quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Râpée de pommes de terre - bom dimais da conta, sô!

Sempre que venho a este pequeno paraíso, me alimento super bem e aprendo a fazer mais uma receita. Desta vez, além de continuar a comer bem, resolvi dividir com você este prazer da mesa da região de Savoie-França.
Hoje nosso jantar foi uma batata raspada. Uma fritada deliciosa. Lá vai o passo-a-passo e uma salada super simples pra acompanhar. Tudo muito rápido de fazer, e, como dizem os donos da casa:
- Putain de bon!

Râpée de pommes de terre


Estas batatas foram mais que suficientes pra duas pessoas. Descascar.


Dois dentes grandes de alho. Jogue no mixer.


Passar no mixer, se você não tiver, no ralador, naquele parte de ralar côco. Será que ainda existe isso? Coisa mais antiga do mundo! Cada dia me sinto mais velha...rs.


                                                                   Tem que ser deste formato.




Acrescentar 1 ovo.


Duas mãoszadas de passas.


Sem pimenta do reino, a cozinha francesa não existe!


Um tico de óleo na caçarola e misture bem tudo. Dê uma pequena amassada pra ajeitar no fundo e deixe fritar. A água da batata vai dar uma secada.


Pra evitar que a fritada cole no teto da cozinha, dando uma de cozinheiro experiente e querendo virar do outro modo à la Claude Troisgros, a dona da casa acha por bem, colocar outra caçarola em cima e virar a fritada. Conselho de quem sabe faz ao vivo: volte a fritada pra caçarola antiga, porque ela já tá quente. Pra não desandar o produto.


Mais um fiozinho de óleo em cima da parte já pronta. Deixe dourar do outro lado. Enquantiço...


Salada de alface com pão e alho


Corte uma fatia de pão.


Descasque 1 dente de alho e corte ao meio.


Esfregue o alho no pão só pra soltar o gostinho. Devagar pra não estraçalhar o pão. Com delicadesa...rs.



Corte o pão em cubinhos.


Coloque na saladeira.


Pique a alface em cima do pão.



O molho usado hoje foi com vinagre balsâmico, azeite, sal, pimenta do reino, e mostarda à l'ancienne.



Olhe só a maravilha que ficou o nosso prato.

                                                          
                                                                      Fim dos nossos serviços.
                              Sugestões que podem ser usadas na fritada. Bacon torradinho e queijo ralado.

                Agora é só giboiar e apreciar a lua maravilhosa que hoje ilumina os céus dos Alpes Franceses. E do nosso planeta. Ô sorte!
Amém.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Só faltam umas 868 fotos pra mostrar. Um dia eu chego lá...


Imagino, que nestas grutas os beduinos descansavam. Tem cara de ser um cantinho seguro pra passar a noite.


As camadas de cores, em sua maioria nos tons de rosa, nem o melhor aquarelista poderia pintar igual. Uma beleza.



E as escadas que levam a lugar algum! Mas, já deve ter sido um caminho muito percorrido. São gastas.



E as fendas enormes... me senti um Indiana Jones. Nil fez pose e  aproveitou pra filmar.


                                    Encontrei estas plantinhas no meio de vegetação alguma.


Patrícia e eu fazendo pose com nosso guia e motorista. Patrícia, esse cara tava pisando no seu pé?


                  A história acontecendo lá fora e o povo roncando cá dentro. E com meu travesseiro!


Lá, tal e qual em qualquer lugar. Nem precisa saber ler. Basta ir pela cor.


Todos nós caimos de paixão pelas ruas de Belém. E pelo povo, pelo suco de  romã, pelas cores, pelos cheiros. Por tudo.


Vista do sol se pondo do Monte das Oliveiras.


Petra. Ainda não foi? Trate de se programar. E não deixe de visitar Aman. Linda!



Estilo americano de ser. Adoro!


Estilo beduino de ser. Lindo demais, né não?



Estilo egípcio de ser. Menos sensual, impossível...rs.



