terça-feira, 10 de novembro de 2009
Briga feia pela "Galette du Roi". A "fève" sempre é minha !
O dia 6 de janeiro, que é o Dia de Reis, na França tem uma comemoração mais animada do que a nossa. Eu acho.
É realmente um feriado.
Tem um almoço especial e pra mim o mais divertido é a hora de comer a Galette du Roi. É uma espécie de rosca ou bolo, redonda, muito gostosa, e é colocada dentro da massa antes de assar, uma figura normalmente em porcelana, pequenina de mais ou menos 2 cm, que se chama "fève."
Um adulto corta a galette no número de partes correspondente ao número de pessoas que vai comê-la. Quem sair com a "fève," é aclamado o Rei e ganha uma coroa dourada de papelão, que acompanha a galette quando a compramos.
Uma brincadeira bem pra divertir as crianças e elas adoram. A trapaça fica por conta do adulto que fez a divisão, porque ele muito sutilmente aperta todas as partes procurando onde está a "fève" e coloca este pedaço pra criança.
É uma festa quando ela encontra. Sou o rei! Sou o rei!. E aí, tem o direito de escolher sua rainha.
Aí, entra a parte que eu gosto, que é tentar tomar da criança a "fève" e dizer que "ela é minha, aquele pedaço deveria ser o meu, fui enganada mais uma vez," etc, etc. Uma farra só, porque eles levam a sério minha disputa.
Mas, dali a pouco tempo nem se lembram mais e eu recolho mais aquela, pra minha coleção. Já tenho mais de 40.
A coleção tá ficando linda....rs.
Dica do Leitor
Já que comecei, agora termino, ou melhor, continuo porque tem muito mais...
Algumas fotos do Parque de Meudon onde fica o Observatório. Lindo! E a torre vista de Meudon, com a Basílica do Sacré-Coeur ao fundo.
Em frente ao prédio, existe um parque enorme, onde fica o Observatório de Meudon, com um jardim enorme e lindo e, todas as tardes, durante todo o tempo que lá morei, passeei neste parque. Eu dizia que, o que andei naquele parque, dava pra ir e voltar ao Brasil umas 3 vezes.
Um caso vai puxando o outro e isso não vai acabar nunca...rs.
Desta feita, morava eu em uma cidade fora de Paris, chamada Meudon. Fora de Paris, mas do apartamento viamos a Torre Eiffel e íamos até ela em 20 minutos de carro. Como diz um amigo meu: "qualquer aglomerado de casas, eles colocam nome e vira cidade pra parecer que são grandes..." rs. Brincadeirinha, claro!
Eu morava no primeiro andar, cuidava de dois embondinhos que eram pequetitos na época. No segundo andar, tinha uma senhora que era babá de um menininho.
Em frente ao prédio, existe um parque enorme, onde fica o Observatório de Meudon, com um jardim enorme e lindo e, todas as tardes, durante todo o tempo que lá morei, passeei neste parque. Eu dizia que, o que andei naquele parque, dava pra ir e voltar ao Brasil umas 3 vezes.
E via sempre esta senhora com o garoto, bem mais comportada que eu, que fazia a maior farra com todos os meninos, enquanto as mães liam embaixo das árvores. A maioria levava a criança e achava que era suficiente. Tenho nada com isso não, mas a meninada vinha toda se encontrar com a gente quando chegávamos.
Essa senhora, pelo boa tarde e poucas outras palavras que trocamos,percebi que era portuguesa, mas como só falava em francês comigo, continuava a falar em francês com ela.
Um belo dia, ela bateu no apartamento, eu abri e ela veio dizer que o pequeno ia fazer aniversário e que tava avisando, porque, se houvesse barulho, era pra saber que não iria durar muito, blá, blá, blá. Coisas de europeu.
Viro eu pra ela e falo em português: " ok, não tem problema algum, festa de criança é assim mesmo." Ela me olhou com a maior cara de espanto e disse: " pá, xxxtou a percibere o que ixxxtais a dizere." Eu : "mas é claro, estou falando a sua língua." Ela: " mas como sabes falar a minha língua?" Eu : "porque sou brasileira e falamos português no Brasil."
É inacreditável, eu não entendia o porquê de tanto espanto. Ela parecia tá vendo um ET. Ou o Salazar ressuscitado. Não sei o que seria pior pra ela.
Continuamos a conversar e ela me perguntava coisas completamente interessantes, vamos assim dizer. Como vim parár ali, como eu vim. "Avião ? Andaxxxte de avião? É muito longe? Quanto tempo de Paris?"
Ninguém é obrigado a acreditar, mas ela morava com o marido e 2 filhos em uma cidade uma meia hora mais pra frente, e nuuuuuuucaaaaa havia ido a Paris. Era da casa dela pra Portugal, nas férias. Aí comecei a entender a falta total de conhecimento.
