sexta-feira, 25 de junho de 2010

Velório no Rio Grande

Em um início de noite, lá pelas bandas do Rio Grande, morre um garimpeiro, filho de família de pouquíssimas posses.
Começaram a chegar os amigos e curiosos e as perguntas não variavam. De que morrera, como fora sua morte, que idade tinha...
O rapaz estava sendo velado em um pequeno catre, colocado no meio de uma minúscula saleta, com chão de terra batida.
Já começava a escurecer. Foi acesa, na sala, uma lâmpada de, no máximo, 15 velas, uma verdadeira brasinha na esteira do teto.
Um dos presentes, que não tinha muita intimidade com os familiares do morto, levantou-se e, sorrateiramente, foi deslizando pela sala, chegando aonde pretendia, a cozinha. Lá, outra lâmpadazinha a iluminava e era melhor que a da sala, mesmo porque suas proporções eram mínimas. Notava-se que não havia nada para comer durante o velório. Em poucas palavras, borralho apagado.
O pretenso samaritano, receoso de passar a noite de velório sem nada para comer ou beber, chamou um companheiro, esse, amigo íntimo da casa, expondo-lhe a tragédia que se avizinhava.
O chegado da casa, desculpando-se por não ter condições para arcar com as despesas do "comes e bebes", teve então uma idéia: iriam todos ao dono da casa, para o alertarem e encontrarem uma solução.
Após quinze minutos de desculpas, o pai do falecido, aborrecido por não ter nada para oferecer, consentiu que o chapéu corresse.
Todos estavam cabisbaixos. Um deles aparece com o chapéu, solicitando um adjuntório. A cada hora, um era abordado.
Eis que, ao abordar um sujeito que se encontrava ao lado do defunto, foi logo dizendo:
- Amigo, nos dê uma ajuda para o velório.
Antes mesmo de receber a resposta, percebeu que se tratava do dono da casa e foi logo dizendo incontinente:
- O senhor não precisa colaborar, o senhor já entrou com o defunto.
Mais um causu tirado do livro "Causos e Causos", de Soter Antonio de Oliveira Pádua.

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