Estes modelitos estão na moda desde os tempos de Cristo. Estilista forte o que criou. Já deve estar arquimilionário só com os direitos autorais.


Eu sempre achei, que TelAviv tem muito do  Rio de Janeiro. Esta rua não é a cara das ruas do Jardim Botânico, Leblon?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A família de Toutankhamon - E que família!



Cabeça e pubis raspados, silhueta andrógina, longos cílios, orelhas furadas, o mais célebre e mais fascinante dos faraós amava a caça, a estratégia e os jogos eróticos.
Foi no décimo primeiro ano de governo de seu pai, o rei Akhénaton, que nasceu Toutankhamon.
Formou-se um vai e vem nos corredores do palácio, e então todos perceberam que estava chegando a hora do parto. E, naquela época, um parto era esperado com muita aflição, porque normalmente ou morria a mãe, ou o filho, ou os dois juntos.
As análises feitas através do DNA afirmam, que a hipótese mais provável, é de que Néfertiti seja mesmo sua mãe. Ela deu quatro filhos ao Rei.  Tout ( pra abreviar esse nome comprido ) foi o quinto filho.
O coitado devia ser feio de dar dó. Tinha um queixo à la Noel Rosa, e um pé cambota, daquele que pisa tão torto que a planta do pé quase não toca o chão. O outro pé era chato, e tinha as falanges enormes. Coitado! Estes problemas eram consequência de casamentos consanguíneos. Ah! Tinha também lábio leporino. Era uma mistureba só entre a mesma familia. Só podia dar numa peleja dessa!


O avô e a avó

Tout viveu também com a avó. Aprendeu cedo a ler e escrever os hieroglifos. Foi encontrado em sua tumba, muito material de leitura e mesmo uma prensa pra fabricar papiro.
Ele ficou órfão de mãe muito cedo, e sua irmã se ocupou de Tout. Ela com 9 anos e ele com 4. Pais engravidavam filhas, e ele teve filhos com suas irmãs. Quando ele completou 8 anos, seu pai casou-se com uma de suas filhas, irmã de Tout.
Foi quando ele começou também a se interessar pela caça. Adorava. Difícil imaginar, que naquela época leões circulavam pelo Egito. E outras feras também.
Aí morre o pai e logo depois ele é coroado Rei, casando em seguida com a viuva do pai, sua irmã...Deus é mais!
Ele gostava de vinho e mandou plantar vinhedos ao sul do palácio. Foram encontrados também em sua tumba, vários jarros contendo vinho. Não encontrei registro se estavam bebíveis.
Tout  também teve malária. Pra melhorar a situação que já era um desajeito só!
Devido ao seu pé cambota, ele começou a usar bengala e 131 foram encontradas em sua tumba. Eu vi...rs.
Ele teve duas filhas prematuras, que nasceram mortas e suas múmias também foram encontradas junto com seus restos mortais.
Ele morreu entre 18 e 19 anos provavelmente de um acidente de carroça, ( aquela dos filmes romanos, de duas rodas, puxadas por um ou mais cavalos ) que quebrou seu fêmur esquerdo e o médicos não conseguiram salvá-lo.
Olhe que interessante. As flores depositadas em seu túmulo,  permitem dizer que a exumação do corpo foi feita entre março e abril, já que o procedimento de mumificação durava 70 dias. Então ele deve ter morrido em janeiro. Sua altura  na época era 1.67m. Dezenas de kilos de ouro foram usados pra contruir seu sarcófago e sua máscara. Juntos, pesaram  110 kilos de ouro. E, em torno de 4.000 objetos foram encontrados junto dele. Os mumificadores não se esqueciam de mumificar o sexo em posição de combate e com a boca aberta pra não lhes tirar as funções vitais.
Parte sinistra e meio que horror:
ele foi esquartejado, decapitado, rasgado, pra ser examinado e pra que suas jóias pudessem ser retiradas.  Começaram retirando sua máscara mortuária de ouro. Ela estava colada no rosto por uma resina tão dura, que uma faca quente não conseguiu cortar. Então expuseram a múmia no sol escaldante do deserto durante muitas horas pra amolecer. Finalmente ele decapitaram  pra melhor trabalhar. Para recuperar os amuletos que foram guardados dentro do seu corpo, este foi aberto de fora a fora. Cortaram os braços na altura do pulso pra retirar os braceletes. Pra examinar melhor a múmia,  separaram as duas pernas dos quadris, depois amputaram na altura dos joelhos e dos pés. Deus do céu, que serviçinho mais tôsco!
No total, a múmia foi picotada em 18 pedaços. Alguns anos mais tarde, o bilau, um polegar e a orelha direita do faraó desapareceram. Os dois primeiros foram encontrados na areia, sob a qual repousa a múmia.
Curuz!


