha ligado várias vezes e não conseguiu falar com ela, a filha dizia:
- E por que não deixou recado na secreta?
- Odeio secretária-eletrônica!