Passávamos a manhã de domingo brincando em
todos os brinquedos, morrendo de medo do escorregador que, pra mim, era
da altura do Empire States. Me lembro que uma vez minha mãe teve que
subir e me resgatar lá do topo, porque empaquei e a meninada gritava
- Desce! Desce! Desce!
E,
uma das coisas que mais amava, era ficar vendo o pessoal patinando. Não
sei se ainda existe, mas tinha um rinque de patinação e era bem legal.
Como a cidade é montanhosa, bicicleta e patins são dois elementos pouco
habituais do povo. Ninguém aguenta o sobe e despenca morro pedalando,
muito menos de patins.
E,
não sei porquê, nunca tive patins, nunca aprendi a patinar. Será que
era muito caro? Será que alguma vez eu já pedi pros meus pais? Não me
lembro! Mas, talvez, eu mesma nunca tenha falado nada porque, quando
criança, ganhei todos os brinquedos que pedi.
Quando
fui morar em Paris, me encantei com a leveza, facilidade, habilidade do
povo, sobre os patins. Descobri que criança ganha, desde que começa a
caminhar, o primeiro par de patins, de plástico, super coloridos,
parecem brinquedo, e daí, começa uma parceria, uma intimidade com as
rodinhas que vai seguir por toda vida.
Bicicleta também.
Sei andar de bicicleta e, durante toda minha infância, eu tive uma mas,
depois de adulta, não. Paris, como é uma cidade plana e ainda por cima
tem pista pra bike - que são respeitadas - todos andam na maior
tranquilidade.
Inventei de arrumar uma bicicleta, uma vez, e
quase morro atropelada. Realmente, a habilidade pra andar lado a lado
com os carros, eu não tenho. Sou atraída pelos carros; fico indo na
direção deles, então, desisti. Quiném falar uma outra língua. Você pode
falar perfeito, vocabulário maravilhoso, sem sotaque, mas jamais vai
falar como o nativo daquela língua, porque não nasceu ouvindo aquele
som.
Foi um belga chamado Merlim que, em 1760, inventou os patins.
E foi em NY que vi, pela primeira vez, alguém com patins online e
fiquei doidinha. E pensava: "se eu já acho que deve ser difícil
equilibrar em rodinha aos pares, estas, então, tenho certeza que não
consigo", mas estava muito enganada. Não que eu tivesse tentado, mas,
conversando com patinadores, eles contam que o equilíbrio é muito bom
nos patins online.
Quando o parisiense quer brincar de fazer malabarismo com os patins,
ele vai pro Trocadero, perto da Torre Eiffel, que é onde tem uma pequena
descida. Já passei horas sentada vendo a habilidade da meninada. É de
babar. Muito legal!
Tem também uma turma que patina em frente à
Prefeitura onde é plano, mas eles colocam rampas. E patinam com uma
perna só, e enfileiram latinhas e vem de frente, de costas, de lado,
passam entre elas, dois a dois, três, saltando, dançando... É um barato !
Indo a Paris, principalnmente no verão, você pode se deliciar com essa
turma que dá um show.
Dia 13 de junho, pra comemorar o 100º
aniversário da Federação Francesa de Patinadores, houve um passeio com a
presença de 6.000 pessoas.
Neste
link acima, tem um vídeo de um passeio de patins, que mostra o quê eu
acho legal, que é a polícia, também de patins, acompanhando e dando
apoio e segurança pra turma. Muito legal !http://www.ffrs.asso.fr/
Este é o link da Federação Francesa de Patins, se você quiser se inteirar sobre os passeios.
Existem
passeios organizados em vários pontos da cidade e eu já presenciei
alguns . Pode ser durante o dia ou à noite. O que mais me chama atenção é
a organização; a polícia francesa é muito interessante : tem policial a
cavalo, de bicicleta, de patins, de carro, a pé, depende da situação.
Nos
passeios de patins, vão alguns na frente, misturados no meio dos
patinadores e, também, no final. E sempre tem ambulância, também, no
final da fila.
Se você quiser participar, é só se informar no
site da Mairie de Paris (prefeitura) pra saber de onde vão sair e quem
tá indo; tem turma de veteranos, principiantes, tem de tudo. Não vá se
enfiar na turma de veteranos - que sai tardão da noite - se não for
phoda nos patins, senão vai ser engolido pelos pitbulls.
Como
já não tô mais na idade de me arriscar a quebrar uma perna ou a bacia,
deixo pra próxima encarnação essa história de andar de patins.
Por enquanto, me contento em assistir.
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