quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Era só o Wando cantar e o neném dormia tranquilo !



Assistindo ao programa da Maria Beltrão hoje à tarde, me lembrei de um caso bom.

Quem foi ao programa?
Wando. Querendo ou não meu caro leitor, você sabe cantar muita música dele...." doeu, ai, doeu ai, doeu ai, ai, ai, ai... doeu..."

Tava morando em Paris - era babá do pequetito que já falei aqui - e recebi de um amigo uma fita-cassete ( alô antiguidade!!! ) gravada direto do rádio. Eu adorava! Sempre fiz isso. Matava as saudades, naquele tempo que não tinha internet e ainda sentíamos saudades das coisas.
E, nessa fita , que tinha sido gravada num sábado à tarde, em todo intervalo de música, além da propaganda, o cara falava as horas: "Guarani FM..... agora são 6 horas da tarde de sábado....".
Era bom demais! Como num passe de mágica, era só colocar a fita e, a qualquer hora do dia, e em qualquer dia da semana, virava sábado à tarde, e todos tavam se preparando pra balada da noitada (balada tinha ainda não). Como será que se chamava? Sei lá, mas era muito bom.

E adivinhem qual a música que o gatinho mais gostava que colocasse na hora de dormir? "Você é a luz, é raio estrela e luar ... manhã de sol ... meu iá iá meu iô iô..." Era só dar uma embaladinha e o bichinho caía nos braços de Morfeu, lindo da vida.
E o melhor ainda : quando vim embora, ele já grandinho, a mãe me pediu -"Ô Ida ( francês não fala Iêda, nem que a vaca tussa ) será que você pode deixar a fita ?" Ela tinha medo dele estranhar, na hora de dormir, a ausência do Wando.

É claro que deixei!

Nunca contei pra ela que, aqui no Brasil, o efeito era outro. Ele acordava, despertava homens e mulheres... rs.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Paixão pela foto e perdidamente apaixonada pelo "ao vivo"

A primeira vez que vi uma foto da Catedral de Colônia, na Alemanha, pensei : "quero conhecer". Fiquei encantada com a suntuosidade dela.

E fui !

Tava passeando pela Europa e, não me lembro de onde vinha, mas me lembro como se fosse hoje : desci do trem na estação e, andando poucos passos fora dela, o que vejo? A Catedral. Levei o maior susto ! Dava pra ver de lado, porque a estação de trem fica atrás, mais pra baixo dela.

Foi muito engraçado porque, no mesmo segundo, virei de costas.

Não era assim que tinha sonhado em vê-la.

Como ela é enorme, imponente, pensei em chegar pela frente, pro impacto ser como sonhei. Quase corri na direção contrária. Tava cansada, queria me livrar da mochila, me instalar no albergue que tinha o endereço, um bom banho, depois sair pra conhecer o objetivo da minha estada naquela cidade.

Fui andando, com o mapa na mão, procurando um ônibus ou trem que me levasse ao albergue.

Me lembro que tava embaixo de uma ponte, ou viaduto, e parou um carro do meu lado com uma senhora.

Mochileiro, com mapa na mão, tá perdido. Ela perguntou se eu procurava albergue, eu disse que sim e mostrei o endereço pra que ela me ajudasse. Até hoje, não sei como nos entendemos porque ela só falava alemão e, eu um inglês fraquinho de dar dó. Até hoje, dá dó. Bom! Entendi que o albergue que eu procurava tava fechado, reformando, mas "entre aqui que te levo em outro".

Uma das vantagens de viajar sozinho, que adoro, é numa hora dessa. Você resolve e dá certo ou se ferra sozinho e fim. Com mais alguém, já vem o tal do" será que vamos, podemos confiar, não acha perigoso?" e a carona já cascou fora.

Eu pulei dentro do carro e lá fomos nós.

E ela foi me mostrando a cidade, não parava de falar e não adiantava eu falar, em inglês, que não entendia o que ela dizia. Imagino que nem ela, o que eu dizia, porque continuava no mesmo ritmo. Falei em português, em francês e, por fim, deixei rolar.

O mais interessante é que, como o inglês e o alemão têm muita palavra igual ou muito semelhante, às vezes eu entendia alguma coisa, fazia ligação com o gesto do dedo apontando, tentava entender alguma placa, realmente entendia e, aí, ela se entusiasmava mais ainda, porque achava que eu tava entendendo tudo.

Peleja!