Papai

Tout é filho de um incesto entre um irmão e uma irmã.

Mamãe


Filhinho


Bem Noel Rosa mesmo...detalhe do meu pé na foto. Não vou fazer outra, porque custei a conseguir uma boa. Vai assim mesmo. Entro pra história junto com o Tout.


Obs.: Copiei as fotos e fiz a tradução ao meu modo, da revista francesa Le Point 1.997-1.998,  número especial sobre o Egito. A reportagem é enorme e muito interessante. Depois conto mais.


domingo, 16 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Escorando no Millôr enquanto descanso no findi

AS GRANDES CONSEQUÊNCIAS DAS PEQUENAS DESCOBERTAS


O giro terrestre

Aí por volta do século XVII, aquela senhora comparecia diariamente ao gabinete do médico e queixava-se: "Doutor, nem queira saber. Agora dei para ver tudo girando em torno de mim. Tudo. Tudo". O médico examinou-a e declarou: "Hum! Hum! Madame, a senhora está muito mal. Precisa descansar. Seu caso é gravíssimo". E dizendo isso cobrou-lhe... 400.000 soldos. A mulher foi descansar. De tempos em tempos voltava ao médico e este, depois de examiná-la, dizia: "Tsk! Tsk! Isto vai mal!" A mulher pagava e descansava mais. Até que um dia, estando num desses descansos, abriu o jornal e deparou com uma bruta manchete:

"GALILEU DESCOBRIU QUE A TERRA GIRA!" Então, furiosa, a senhora mudou de médico.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Causus e mais causus dos tempos vividos no deserto


Foram tantos... a gente não pensa no momento, mas muito do que  acontece em nossas vidas, deveríamos anotar. O tempo passa e a gente se esquece.
Adoro me reunir com os amigos dos tempos que trabalhei no deserto, pra gente se lembrar de causus, acontecimentos e rir muito. Tem muito causu de chorar também, mas destes a gente não quer se lembrar. Pra que? Não vai mudar nada, e, só vai fazer apertar o coração. Ao passo, que os causus engraçados, continuam engraçados e cada um que conta um "conto acrescenta mais um ponto".
Hoje me lembrei de alguns e vou contar antes que me esqueça de novo.

Peão de obra comigo no avião, num vôo Bagdá-São Paulo, cortando caminho pela Dinamarca. Trocentas horas de vôo. Serviram mais uma refeição e ele me pergunta:
- Será que tamo almoçando, tomando café da manhã ou jantando?
E eu respondi.
- Sei não, mas come, porque  não sabemos quando virá o próximo rango.

No mesmo vôo, ele me entrega o câmera, e fazendo pose com a bandeja recém-servida me diz:
- Tira uma foto minha com "a janta".
Quase não consigo, de tanto que achei engraçado.

No tempo da guerra contra o Irã, a maior diversão da negada, era esperar todo mundo dormir, silêncio absoluto no deserto, só cortado pelo ruido forte dos aviões que passavam de vez em quando. Então era o momento de pegar um montão de pedras e jogar em cima dos nossos alojamentos. A parte externa era de lata, e o barulho das pedras caindo, era tal e qual uma rajada de metralhadora. Sacanagem das brabas. Muita gente saiu correndo pelo deserto depois desta metralhada. Principalmente os recém-chegados, que eram os mais premiados e os melhores alvos.

