...ebaaa!!! bora ver as meninas do futebol no Mineirão!
Que alegria!
E junta um monte de amigos e família e pega táxi pra ir até o Move, (ônibus pro estádio) porque não dava pra ir de carro, beleza, precisamos usar o transporte público que funciona em grandes cidades e aqui também vai ser legal, mas pra ser legal, o povo que usa também precisa ser legal, então empurra-empurra pra fazer fila, empurra-empurra pra fila andar e aparece um mané gritando "Mineirão saindo agora, quem quer?" e
povo sai da fila de comprar o bilhete do ônibus e paga pro mané, e ele que tinha um cartão cheio de "pré comprado" passa quem pagou na frente, o cara que toma conta da roleta (comparsa?) finge que não vê, neguinho na fila grita "pouca vergonha!" e o cara da roleta finge que não houve, e entra no ônibus lotado, espremidos, que sai numa velocidade maior do que a permitida e todos gritam de alegria e festa ou de medo, e vamu qui vamu chegando perto do estádio, e o ônibus para num lugar diferente do lugar marcado no mapa, e andamos e andamos, e aí vem a primeira revista, homens pra esquerda e mulheres pra direita, e os membros dos grupos com medo de se perder, e continua o baile, chegando perto das catracas de entrada o bicho pega porque a multidão se aglomera e vira uma situação de pânico, porque qualquer pequena merda que rolasse viraria uma merda enorme, e o jogo já começando lá dentro, criança chorando, e chega um espertinho e tira a grade e passa, e todo mundo grita, e não mais que de repente torcedores retiram as grades e todos invadem em direção as catracas e aí não tem mais controle de nada, nem de revista, nem de conferência de ingresso, nem quem pagou mais ou menos vai pro lugar escolhido, quem pagou mais, senta onde dá, e bora assistir o jogo, meninas valentes, jogo bonito de se ver, mas
deixamos de assistir o final porque prevendo a peleja da saída saímos antes e não mais voltamos pro dia seguinte já com ingresso comprado pra outro evento porque ninguem é de ferro pra segurar uma barra assim dois dias seguidos, enquanto ouvíamos os torcedores aos berros cantando dentro do estádio:
"EEEUUUUU......SOU BRASILEEEEEIIIRROOOO, COM MUITO ORGUUUULHHOOOOO!!!!
Nosso sonho de nos tornar autossuficientes tá ficando cada dia mais próximo. Assim que começarmos a receber os hóspedes e que terminemos de pagar as prestações do nosso táxi (março/2017) tudo vai ficar melhor e vou deixar de encher o saco de todo mundo pedindo dinheiro diariamente. Vou passar a pedir semanalmente...hehehheeeee....... Muito muito muito obrigada a todos que tem nos ajudado.
Coloquei este filminho que fiz em dezembro do ano passado, proce ter uma ideia do desastre que causou a tromba d'água em Bodhgaya esta semana.
Fiz o filminho atravessando esta ponte que liga Bodhgaya ao vilarejo onde fica minha querida
#PREMAMETTASCHOOL
em Bakrour.
Esta foto mostra como ficou o rio .
Nestes quase cinco anos que estou em Bodhgaya, nem nos tempos de chuva vi este rio com mais água do que um filete de uns 4 metros de largura. E água correndo tranquila, nada de correnteza.
Com o degelo nas montanhas do norte da Índia, a água desceu com vontade.
E foi carregando o que encontrou pela frente. Casebres das pessoas que moravam no leito do rio e casebres fincados nas margens.
E pra piorar levou junto a lavoura de muitas famílias.
Quando eu digo que a Índia é um Brasil (em certas situações em edição piorada) veja se não tenho razão.
Conversando com o Anup ontem, ele me disse que o preço de legumes e cereais já aumentou.
E é exatamente o que eles comem diariamente. Arroz e legumes. Disse, que o que sobrou da plantação de arroz ao lado da escola não vai dar nem pra alimentar a família dele.
Aí eu perguntei:
- E o governo não ajuda? Quando existe uma catástrofe assim seria normal ele ajudar os agricultores.
Então ele disse:
- Ajuda sim. Os líderes sindicais, líderes de comunidade recebem dinheiro, mas vai pro bolso deles. Pouquíssimas famílias são ajudados, e quando acontece é só pra fazer foto e embolsam o resto.
Quinem aqui. Tal e qual.
E eu disse:
- Mas aí tudo é perto, todo mundo conhece todo mundo, porque todos não se juntam pra botar a boca no trombone?
Ele disse:
- Você conhece nosso povo aqui. São sem instrução alguma, muito pobres, tem medo, muito medo, e não tem ideia do que seja Direitos Humanos.
Aí eu disse:
- Então o que temos que fazer é continuar a fazer o que já fazemos. Continuar a ensinar, educar, instruir, informar nossas crianças. Só assim, pouco a pouco, a situação pode melhorar.
Ele disse:
- E mesmo assim com muita cautela, porque conheço escola que já foi fechada pelo governo por estar ensinando "o que não devia' como disseram os funcionários incumbidos do processo.
É ou não é o Brasil em maior escala?
Se aqui tá difícil com 200 milhões de pessoas, imagine eles com um bilhão e duzentos milhões?
São só 6 vezes maiores que a nossa população.
A cada dia eu entendo mais e mais, quando brigo com o Anup porque ele não usa ou tem dificuldade em introduzir minhas ideias na escola.
Nossa escola e nossa obra do
#PREMAMETTAHALL,
nossa pousada,
sofreu com a inundação. Vamos precisar fazer reparos.
Se por acaso você puder nos ajudar, seremos eternamente gratos.
Inundação em Bodhgaya. Sem chuva, o Anup, pai e irmão que dormiam na escola, acordaram com a água subindo. Cinco pessoas já morreram. Felizmente nossas crianças e suas famílias estão bem. Fiquei com muita pena da perda total da lavoura. Nossa escola e a contrução da pousada também sofreram estragos. Agora já é noite lá e o Anup foi ajudar pessoas nos vilarejos atingidos. A água toda veio de degelo das montanhas. Tempos difíceis!