E rodamos e rodamos e de, repente, ela entra num caminho pequeno, estaciona num pátio, sai do carro já carregando a minha mochila, eu na maior falta de graça mas, com aquele jeito alemão despachado dela, nem deu tempo deu pegar primeiro. Foi comigo até a recepção, me apresentou pra moça e juro que, no minuto que me virei pra abrir a bolsa da mochila pra pegar meu passaporte e entregar pra moça, ela desapareceu.

Quiném fumaça. Sumiu! Ainda fui até a porta, olhei no estacionamento e nem sinal.

Às vezes, penso que muitas das pessoas que me ajudaram nos "caminhos por onde andei" eram anjos disfarçados de gente.
Esse albergue, que não me lembro mais o nome, foi um dos melhores que já fiquei na minha vida. E tava vazio, então fiquei sozinha em um quarto, chiquérrimo. Pena não me lembrar do nome.

E depois saí, fui conhecer a Catedral e me apaixonei, mais perdidamente ainda, por ela, ao vivo. Ela é tão linda por dentro quanto por fora. Assisti uma missa de domingo. Foi lindo! Nem insisti em tirar foto, porque ela fica em uma praça pequena e minha câmera, na época, não captava além da altura da porta principal. Se você não tem uma câmera maravilhosa, compre o postal. Vale muito mais !

Eu dou sorte com igrejas. Depois conto o que aconteceu em Luzern, na Suíça.

Quando forem conhecer essa maravilha, prestem atenção as marcas deixadas pela Segunda Grande Guerra Mundial, nas paredes externas. Não foram restauradas de propósito.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Frase boa pra refletir e agir






" Qual marca você vai deixar na terra para que seu Deus fique contente?"




Artista de rua na França.

Agora de mala e cuia, volta a polonesa "em definitivA" pro Brasil





Estou, depois de uns anos em Cannes, já voltando pro Brasil, quando minha amiga cisma de vir morar aqui.

Assustei! Quem não se assustaria? É uma responsa danada! Uma senhora de mais de 90 anos... Pensei na trabalheira que iria me dar. Era como se fosse fazer uma adoção só que, ao invés de um bebê, seria um bebê de 90 e tantos anos.

Mas, como dizem os pais, se a gente pensa muito, não tem filhos, então não me aprofundei nas previsões do futuro e tomei a decisão.

Mas, antes, me sentei com ela pra conversar e explicar como seria.

Em primeiro lugar, não daria pra ela ficar comigo, na minha casa. É uma casa pequena e, confortavelmente, não teria como. "Não tem problema, estando com você tô feliz". Eu disse que ia chegar no Brasil e ver se, por acaso, teria um apto pra alugar e, então, veria o que fazer. E teria que ser no meu prédio.

E vim embora.
Moro no terceiro andar e descobri que tinha um apto no nono pra alugar. Começou bem !

Combinei com os filhos dela, e tive carta branca pra fazer e comprar o que precisasse.
E mãos à obra.

Corri atrás de fiador, aluguei o apto e comecei a montar o cafôfo.
Comprei mesa com 4 cadeiras, cadeira confortável pra ela fazer seu crochê, suporte pra colocar os pezinhos, cama-box bem igual a dela, mesinha de cabeceira, geladeira, fogão de duas bocas pra ela fazer seu bouillon, instalei telefone, TV a cabo pra ela ver os canais em francês e roupa de cama, utensílios de cozinha, etc. Tudo pra, no máximo, 2 pessoas. No caso de uma festança, pegaria as coisas da minha casa.

E comecei a desovar minha casa. Dei um limpa. Adorei! A casa tava entulhada demais. Levei quadros, pendurei nas paredes, enfeitei pra todo lado e o apto ficou fôfo. Muito mesmo! Claro, arejado, batia sol, coisa que o europeu preza muito. Enfim, pensei : "ela vai amar."

Era final de ano e, um amigo que mora em Paris, e viria passar o Natal com a família ficou incumbido de acompanhar a "encomenda". Ganhou até um upgrade da classe econômica pra primeira classe (oferta da filha dela).

E chegaram num dia super chuvoso, tiveram que fazer mudança de aeroporto no Rio, desceram aqui no aeroporto velho, saindo do avião direto na pista.

Mas ela tava feliz da vida. Achando tudo uma aventura.

Aventura que só tava começando. Chegando em casa, fomos tirando a roupa pra ela tomar um banho, até a calcinha tava molhada de chuva. Tadinha! Pinto molhado era pouco.

E a façanha continua no próximo capítulo.

A aventura só tava no primeiro dia.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

E a polonesa dá adeus aos novos amigos brasileiros


E a minha amiga voltou pro seu cantinho em Cannes.

