Eu devia ter uns 20 e poucos anos quando me encontrei um dia com o Frei Hilário em frente ao Colégio Santo Antonio em BH, e começamos a conversar. O frei foi sempre um querido de todos que moravam no bairro dos Funcionários. Era amigo dos alunos e das famílias. A gente tinha tempo pra isso naquele tempo.
Tem muito causu com ele (conto outra hora) e o que quero contar hoje foi nossa conversa a respeito de sacrifícios que fazemos a
Deus a pedido da religião católica.
Eu dizia que não via sentido ficar sem comer carne ou usar determinada roupa ou deixar de beber a bebida preferida durante um tempo (quaresma por exemplo) pra oferecer "este sacrifício" pra Deus. E contei pra ele o causu da minha mãe que era louca por bacalhau, naquele tempo que a gente só tinha oportunidade de comprar na semana Santa. Hoje você encontra em qualquer birosca o ano todo.
Minha mãe dizia que ficar sem comer o bacalhau é que seria um verdadeiro sacrifício já que ela amava o danado e sonhava o ano todo com a quaresma.
E ficamos discutindo a respeito da forma como isso foi mostrado pros fiéis e o entendimento de cada um. Segundo ele era exatamente isso que a igreja pedia. Uma forma de agradecer a Deus por tudo que cada um havia recebido seria ficar sem comer que carne (simbologia) que é um alimento caro e que todos gostam. A carne era um símbolo. Ficar sem fazer ou fazer alguma coisa que realmente fosse importante pra nós. Mas o ser humano muito espertinho, logo arrumou alguma coisa pra substituir a carne. O peixe, que também não entendo porque não é considerado carne.
Adiantou porra nenhuma a ideia da igreja.
E a conversa foi muito legal.
Aí me lembrei de uma querida amiga, que quando sua filhinha de 2 anos ficou muito doente, quase morreu, ela fez uma promessa que achei linda na época e acho até hoje. Ela serve de exemplo sempre que quero mostrar a alguem minha opinião a respeito de jejum e abstinência de alguma coisa.
Minha amiga prometeu, que até o fim da sua vida, toda vez que ela comprasse leite ela compraria um litro a mais e doaria pra alguem. Quem estivesse mais próximo.
Pra mim oferta legal é dar um cobertor no inverno prum morador de rua. Um prato de comida pra quem tem fome, uma roupa, um livro, um brinquedo, comprar os remédios de uma receita.
Ficar um dia passando fome, pra mim não representa nada. A não ser assaltar a geladeira quando o jejum termina e comer o dobro do que teria comido num dia normal.
Por estas e por todas as crianças que são a razão do nosso viver, sejamos mais responsáveis.
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