Mais uma de susto. Os acampamentos eram cheios de quebra-molas pro pessoal não desembestar na velocidade. Então neguinho ficava acordado, só pra pegar caminhão caçamba vazio na madrugada, e passar zunando por eles. Outro barulho infernal de metralhadora, que também fez muita gente sair correndo pelo deserto à fora.

Outra boa, era peão fazendo conecção na Europa.
Peões éramos nós todos, antes que você diga que tô sendo preconceituosa.
Depois de tanta confusão que arrumaram, foi criado pela Iraq Airwais um vôo direto. Rio-Bagdá.
Inverno rigoroso em Londres, por exemplo. Neguinho tinha saído do Maranhão, 38 graus na moleira. Chegava no Hotel em Londres, tomava um banho e saia pra dar umas voltas como se tivesse em casa. Não dava 20 passos e voltava quiném uma bala.
- Que porra de frio é esse?
Nunca tinha ouvido falar em inverno, muito menos em neve e continuava com o traje que tinha trazido do verão maranhense.

Outra. Saia do Hotel pra reconhecer o terreno e fazer umas comprinhas. Com nossa moeda, que na época era o Cruzado. Não conseguia comprar nada e voltava pro Hotel reclamando.
- Raio de dinheiro esse, que não vale nada mesmo! Ninguem aceita!

Vários, no meio do caminho, tipo Londres, Kopenhage, queriam voltar. Desistiam da empreitada. E saiam a caça da rodoviária mais próxima. Muitos voltaram pro Hotel, pelas mãos da polícia.

Outros que voltaram pelas mãos da polícia, eram os que saiam sem ter noção de onde estavam, nem mesmo o país, e muito menos um cartão do Hotel. Depois de muito perder, eram rebanhados pela polícia local, que entrava em contato com nossa Embaixada pra saber quem eram aqueles ET's.,  e pra onde deveriam ser devolvidos.



Me lembro de um grupo grande que viajou comigo, almoçando em um Hotel em Roma.Veio a entrada, ninguem comeu, esperando o resto. Os garçons retiraram os pratos intactos. Veio o prato principal, que também não foi tocado, esperando o arroz e o feijão. Quando os garçons vieram retirar, quase apanharam. - Além de não trazer nada direito, vem tudo pingado e ainda levam sem esperar a gente comer!
A sobremesa foi devorada quase ainda na mão dos garçons.

Peão já na época de vir embora pro Brasil, depois de mais de ano enfurnado no deserto:
- Tem dois dias que não como. Deste lugar, não quero levar nem a merda!

Peão mais preto que urubu falando antes de voltar pra casa:
- Esse lugar acabou comigo. Quando cheguei aqui, era lourim de olho azul!

Uma coisa eu nunca entendi. Todo peão tinha na sua bagagem sabonete Phebo. Daquele preto.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Nevou do jeito que eu gosto...


Nevou lindamente. Neve sequinha, flocões, quase pelotas de neve. Coisa mais linda! Não me canso de admirar.


Rapidinho os galhos secos ficaram branquinhos. Só não devia estar agradando ao moço trocando o pneu do carro. Antes embaixo de neve do que de chuva!


Você já viu pé de algodão em flor? Se não viu, te apresento. Tal e qual. Lindo!


Cadê os passarinhos? Encondidinhos em alguma fresta, telhado, sótão. As casinhas vão precisar esperar o verão chegar pra receber visitas.


A cidadezinha do lado, ficou escondida em meio ao branco da neve. Só dava pra ver em frente de casa.



Tô ficando boa nisso. Não ficou legal esta foto? Parece algodão doce. Ou aquele palito com açúcar que me esqueci como se chama.


                                           E advinha o que fiz depois de bater esta foto?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quer começar um dia feliz? Passe um perfume gostoso.

