Caso Princesa Puja....cont.
Já que a família da Puja não quer fazer o tratamento e eu entendo porque vai ser muito sofrimento pra ela, temos outras formas de ajudá-la em sua vida nada fácil. Carregar aquela perna pesada pra lá e pra cá com aquele corpinho magrinho é uma peleja.
No dia do pic-nic, ela estava na escola.
Falei mais de uma vez:
- A Puja também vai. Levem ela de moto, tuc-tuc, riquixá, não importa, mas ela também precisa ir.
E cada um saiu cumprindo sua obrigação. Eu fiz parte da turma que foi à pé com as crianças. Tinha o povo de moto levando as tralhas todas, e a bicicleta que puxava uma espécie de carroça levando as coisas mais pesadas.
Tudo bem.
Chegamos, muita solicitação por parte das crianças, e quando já íamos comer, me lembrei da Puja e perguntei pro Anup.
- Cadê ela?
- Ela não quis vir.
- Como assim, não quis? Já viu criança não querer brincar, se divertir?
-Seria muito difícil pra ela...
- Mas eu avisei...blá blá blá...
- Eu vou fazer uma marmita com tudo e o irmão dela leva pra ela comer. Disse ele tentando dar uma arrumada no erro.
- Ela tá cagando pra comer, ela tinha é que estar aqui se divertindo junto com seus colegas! Falei já irritada.
Enfim, naquela movimentação toda, não teve ninguém pra colocar ela em um carro e trazer. Ela diz que não quer e ninguém se preocupa. Já faz parte da paisagem o problema dela e já é normal ela não participar de muita coisa.
Me deu uma tristeza tão grande, que comecei a chorar, mas logo tratei de parar antes que alguem visse e quisesse saber o porque. Perdi o apetite. Fui a única que não comeu.
Na volta falei sério com o Anup.
Olhe, vocês já se acostumaram com a menina, mas ela precisa de muito amor, muito carinho, muita atenção.
Na viagem pra Varanasi, como a avó dela passou muito mal vomitando, quando a gente ia comer ela não queria e a Puja ficava do lado dela e dizia que também não queria. Eu pegava ela pelo braço e dizia:
- Você não tá passando mal e tá com fome. Vem comigo. Vamos comer sim.
Ela vinha e comia tudinho. No maior apetite.
-Você quer maçã?
A cabecinha fazia não.
Eu dava duas maçãs de cada vez e ela comia. Acho que nunca comeu tanta maçã. Não sei se foi a primeira vez, ou porque gosta mesmo!
No Hotel, mostrei o controle pra ligar a TV. Onde mudava de canal e onde controlava o som. Ficou doidinha. Deve ter visto TV a noite toda.
Criança pobre, sem recurso algum, com pais que não tiveram acesso à educação não tá acostumada a ser tratada como um ser que precisa de carinho, que gosta de carinho, que precisa de atenção, que gosta de atenção.
Aí foi a vez do Anup chorar.
Eu disse:
- Temos que tomar muito cuidado daqui pra frente. Vamos prestar atenção e não deixar ela de lado.
É o mínimo que temos que fazer.
Então me lembrei de uma espécie de triciclo, que as pessoas com deficiência física usam muito aqui na Índia. São duas rodas atrás, uma na frente, tem assento legal e na frente do assento uma manivela, que a pessoa vai rodando e faz movimentar a engenhoca. É um sucesso!
Falei pro Anup. Vamos ver quanto custa essa coisa e vamos comprar uma pra Puja.
Agora ele ficou esperto. Ontem mesmo já foi a Gaya e apressou, viu direitinho um modelo que ela dá conta de conduzir e ainda pode levar um colega. Imagino que vão subir na coisa quantos couberem. Mas, elas são resistentes. Falei pra ele escolher um modelo menor, que desse pra passar entre os becos e ruelas dos vilarejos.
Agora entra você meu querido leitor. Agora entra você nessa história.
A bicicleta custa 300 dólares. Mais ou menos 16.000 rupias. Não é muito, pensando na grande ajuda e alegria que ela vai trazer pra essa menina fôfa.
Quer me ajudar?
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Iêda Dias
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Breve, se Deus quiser estarei postando fotos da Puja toda feliz em seu meio de transporte.