Depois de 2 meses e meio aqui comigo, depois de conhecer meus amigos, minhas família, de ter comido só Deus sabe quantos pães-de-queijo, de ter se sentado comigo no Parque Municipal de Belo Horizonte, várias manhãs, fazendo o seu inseparável crochê, depois de ter me perguntado, logo a mim que não entendo quase nada de plantas, o nome de várias delas, flores, árvores, queria curtir cada folha e cada flor que ela nunca tinha visto antes.

E fomos a restaurantes e foi convidada pra almoços e jantares em casa de amigos e família. E foi paparicada como nunca jamais havia sido em todos os seus 92 anos de vida.

Não cansava de falar de Araxá, das termas, do quanto havia rejuvenescido, dormido e se alimentado bem.

Fomos nos despedir dos novos amigos que ela tinha feito nas tardes de Bridge. Quase rolou chororô do lado dela. Do lado brasileiro, normal. Povo chora sem vergonha. Só não rolou porque, como já disse, depois de tanta revolução, tanta guerra e tanta perda, parecia que as lágrimas ali já haviam secado. Tinha mais nenhuma rolando externamente não mas, por dentro, pelo que conhecia dela, já sentia a tristeza de estar voltando pra sua solidão, pra sua vida sozinha, com todo conforto, tudo bem! mas com quase zero de calor humano, de abraços, de beijos e de falação sem fim em seus ouvidos.

Foi embora com a bolsa cheia de mudas de plantas. E eu dizendo que elas iam morrer no abafado da mala e ela nem me ouviu, o que fez muito bem porque, quando voltei a Cannes, não é que todas estavam lá vivinhas da silva e lindas? Plantas tropicais brasileiras enfeitando a varanda francesa de uma polonesa muito querida.

Então, quem gostou das histórias da polonesa, vai pensar : "Que pena! Acabou? Não vai ter mais?"

Não se preocupem. Só fechei a história da vinda dela, pela primeira vez, ao Brasil, aos 92 anos.

Como assim primeira? Ela voltou, então?

Voltou minha gente e, desta vez, pra morar. Pra morrer aqui, segundo ela.

Como diz uma amiga :

"Voltou agora em definitivA."

domingo, 13 de dezembro de 2009

Fluminense e Coritiba, e a invasão de campo


Que capacidade de superação mais incrível, a dez rodadas do final do campeonato brasileiro, o Fluminense era uma terra arrasada.


Todos já tinham entregado os pontos, não dava mais, vamos pro grupo B. Não seremos o primeiro, pelo contrário, é porque somos o último. Mas daremos a volta por cima e com muita luta, muito trabalho duro de sol a sol, nós conseguiremos voltar ao grupo A. Se nós conseguiremos no próximo campeonato, porque não tentarmos agora, até como balão de ensaio, não temos nada a perder mesmo. E quando a gente não tem nada a perder até Deus duvida da nossa superacibilidade.

Mãos na massa, arregaçar as mangas, vamos ao trabalho. Terra arrasada é o quadro, talvez pior. Desmatar, destocar, arar, gradear, corrigir o solo, adubar, semear, irrigar, capinar, adubar, capinar, rezar pra chover, pra fazer Sol, pra bolsa subir, pra qualquer coisa. E trabalhar, suar, ficar bronzeado, bonito, vencendo cada etapa, jogando com os resultados dos outros, esperando o dia da colheita. E vem o dia, no campo do adversário, conseguimos o resultado,que alegria, que felicidade, vamos lamber a cria.

Mas ai é que entra a merda, a bosta, a praga de uma meia dúzia de três ou quatro, principalmente vindo de torcidas organizadas, financiadas por nós torcedores normais, e querem acabar com a festa do Fluminense. Invadem o campo, batem no juiz, bandeirinha, gandulas, polícia, imprensa, autoridades, jogadores, trabalhadores. Vão depredando, quebrando, destruindo tudo que vem pela frente.

Usando o que encontram como arma, passam com tratores em cima de tudo, quebram, põem fogo, destroem, vira uma batalha campal. Polícia, torcedores, jogadores, crianças, sangue misturado com suor, ambulância, helicóptero, tudo é usado, tudo ao vivo pra todo o Brasil, tudo filmado, comentado.

