terça-feira, 13 de outubro de 2009

Respeito é bom e eu gosto. Todos gostamos.




Talvez em qualquer lugar do mundo as pessoas sejam "julgadas" pela maneira como se vestem. Você saca de qual bairro, qual tribo, qual turma uma pessoa vem, pela roupa. Ou pelo menos tem uma idéia.


O que eu não acho legal, aliás me deixa muito brava é o que acontece em muitos estabelecimentos comerciais, bancos, hotéis aqui no Brasil. Você é logo bem vindo ou invísível dependendo do que estiver usando.

Normalmente eu sou invisível. Posso saracotear pelo lugar por vários minutos sem ser incomodada...rsrs...


Falo brincando com meus amigos mas é sério: eu com essa cara de pobre sou invisível na maior parte dos lugares aqui no Brasil. E quando sou atendida, até que prove o contrário não sou bem recebida. Provar o contrário quer dizer: tenho realmente grana pra comprar o que to procurando.


Tenho vários causus pra contar sobre minha experiência nesse campo e vou começar com este aqui.


Estava em Hong Kong passeando, cidade por sinal muito interessante. Um calor danado, eu de bermuda, camiseta regata, sandália e mochila nas costas. Estava com uma amiga, e enquanto ela entrava em um lugar fiquei olhando uma vitrine de uma joalheria. Como já trabalhei com pedras preciosas no Brasil, tava impressionada com o tamanho de uma esmeralda em um colar. Sei que é uma pedra difícil de trabalhar por ser muito frágil. Então aquele colar me chamou a atenção.


Não é que vem um senhor lá de dentro, todo engomado, chiquérrimo e me cumprimenta todo gentil! Tinha até um tipo fantasiado de soldado na porta com um uniforme lindo e ele nem piscava.
Esse senhor chegou prá mim e disse: gostou da jóia, pelo que pude observar... Eu, já acostumada a ser invisível no Brasil achei estranho. E ele continuou. Entre, vou te mostrar. E eu, não obrigada, só estou admirando mesmo porque...etc...etc...expliquei. E disse mais. Além de ser uma jóia que não usaria, nem grana pra comprar eu tenho, falei rindo. Ele nem ligou. Fez questão que eu entrasse, abriu cofre, tirou a jóia, me mostrou, conversamos, tomei suco, água gelada, enfim fui muito bem recebida. Dei bye e ele ainda me acompanhou até a porta.


Fiquei pensando: porque será que ele fez isso?E já tinha uma resposta. Em uma cidade como Hong Kong, por onde passam centenas de milhares de pessoas de todos as etnias eu poderia ser qualquer uma delas. Uma milionária excêntrica americana , uma princesa de algum pais africano, uma pesquisadora de jóias ou mesmo uma turista comum que gosta e compra.


Por dúvida das vias eles atendem bem a todo mundo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Ninguém quer saber qual é minha religião.


Quando eu digo que aqui no Brasil ninguém pergunta qual é nossa religião, o povo lá fora custa a crer. Outra coisa que ninguém pergunta é o sobrenome. Como você se chama. Iêda. E ponto.

As perguntas que rolam são: mora onde? onde nasceu? gosta de que música? qual seu signo? no Rio perguntam qual a Escola de Samba. E a campeã .... qual é o seu time?

Eu tava esperando minha sobrinha chegar de viagem no Aeroporto de Orly em Paris. Era uma sexta feira, o domingo do muçulmano.


Fui até aquele placar de parede pra ver se o vôo tava na hora, e tinha um árabe vestido com aquela camisola, o gorrinho, também olhando. Vestido com uma roupa típica deles. Junto com ele 2 filhos correndo pra lá e pra cá.

As crianças perguntavam se a mãe tava chegando e vi o nome da cidade que eles estavam observando. Nunca tinha ouvido falar. Naturalmente, perguntei pro moço. Você é de onde? Tunísia. Ah. Porque nunca ouvi falar nessa cidade. Onde fica? E começamos a conversar. Derrepente ele disse: você não é francesa né? Como aprendi francês em Paris falo com o sotaque do parisiense (segundo eles) então ele elogiou meu francês, obrigada, mas sabia que eu não era dali. Disse que era brasileira. Ele: sabia!!! Francês já não é muito de falar com árabe ainda mais quando estamos com nossa roupa, então logo vi que você não era daqui. Principalmente depois do 11 de setembro viramos um perigo! e rimos...

E ficamos papeando bastante, até que o vôo dele chegou antes do meu, e ele se foi.
Ele ficou muito surpreso quando eu disse que a gente tá pouco ligando sobre essa preocupação de onde você veio. Falei do Saara no Rio, da Rua dos Caetés em BH, e outros causos.