Quando ela me via colocar a mochila nas costas, com uma menina e empurrar o carrinho com o menino, dizendo que tava indo pra Paris, brincar no carrossel que tem ao lado da Torre Eiffel, ou ir ao teatrinho de marionetes, imagino que devia acender velas pedindo a Nossa Senhora de Fátima que me trouxesse com vida, depois de tamanha empreitada. E era uma aventura mesmo, porque pegava ônibus e metrô.
Nem podia sonhar em ir de carro, porque a melhor parte do passeio pras crianças, era andar de metrô.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Millôr rindo por último
E lá istavamos nóis a ixxxperare o ilevadoire, ora pois!
Eu trabalhava pra um senhor em Paris, que morava em uma cobertura no 12º andar onde tinha um pequeno jardim.
Um belo dia, ele me pediu pra descer com um vaso grande que, sei lá por qual motivo, não queria mais. Ia doar pro prédio colocar na portaria. Tudo bem!
Ele mesmo combinou com a zeladora e pediu pra que ela me ajudasse no transporte do trambolho. Ficou combinado que, no próximo dia que eu fosse trabalhar, chamaria a D. Maria pra me ajudar.
Como toda zeladora, ela morava em um pequeno apartamento no térreo, bem na entrada do prédio.
Cheguei e, antes mesmo de subir, chamei por ela. Muito gentil já estava a "mixperairi" ...
No edificio tem dois elevadores: um maior pra transportar mudanças e coisas grandes, e outro menor, mais bonito, atapetado, espelhado, pras pessoas.
Estávamos esperando o elevador, quando chegou primeiro o de pessoas. Fui entrando e ela empacou na porta dizendo: "não, não, não, pá! não p'demos istar a usaire exti ilevadoire, pá! ".
E eu: "uai, por que não ?" Ela: "esti é pra transpurtar pissoas, não p'demos carrigar o vaso neile."
Eu: "mas D. Maria, ainda não estamos com o vaso! Ainda vamos subir pra buscá-lo..."
Ela: "ah poixxx!! É virdadi, pá!!! Intão vamuxxxx, pá .... p'demos ir."
Estas zeladoras são mesmo "piturexcaxx"....raciocinam de uma forma realmente diferente da nossa!
Mico meu! Fernando Sabino se inspirou em mim...
Trabalhava eu em um prédio e o apartamento era no terceiro andar, mas meu quarto era no sétimo. Em Paris isso é muito comum, o último andar tem quartos que pertencem aos apartamentos. Cada um faz do seu o que quiser. Nesta época, eu estava sozinha no andar.
Sábado, inverno, resolvi dar uma geral no quarto, quiném vim ao mundo. Em casa é sempre assim.
E limpo e lavo e enxaguo e varro. Resolvi, só Deus sabe porque, dar uma varrida no corredor, pelo menos na minha porta. Como tava muito frio, enfiei uma camisetinha, que ia pouco abaixo da cintura, só pra dar a varridinha.
Você deve estar pensando: "já conheco essa história. O Homem Nu, do Fernando Sabino." Realmente a história é quase idêntica. E o aperto, idêntico.
Varri um tico e a porta ssxxlapt! Fechou atrás de mim. Evidente que só abria por dentro. Fiquei com aquela cara de " e agora ?" É uma sensação que não dá pra descrever.
Não me lembro quanto tempo fiquei ali esperando, tomar coragem pra fazer o inevitável: ir buscar uma chave no terceiro andar.
Tem um fato que, quem conhece a cidade, vai sentir mais ainda meu drama. O prédio é antigo, não tinha elevador, então colocaram um elevador daqueles abertos, que a porta fecha em sanfona, do lado de fora. Ele aterrisava no pátio ao lado da porta de entrada. Um cenário dos deuses pra quem tá pelado no sétimo andar e tendo que ir ao terceiro.
Depois de longos minutos pensando, resolvi enfrentar o frio e possíveis vizinhos. Benza a Deus que francês não fica nesse entra e sai de casa quiném a gente.
Puxava a camiseta na frente, a retaguarda ficava descoberta e vice-versa. Resolvi por bem proteger a dianteira.
Desci e fui tentar a sorte de achar a zeladora do prédio que morava na entrada, no térreo. Ela estava em casa. Como uma boa nativa, sentiu a tristeza da cena, não ficou me olhando, não riu (pelo menos na hora, não!) e foi correndo pegar a chave com minha patroa. Eu fiquei rezando pra família estar em casa. Enquanto esperava ainda tinha o cachorro da zeladora que agradou de mim e não saiu de perto, me farejando o tempo todo. Cena mais constrangedora não podia existir. Mas era melhor isso do que meu patrão abrir a porta e ver a "jeune fille au pair" de suas duas crianças, pelada na porta.
A moça voltou com a chave, peguei, agradeci e saí quiném um foguete, nem me preocupando mais com a traseira ao léu.
Só queria ficar livre daquela situação !
jeune fille au pair = Trabalho feito por estudantes. Normalmente buscam as crianças na escola à tarde e ficam até quando os pais voltam do trabalho, cuidando delas.
domingo, 8 de novembro de 2009
A "Princesa e Eu" a caminho de Avignon... e dá-lhe pum!
