Talvez em qualquer lugar do mundo as pessoas sejam "julgadas" pela maneira como se vestem. Você saca de qual bairro, qual tribo, qual turma uma pessoa vem, pela roupa. Ou pelo menos tem uma idéia.
O que eu não acho legal, aliás me deixa muito brava é o que acontece em muitos estabelecimentos comerciais, bancos, hotéis aqui no Brasil. Você é logo bem vindo ou invísível dependendo do que estiver usando.
Normalmente eu sou invisível. Posso saracotear pelo lugar por vários minutos sem ser incomodada...rsrs...
Falo brincando com meus amigos mas é sério: eu com essa cara de pobre sou invisível na maior parte dos lugares aqui no Brasil. E quando sou atendida, até que prove o contrário não sou bem recebida. Provar o contrário quer dizer: tenho realmente grana pra comprar o que to procurando.
Tenho vários causus pra contar sobre minha experiência nesse campo e vou começar com este aqui.
Estava em Hong Kong passeando, cidade por sinal muito interessante. Um calor danado, eu de bermuda, camiseta regata, sandália e mochila nas costas. Estava com uma amiga, e enquanto ela entrava em um lugar fiquei olhando uma vitrine de uma joalheria. Como já trabalhei com pedras preciosas no Brasil, tava impressionada com o tamanho de uma esmeralda em um colar. Sei que é uma pedra difícil de trabalhar por ser muito frágil. Então aquele colar me chamou a atenção.
Não é que vem um senhor lá de dentro, todo engomado, chiquérrimo e me cumprimenta todo gentil! Tinha até um tipo fantasiado de soldado na porta com um uniforme lindo e ele nem piscava.
Esse senhor chegou prá mim e disse: gostou da jóia, pelo que pude observar... Eu, já acostumada a ser invisível no Brasil achei estranho. E ele continuou. Entre, vou te mostrar. E eu, não obrigada, só estou admirando mesmo porque...etc...etc...expliquei. E disse mais. Além de ser uma jóia que não usaria, nem grana pra comprar eu tenho, falei rindo. Ele nem ligou. Fez questão que eu entrasse, abriu cofre, tirou a jóia, me mostrou, conversamos, tomei suco, água gelada, enfim fui muito bem recebida. Dei bye e ele ainda me acompanhou até a porta.
Fiquei pensando: porque será que ele fez isso?E já tinha uma resposta. Em uma cidade como Hong Kong, por onde passam centenas de milhares de pessoas de todos as etnias eu poderia ser qualquer uma delas. Uma milionária excêntrica americana , uma princesa de algum pais africano, uma pesquisadora de jóias ou mesmo uma turista comum que gosta e compra.
Por dúvida das vias eles atendem bem a todo mundo.