Eu Iêda, acho que o nosso maior problema é com grana. Nosso preconceito é com dinheiro. Tendo ele, podemos ser brancos, pretos, feios, bonitos, católicos, budistas não importa.
Tamo dentro.









Quem é essa senhora? Nossa Senhora, ora!!!!



De repente dentro do metrô em Paris apareceu um carinha e começou a conversar comigo. Até aí tudo bem, menino novo, árabe, recém-chegado da Tunísia, querendo se enturmar. E me comer. O que foi declarado poucos minutos depois. Mocinho mais objetivo e direto nunca vi.


Falei não, obrigada pela preferência mas não quero não. Mas não adiantou. Ele grudou no meu pé.


Mania de brasileiro querer ser gentil dá nisso. Aposto que não pegaria no pé de uma francesa. Ela não dá papo. Ok.


Saí do metrô e o Mané atrás de mim. Não desgrudava mesmo. Eu fui seguindo meu caminho e ele só no papo mole.


Quando passamos em frente a Notre Damme, resolvi dar um perdido nele e disse: "Até logo procê. Vou passar na Notre Damme".


No que, pra meu grande espanto, ele pergunta: "Quem é essa senhora?" Eu fiquei meio pasma olhando pra ele, mas não demorou muito pra eu raciocinar e foi bom esse tempinho, porque ia dar um cacete nele. Como pode não saber quem é Nossa Senhora?


Não disse nada porque perguntei a mim mesma : "Você sabe alguma coisa sobre a religião dele? Eles tem santos? O que tem dentro de uma mesquita?" E foram aparecendo mil perguntas sem resposta.


Muito legal e muito doido a gente ir descobrindo culturas.


Quanto ao Mané, não me lembro como me livrei dele.


Só me lembro muito bem, que não dei.


Ps:. Essa foto linda foi uma homenagem ao Rio, no ano do Brasil na França.

Fazendo o "Para Casa" lá fora. Fora mesmo. No parque.


Boa dica pra quem vai estudar no exterior.Minha amiga Vera e eu fomos pra NY uma época e ela entrou num curso de inglês.
Tinha aula pela manhã e à tarde. Almoçava na escola ou em algum lugar lá perto e voltava pra segunda etapa da peleja.
E descobriu um dia sem querer uma forma muito legal e prazeirosa de estudar e fazer os exercícios, quando sentou no Central Parque pra lanchar e foi tentando ao mesmo tempo ir fazendo um exercício do livro. Derrepente senta um senhor perto dela. Ela continua no lanche e na leitura.
Não precisa ser nenhum gênio pra descobrir quando a gente tá engatinhando numa língua. O senhor deve ter se compadecido dela, e 10 minutos depois estavam estudando juntos. Um barato.
Aí a Vera tomou gosto. Daí pra frente ia pra qualquer parque qualquer banco de praça e começava a estudar. E escolhia lógico se sentar com um idoso. Que é a turma que tá garrada na aposentadoria sem muito programa, porque lá como aqui a grana é curta, e duidinha pra uma prosa.
Se ela se sentava perto de alguém e ficava demorando a ajuda, ela mesma já pedia. Era só dar o start. Perigava as vezes de perder a aula da parte da tarde porque quase sempre o papo era muito bom.

O provérbio não nasceu pra todos.


Me lembro de um amigo que foi estudar no norte do mundo. Naquele lugar que rola frio a maior parte do ano e o sol quando aparece vem fraquinho, parecendo que tem vergonha de mostrar a pouca força que ele tem lá, pra esquentar o povo ávido de calor.
É muito bom ver o europeu aproveitando o sol. Basta ter uma fresta pra ele logo ir se chegando, puxando o decote colocando os braçinhos prá fora.
Então um professor pediu pra turma escrever sobre não me lembro qual o tema, e meu amigo escreveu bonito e finalizou com uma frase que ele achou seria grande de efeito:
"O sol nasce pra todos e a sombra pra quem merece".
E que grande efeito...pra que! Não deu outra. Foi um bafafá e uma discussão interesantíssima que durou por muito tempo.
Imagine eles tentando entender que aqui a gente procura uma sombrinha até do poste enquanto espera um onibus. Eu já tentei andar uma vez no Rio 40º em sombra de fio de luz. Juro por Deus.
Sem havainas não dá pra ser feliz naquela areia pelando.

5° vídeo #mesaposta

https://youtu.be/uE2S4Lcap8I?feature=shared   Espero que você goste!