Adoro perfume. Amo me sentir perfumada. Sinto a maior curiosidade em perguntar pra alguém que  tá com um perfume gostoso, qual o nome dele, onde a pessoa comprou. Já começei vários papos por conta de perfume. E ninguém fica com cara feia se você lhe pergunta:
- Que perfume você tá usando? É uma delícia!



Pode existir uma flor tão maravilhosamente colorida e linda como esta, e, que ainda por cima tenha um dos cheiros maios deliciosos de se sentir? Que pode, pode! Mas, Deus quando pensou na lavanda, tava realmente inspirado. Ou apaixonado! Deve ter sido uma de suas últimas criações. Tava apaixonado pelo total de sua obra e quis completar com uma planta linda e ainda por cima com um perfume único, que dura uma eternidade.

Tenho saches de lavanda de mais de dez anos. A cada vez que dou uma boa esfregada neles, o cheiro volta como se tivessem sido colhidas indagorinha as flores. Bom demais!



Esta região, que mais parece tirada de um quadro de pintura de Monet ou Van Gohg, se chama Gorges du Verdon e fica no sul da França. Região da lavanda. Aqui, ela se sente em casa e mostra todo o seu esplendor. "Gorge" em francês, quer dizer, - garganta, e em Verdon os desfiladeiras são entrecortados pelo Lac Saint-Croix, de deixar qualquer um de boca aberta. Bonito demais.


E, quando a gente chega nas planícies, a paisagem, que já era estonteante, fica melhor ainda, com a visão dos campos de lavanda.


Uma grande amiga, que mora em frente ao lago, ( mora mal...rs) me presenteou ano passado com um vidro de lavanda, feita em destilaria "à la ancienne" - quer dizer, à moda antiga. E eu usei o ano passado bastante, mas, economizando com medo que ele terminasse antes de eu conseguir um novo vidro.
Pedi a ela que me trouxesse desta vez, 1 litro. E ela trouxe. Acabei de receber. Imagine você o quanto eu tô feliz. Daqui a pokim já vou tomar meu banho, pra dormir já devidamente perfumada com meu novo presente.

Uma amiga trouxe e a outra querida me deu de presente. Ô sorte!!!!




Descendo a escada rumo ao meu quarto, com as mãos cheias de coisas, minha amiga me disse:
- Cuidado pra não cair e se machucar.
No que eu respondi:
- Machucar não é nada, só não posso é quebrar meu litro precioso de lavanda.


http://www.locations-moustiers.com/lavandes_hauteprovence/lavandes.htm
http://www.net-verdon.com/

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Vida de Princesa. Acha que tem graça? Tem não. Nenhuma!

Me impressiona como muitas pessoas conseguem ter uma vida tão regrada, tão cheia de horários e dias exatamente iguais durante anos e anos.

Quando trabalhei com a Princesa, em Paris - ( ver causus da princesa ) isso me deixou agoniada nos primeiros tempos. Depois, nem esquentava mais a cabeça. Cheguei a conclusão, que era a vida dela, não a minha. E que nada neste mundo iria fazer mudar uma pessoa de 70 anos.

Só pra você ter idéia, vou dar uma passeadinha em dia por lá.

Às 8 horas em ponto, nem 8 e 2 nem 2 pras 8 eu entrava no quarto dela, sem abrir a boca. Ia direto pra primeira janela, abria as cortinas, a janela, abria a janela de madeira de fora, que faz escurecer o quarto, grudava a porra da janela em um ferrinho senão o vento fechava ela e a Princesa tinha um troço. Ia pra segunda e pra terceira janela e fazia o mesmo. Saia do quarto, ia até o quarto de entrada que tinha uma mesinha e eu já havia colocado a bandeja com um bule cheio de chá, um pote de iogurte natural e uma cápsula de guaraná em pó. ( sim, o nosso) Entrava no quarto de novo e colocava a bandeja ao lado do travesseiro dela, e saia sem nem olhar na cara dela nem olhar pra trás. Jamais, em um ano que lá estive, foi dita uma única palavra nessa parte da  missão. Ah! Na bandeja tinha também o Jornal Figaro.
Saia do quarto e ia fazer o mesmo com todas as outras 11 janelas do apartamento. Chovendo ou fazendo sol.

