E volto a repetir as sábias palavras do meu pai:
- A gente passa a vida toda aprendendo, e morre sem saber nada!
Como aprendemos neste primeiro mês de aventura, que está sendo abrir um Hospital (pra mim, Ambulatório) aqui na Índia! Sem capital inicial, nem paralamas, nem ultraje a rigor....rs
Só com a cara, a coragem e muita vontade de ajudar.
Mas até ajudar não é fácil! Não é mesmo!
Neste primeiro mês gastamos muito mais do que podíamos imaginar e podíamos gastar com compra de remédios, atendemos 603 pessoas em 12 dias de atendimento, com 4 horas de trabalho a cada dia, 2 pessoas morreram e não pudemos fazer nada, ou quase nada, porque nossos recursos são pouquíssimos. Estas pessoas precisavam de um Hospital Público decente e gratuito. Não existe aqui num raio de tantos kilometros quanto andei.
Descobrimos, que pra algumas pessoas vir ao nosso hospital virou "um programa".
Descobrimos que pessoas que podem pagar um Hospital particular começaram a se aproveitar da gente pra conseguir médico e remédios gratuitos. Aprendemos que não podemos fazer nada de "graça". Totalmente de graça. As pessoas só valorizam quando dói no bolso de cada uma.
Descobri o quanto as mulheres aqui são preocupadas com suas crias. O quanto elas lutam pra que seus pequenos fiquem bem, vi a enorme paciência indiana para com as crianças, o respeito com os mais velhos.
E também estou descobrindo a total ignorância a respeito do mínimo cuidado com higiene e prevenção, que poderiam juntos, evitar tantos problemas que eles tem.
Descobrimos, que a participação da comunidade é tão importante quanto o trabalho que estamos fazendo.
A partir de hoje vai estar pregado na parede e escrito em grande letra o seguinte cartaz:
- Para que possamos te ajudar, precisamos muito da sua ajuda!
Descobri que não existe palavra, discurso, explicação alguma, que faça este povo entender que não sou uma pessoa rica. Pra eles eu tenho muito dinheiro e muitos tentaram se dar bem com isso, mal sabendo que vim de um país onde este golpe é mais velho que cagar de cócoras (mais uma vez, citando meu pai! )
Coitados!
Quando vem com o milho eu já tô com o fubá prontinho pra fazer meu angu. Hoje tá sendo inevitável escrever sem os provérbios...rs
Mas eu consigo muito bem entender. Pra quem não tem nada, eu realmente tenho muito. Só preciso descobrir uma fórmula de explicar, que se o pouco que consegui na minha vida for doado pra eles, daqui a pouco vou pular pro lado deles. Serei mais uma pra pedir.
Esta semana tivemos reuniões pra discutir sobre vários assuntos e até cogitamos de fechar o Hospital por uns meses e reabrir depois de captar algum dinheiro. Mas eu lutei muito, com todos os argumentos possíveis, pra que isso não acontecesse, porque pra mim, é preferível diminuir o numero de atendimentos, do que não atender ninguém. E as pessoas já estão tão confiantes com uma pequena luz de lamparina no final do túnel, que não tenho coragem de apagar ela agora.
Vamos tentar mais, fazer mais pesquisa, descobrir onde podemos cortar gastos ( como se tivesse algum pra ser cortado!) mas sempre podemos "tirar daqui pra colocar alí".
E continuar a pedir. Eu sei, que quando alguem lê um anúncio de pedido de ajuda, pode até querer ajudar, pensar seriamente em fazer alguma coisa, mas basta mudar de link, ou de página, ou atender um telefone, pra que aquele pensamento suma da sua cabeça. As informações são tantas, que a seleção natural do nosso cérebro nesse caso "me prejudica"!...rsss.
Por favor, leia e faça.
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Muito obrigada
Este é um pequeno resumo do que tá acontecendo e prometo, que neste final de semana vou tirar um tempo pra postar mais e informar mais aos meus queridos amigos que estão comigo garrados nessa batalha.