Não pode ficar impune. Os fatos, evidências, provas são incontáveis. Nossas autoridades confiscam imagens, editam, selecionam, divulgam, sitevulgam e, um a um, os responsáveis vão caindo, vão sendo presos, interrogados. Agora vem você dizer que não é bem isto, que ninguém foi preso, que as imagens não foram utilizadas, que ninguém foi denunciado, ninguém será julgado, que o ato não é criminalizado, é impunível, que não tem lei pra isso. Você está falando de um outro Brasil, de um outro jogo, de um outro campo, de uma outra invasão, outra destruição. Essas já viraram carnes de vaca e ninguém faz nada, mas em Curitiba, na arena da baixada, o buraco é mais embaixo.


dédédelas ( colaboração do leitor )

Millôr no domingo - descansando porque ninguém é de ferro !

Idade - " Só existe uma maneira segura de remoçar: é andar sempre com pessoas vinte anos mais velhas do que você."

sábado, 12 de dezembro de 2009

Porque hoje é sábado aqui e, em Paris...c'est la même chose!













Porque hoje é sábado, me lembrei de quando vivi em Paris.

Era muito engraçado! Uma das frases que a gente mais falava, principalmente no finalzinho da tarde ou à noite, era: "E o pessoal pensando lá no Brasil... eita povo de sorte, agora sabadão, naquela cidade deslumbrante... só Deus sabe o que pode estar rolando...."

E a gente ria muito. Por que?

Porque, quando se mora em uma cidade, ela passa a ser apenas uma cidade. Voce não passa todo dia ao lado do Arco do Triunfo e diz: "Olá Arco, como você é majestoso!". Você passa ao lado da Torre e nem vê, porque tá aproveitando pra tirar uma soneca entre o caminho de um trabalho pra outro.

Me lembro que, uma vez, passei pra pegar um amigo que trabalhava perto do Arco, na Champs Élisées e disse pra ele : "O Arco ficou lindo, hein?" (ele tava há muitos meses todo coberto, sendo reformado por conta de uma infiltração) Meu amigo disse: "Uai, já tiraram os tapumes?" Ele nem tinha visto.

Me lembro também da primeira vez que fui a Roma, conversando com um nativo e admirando aquela beleza de cidade, disse pra ele: "Você não fica louco de poder admirar todo dia essa beleza?" E ele: "hãn?" Juro! Demorou um pouco pra entender. Tinha nascido ali, dentro do Coliseu... rs.

Só sei que, lá como aqui, a semana é aquela correria, ralando o dia todo, enfrentando metrô lotado e sobe e desce escada, chegando em casa murtinho, querendo cair na cama.

Sábado é dia de lavar roupa, dar uma geral na casa, fazer supermercado.

Quem tá pensando em sair? Só queremos escornar no sofá e ver TV, que por sinal é muito ruim por lá (também não tínhamos cabo). Porque lá, como aqui, os canais convencionais são de arrancar os cabelos.

Mas então você pode dizer : "De que valeu esse sacrifício todo? Que vantagem Maria levou?"

Ah! Valeu muito. Valeu porque, como aqui, quando a gente saía num feriado ou de férias aproveitava muito. Comecei a aprender a língua aqui e lá melhorei. Conheci quase tudo que tive vontade e curiosidade de conhecer e, se voltar ainda N vezes, vou ter coisas pra conhecer. Fiz amigos maravilhosos, reformei minha casa no Brasil, ganhei dinheiro, gastei dinheiro e aprendi, aprendi muito e ri muito também.

E o que me dá maior prazer até hoje : posso mostrar a cidade pros amigos, passando por cantinhos, ruelas, praças e lugares que, provavelmente, sozinhos, dificilmente passariam. E contar os causus, porque em cada esquina, em cada bairro, já aconteceu alguma coisa que vale a pena ser contada.

E, pra finalizar, poder tá fazendo esse blog que tem me dado tanta alegria e prazer. Tudo isso só é possível, só posso dizer tudo que tenho dito, por conta do que vivi pelo mundo e por conta também dos "caminhos por onde andei".

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Já era apaixonada pelo Ipê Amarelo, agora então!

Navegando, descobri essa foto e não posso deixar de passar pra vocês. Leiam a reportagem no link abaixo. Só digo uma coisa : eita Ipê Amarelo porreta! Bem se vê que és brasileiro!
Cortaram o coitado pra fazer poste, mas ele não se deu por vencido. Vejam o que ele fez : refloresceu.


Aproveitando a deixa do Ipê Amarelo, me lembrei de uma história, que um amigo me contou há muito tempo, que não sei se é verdadeira, mas pode bem ser.


Interior de Minas, chegando na cidade dele, estrada estreita de terra e antes de uma curva fechada, lê-se numa placa: " CUIDADO ! IPÊ ! "


Ele contou que depois da curva tem um Ipê tão maravilhoso que já houve muito acidente. Povo baba nele e tromba no barranco.