Bão aí eu ia tomar meu café sossegada e cuidar da minha vida. Neste tempo, escutava a água da banheira e ela tomava seu banho exatamente na mesma temperatura. Tinha uma marca na torneira. Juro, que não tô inventadno nada. Tinha dia de lavar cabelo também. Me esqueci qual. Graças a Deus!
Às 9 horas ela saia do quarto linda e loira, já prontíssima pra ir até prum casamento caso houvesse algum às 10 da matina. Montada no salto e no YSL. Seu costureiro preferido e amigo do peito.

Normalmente ia até a bibliototeca, fazia alguma coisa, me dava a agenda pra eu ver dia dela. Quase nunca almoçava em casa. Muito menos jantar. Era raro.
E caia no mundo.

Se fosse almoçar em casa, o almoço era servido ao meio-dia em ponto. Nem 2 pra meio-dia nem meio-dia e 2. Sempre tomava 1 taça de vinho, e se eu fizesse alguma coisa em maior quantidade, ela reclamava, porque tinha que comer tudo. Não podia deixar. E se engordasse a culpa era minha. Se tivesse muito bom também. Reclamava, mas claro, que na brincadeira. Mas reclamava.
Depois do almoço se sentava na sala principal e eu levava um café pra ela com um quadradinho de uma barra de chocolate especial comprado em uma casa especial. Sempre. Nunca mudou. Se a barra tivesse 10 quadradinhos, dava pra exatos 10 dias. Evidentemente! Nada disso! Ela poderia comer duas barras num dia. Nunca comeu. Levava também um tablete de outro chocolate mais baratim pra cachorra dela.

Só eu mesma, pra ter vivido uma experiência assim!

Tô contando um dia como se ela tivesse almoçado e jantado em casa.

Depois do almoço caia no mundo. O que ela fazia já é outra história.

Assim que ela se levantava da poltrona na sala eu ia lá e fofava a poltrona. Jamais poderia entrar alguém na casa, e ver uma almofada com marca de bunda. Contra a realeza, imagino! Isso a qualquer hora do dia e se sentasse em qualquer almofada da casa. O que me dava ódio era a cachorra dela se esparramar na poltrona. Ocupava umas duas almofadas...rs. E eu tinha que fofar. Queira era fofar a mão na orelha dela. Do tanto que eu gosto de cachorro!

Bão, saracoteava a tarde toda e vamos à hora do jantar. Me esqueci de dizer, que toda segunda-feira de manhã a gente estudava a agenda dela e eu via se ela ia comer em casa algum dia e já fazíamos o cardápio da semana. Tudo absolutamente sem surpresa. Programou na segunda de jantar um peixe na sexta, poderia ter saido pra almoçar e ter comido peixe na sexta, que iria comer de novo à noite, sem reclamar.

Neste tempo eu fazia compras, saia pra qualquer coisa, ou ficava inventando moda.

O jantar era servido às 8:30 em ponto. Nem 8 e trinta e dois, nem 8 e vinte e oito. Antes, ela tomava uma boa dose de uísque só com gelo, e comia 10 azeitonas pretas, 4 rabanetes e 6 castanhas de caju.
Jantava em exatos X minutos, que não me lembro, e, não precisava me chamar pra levar a bandeja. Depois dos X minutos eu podia ir. Jantava vendo o Jornal na TV. Eu entrava e pegava a bandeja, que já tava exatamente todo santo dia no mesmo lugar, com tudo arrumadim, "exclusive" os caroços de azeitona na mesma posição e lugar.

Você não tá acreditando, né? Vou parar de contar então.

E LÁ VAI O DIMDIM!

E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...