Claro que tenho fotos de lá, mas não vou colocar aqui. Então coloquei fotos de Avignon, que é uma cidade linda. Vale a pena conhecer.
Bom, chegou a semana da Páscoa e arrumamos as tralhas todas pra ir pra Avignon-sudeste da França, onde a princesa tem uma casa muito bonita. Bonita é pouco! Um casão maravilhoso, enorme, tipo haciendas mexicanas com vinhedo e campo de lavandas. Coisa de filme. Enfim.
Coisas de princesa!
Ela tinha trocado de carro. Saiu de um carro muito chic pra um outro mais chic ainda. Não entendo muito de carro, mas quando falei pros amigos qual era, todos falaram: Hooooooooooo!!!
Colocamos tudo que ela levava pra lá quando ia, quiném a gente quando vai pro sítio. Vai juntando, juntando coisas e vai aquele carro cheio até na tampa.
Carro lotado e ainda foi a cadela junto. Onde ? Esparramada em cima dos meus pés. Eu sou do tipo que aaaama cachorro. Com batata frita. Não gosto mesmo! Não adianta. Quem gosta não entende como pode um outro alguém não gostar de um bichinho tão fofo. Irkh !!!
E lá fomos nós!
A princesa tinha mania de bater seu próprio recorde. Pode uma coisa dessas ? Tinha acabado de completar 70 anos, era muito bonita e essa idade ninguém dava mesmo pra ela. Quando se tem grana e a natureza ajuda, a pessoa fica muito bem na fita até quando Deus quer. Deus tava dando uma força muito grande pra ela.
Em média, de Paris a Avignon são 6 horas. Pé dentro! E ela tentava diminuir esse tempo. E meteu o pé!
Até que teve uma hora que olhei no velocímetro, gelei e disse: "a senhora não acha que a gente tá indo um pouco rápido demais não ? Ela: "É mesmo, mas é porque não conheço o carro direito, deve ser por isso". E eu: "mais um motivo pra senhora tirar um pouco o pé." Felizmente ela me ouviu!
Aí vem o pior: a cachorra! Não sei se devido ao calor ou ao aperto de estar num lugar realmente muito pouco confortável, resolveu demonstrar seu desagrado, soltando pum no meu pé. Pum quente...um atrás do outro.
Virei pra princesa e disse: " Tá duro de aguentar." Ela : " O que?" Eu : "A fulana soltando pum quente." Ela: " Mas é normal, cachorro também solta pum, você não sabia?" Eu : "Claro que sei, mas normalmente não é no pé da gente. Muito menos no meu." Tive que segurar essa onda até chegar, porque o banco de trás tava lotado de coisa e não tinha onde enfiar aquela canseira.
Viagem peleja !
Valeu pela região que é maravilhosa e pela casa. Realmente uma das mais bonitas que já vi na vida. Procês terem uma idéia, era tão grande e tão cheia de coisa pra ver, que sabem o que descobri só no quarto dia que tava lá ?
Uma piscina! Enooorme!
Humor daqui tem nada a ver com o de lá
Estou eu indo pra Bretanha, norte da França, com a família que eu trabalhava. Férias de verão.
Eu era babá do piquitito que tinha 1 aninho na época. Vai fazer 21 agora em janeiro.... ui!!!
Chegando na casa da família, um lugar muito lindo, cidade pequena, mar azul, céu maravilhoso, me chamou a atenção quase em frente à casa um terreno enorme, com plantação de milho. Aquela beleza...cheinho de milho pronto pra comer cozido, ou assado na brasa. Hummmmm......já salivei.
Minha cabeça brasileira já pensando em me divertir ( doce ilusão ! ) foi pensando e pensei em voz alta : " eita que na calada da noite a gente pode dar uma baixa nesse milharal e roubar umas espigas pra cozinhar.....delicia!!!"
Sem pestanejar responde meu patrão: " Roubar ? Por que? Tem no supermercado pra vender."
Aí vem a parte mais broxante : Como explicar prum francês sério, que roubar uma meia-dúzia de espigas, não ia alterar em nada o curso da história, mesmo porque a plantação vinha até a rua, sem cerca nem nada. Era só uma farra,. quiném quando a gente tem galinheiro em casa e rouba a galinha do vizinho.... e ele rouba a da gente.
Ah! Xapralá...expliquei nada não ! E nem comi milho cozido naquele verão. Nem roubado nem comprado.
Assinar:
Postagens (Atom)
E LÁ VAI O DIMDIM!
E o dindin que você doou vai virar Q uero ver se até segunda-feira mando o dindim dos presentes dos tiukinhos. Ainda não mandei porque tem u...
-
O que mais tem pelas ruas de Bodhgaya é criança pelada. Outro dia trombei com esse embondinho e fiquei observando ele puxar com o maior ...
-
As fotos que fiz pro post de ontem, foram tiradas de dentro da Guest House onde estou. Só Deus sabe porque, coisas do Nepal, ontem viemos ...