Causus das Minas Gerais.


http://www.noticiaproibida.org/

Viajando à moda antiga com meu iPod e laptop !
















Como as coisas mudaram, e estão mudando, em tão pouco tempo e com uma velocidade difícil de acompanhar.

Me lembro que, quando comecei a percorrer "os caminhos por onde andei", o supra-sumo do chic era ter uma máquina fotográfica Canon, Olympus ou Minolta, e olha que não foi há tanto tempo assim, proporcionalmente ao grande salto informático.

Então tirávamos várias fotos, aquele monte de filme pra revelar e corríamos o risco de não encontrar nada, entrar luz na máquina, não ter registro nenhum da viagem. Era uma tristeza só !

Hoje, além de não perder foto nenhuma, ainda temos a possibilidade de apagar quantas vezes quisermos ou enquanto não ficarmos lindos, como queremos. A paisagem importa pouco !

Tô nessa sessão nostalgia porque, lendo o blog da Lina (que já recomendei aqui) o assunto de hoje era sobre a tralha que carregamos, pra viajar, nos dias atuais.

E tasca na mala e nos arquivos e nos bolsos, laptop, câmera, celular, iPod, pen-drive, Facebook, Google Maps, Skype, MSN... porque as pessoas pensam que não vão conseguir sobreviver sem isso tudo, não vão se encontrar, tem medo de se perder, deixar de comer, enfim, acho que a tecnologia ajuda muito, mas muita neura também atrapalha.

E muitos tem medo de perder a conexão com os amigos, família... "Como posso viver sem saber se tá tudo bem?" E eu digo com conhecimenro de causa : "Se alguém quer realmente te encontrar, não precisa estar com essa tralha toda. Nos dias de hoje, não existe a possibilidade de você não ser encontrado, aliás, existe sim, se você não quiser".

Mesmo assim, pessoas são encontradas no meio da multidão, em estádios. As câmeras não dão paz.

Não sei se é assim em todo lugar mas, na França, um ingresso de espetáculo, tipo estádios, ginásios, parques, traz escrito atrás que você pode ser filmado ou fotografado, quer dizer, já se isentando de qualquer processo.

Eu mesma já utilizo essa parafernália quase toda, claro!
Agora, sendo muito saudosista mesmo, era também muito bom o meu tempo de mochileira, que o único planejamento era uma rota pré-estabelecida, pra não ficar quiném nau sem rumo, "tonta como perú de véspera" como dizia minha mãe. O resto era uma caixinha de surpresas. Descobria tudo nos lugares : onde ficar, onde comer, conversando com as pessoas nas ruas, nos albergues, nas guest-houses, me perdendo, passando aperto, rindo, e o melhor de tudo, fazendo amigos.

Conheci cerca de 30 países nesse mundinho de Deus desta forma. Com um guia Routard no bolso achava que tava com Deus. Outros tempos ! Hoje, as pessoas saem de casa já conhecendo todas as pedras do caminho. Meio sem graça pro meu gosto. Acho que até modernidade tem limite. Já conhecem os museus de cor e salteado, sabem os caminhos, não se dão a possibilidade de uma surpresa, um cantinho simpático que não tava na rota, um nativo que te convida prum café, descobrir um restaurante ou um hotelzinho charmoso. Já saímos com dica de restaurante e sabemos até que prato saborear. "Quer ver o cardápio, sr.? Não obrigado já vi no Google".

Tudo programadim.

O melhor de tudo, na volta de uma viagem, era contar as novidades.
A gente se reunia pra não ter que contar N vezes o mesmo caso. Sessões de papos e fotos.

E matar a saudade das pessoas, quando chegávamos. Quem será que vai estar no aeroporto? Quem irá nos buscar?

Já cansei de chegar, nas últimas viagens, pegar meu ônibus ou táxi e vir linda e loira sozinha pra casa, porque ninguém tá morrendo de saudades. Ninguém pode ir me buscar no aeroporto. E nem precisava, a correria do dia-a-dia me deixa, inclusive, desconfortável em pedir uma carona. Precisa mesmo não! Nos vimos e nos falamos todos os dias pela internet, skype, já viram as fotos todas que foram tiradas, então não precisa correr pra me encontrar. Nostálgico sim, mas, triste, não! de forma alguma. Fui mudando e me adaptando aos tempos.

"Câmera digital? Tenho não." Descobri também que lugares lindos e paisagens deslumbrantes ficam guardadas na minha memória. Ninguém tá interessado em ver a foto.

E LÁ VAI O DIMDIM!

E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...