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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Tivemos esta ideia há 30 anos atrás

Quando morei no Iraque entre 1979 e 1985 fiz muitos amigos. Todos fizemos.
Depois que voltamos ao Brasil continuamos a nos encontrar, tinha muito mineiro e muita gente de Belo Horizonte, o que facilitada.
Até hoje nos encontramos muito, alguns mais outros menos, mas eu que achei que quando me aposentasse ia ficar coçando e me encontrando com os amigos e tomando chá, café, rindo passeando, tava muito enganada.
Parece que piorou e não foi só pra mim.
Tá difícil de reunir o povo.
É um tal de marcar com muita antecedência, hoje eu não posso, tava indo e tive problema, apareceu uma dor não sei onde, uma peleja.
Eu tento mesmo assim e vivo rebanhando o povo por onde eu passo.
E nesses encontros vários que tivemos nos anos 90 (anos que eles foram mais frequentes) um dos assuntos favoritos era sobre o nosso lugar pra morar junto quando todo mundo ficasse mais velho.
Pra mim tá passando da hora de começar a organizar isso, porque daqui a pouco a familia de cada um não vai deixar mais a gente assinar nada, fora os alzheimer, os parkinsons, as caduquices e sei lá mais o que que pode estar programado pra cada um.
 
O melhor destes encontros era o tanto que a gente ria.
Cada um dava um palpite melhor que o outro e muitos já não vão rolar mais porque o mundo voou tanto nestes 30 anos, que os CD's de todos que seriam reunidos, filmes e fitas em uma só sala de cinema e TV,  já não existem mais, a água do filtro acho que pode continuar com a ideia de ser abastecida com rivotril...rsrs...a chamada do fim do dia pra ver quem ficou esquecido no sol desde as 8 da manhã, o roubo de guloseimas que temos esperança que nossos sobrinhos nos levem, enfim.


 
Nem que seja pra gente rir tudo de novo e mais ainda, vir com novas idéias, vou enviar cópia desse post pra cambada e assim que chegar ao Brasil retornaremos com nossos encontros.
Quem puder ir que vá e quem não puder vai no próximo.
Sem problema.
 
O prédio ou casa já tinha até nome. Vamos ver se continua o mesmo ou se teremos que reinventar...rs
 
 
 
 
Estes são dois exemplos da nossa idéia.
 

 
http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2015/05/condominio-exclusivo-oferece-refugio-para-idosos-na-paraiba.html


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Mesmo passeando não me esqueço e não paro de trabalhar para os meus tiutiukinhos
 
Doar é um ato de puro amor.
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Meu bem você me dá... água na boca!

Mais um causinho dos tempos do Iraque.
Trabalhei com um egípcio que era uma peça rara. Impressionante como o árabe aprendeu bem o português e falava quase sem sotaque. E, como a maior parte da turma que trabalhou por lá era de mineiros, ainda por cima falavam como a gente. Com o nosso jeitim e nosso sotaque.
Se você entrasse no restaurante e ouvisse o garçom dizendo:
- Qué mais um tiquim de caldim?
Iria ter certeza de que tava sendo atendido por um sujeito de Conceição do Mato Dentro. O nosso garçom preferido era o Maradona, que ganhou este apelido assim que chegou. A cara dele! Do jogador. A gente perguntava:
- Ô Maradona, a sopa tá boa?
E ele respondia:
- Ta uma água de batata. Muito rala...rssss      
Voltando ao egípcio, que era o Said, ele adorava música brasileira e cismava de querer entender a língua e eu vivia traduzindo frases; o que ele tá dizendo? o que ela tá falando? essa música é triste? é alegre? E porai ia.
Um belo dia ele veio me perguntar sobre a música da Rita Lee, Mania de Você. Tava aprendendo a cantar, mas queria entender,  porque ela pedia pro outro "dar água na boca 1, 2, 3, dela!" Porque se fazia isso no Brasil? Era comum dar água na boca de outro adulto?
Ele entendeu a letra ao pé da letra, literalmente... rsrs... Ri muito e quando expliquei pra ele o significado da expressão, ele entendeu e riu. Aliás, ao final de toda explicação ele dizia que na terra dele era a mesma coisa, e me dizia como se falava, em árabe. E eu  já esqueci tudo.
Era o Said, que me chamava de eidia, e o apelido ficou. Já contei o causu aqui. http://www.oquevivipelomundo.blogspot.com/2010/10/uma-brasileira-e-um-egipcio-se.html

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Quem pensa que o Brasil não é um país sério, é porque nunca foi ao Iraque!


Quem acompanha o blog tá acostumado, mas você que chegou agora vai dizer:
- Claro que isso é invenção! Imaginação muito fértil.
Nada disso. Verdadinha da silva.
Quando trabalhamos no Iraque, assim que entrávamos no país nosso passaporte era confiscado. Chegando ao acampamento entregávamos ao depto pessoal e ele passava pro Serviço de Imigração do país. Lá eles faziam sei lá o que com ele durante um longo tempo e depois nos devolviam.
Uma vez,  antes que ele fosse devolvido pra mim precisei do passaporte pra viajar. Era urgente o assunto, então fui eu mesma ao Serviço de Imigração em Bagdad pra recuperar o danado.
Lá, como aqui, o serviço público era muito moroso. Aquele povão enrro, quer dizer, trabalhando,  e uma demora do cão pra conseguir qualquer coisa.
Cheguei  até a sala que me foi indicada, passei os dados que me pediram e uma moça começou a procurar. Abriu uma gaveta daquelas de correr, onde os passaportes deveriam estar em ordem alfabética, e foi até o fim da minha letra, voltou no começo, começou de A a Z,  de novo de trás pra frente, recomeçou do meio, do meio pra frente, de frente  pra trás, e nada. Procurou em outras gavetas, pastas, pilhas e nada.
Eu já com medo dela desistir e me mandar voltar depois, coisa que seria impossível fazer, porque já ia viajar no dia seguinte, comecei a procurar junto com ela. Tinha a vantagem da capa verde, então todo montinho que eu via, qualquer coisa verde eu mostrava e ela procurava,  e nada!
Já quase no desespero, não sei como nem porque , olhei pro pé da cadeira onde a moça se sentava, e vi quatro passaportes empilhados, calçando pra cadeira não mancar. Dois eram de capa azul, um vermelha e o outro era verde.
Viajei tranquila no dia seguinte.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Brincadeirinha pra quinta-feira. Oncôtô? Ôncôtava? Parte 3

Lá vão mais algumas fotos bem velhinhas e com uma qualidade de uma xereta, tiradas nos idos dos anos 80/90.

Respostas lá em baixo.













1- Chegando a uma praia em Athenas, na Grécia, depois de passar pela roleta e já ter pago
2- Fazendo gracinha depois de um dia de compras em Bangkok, na Tailândia
3- Vendo a dança dos guardinhas da casa Presidencial em Athenas, na Grécia
4- Visitando um buraco onde  caiu um meteorito, no deserto do Iraque
5- Sentada com um amigo na escadaria da Ópera Bastille em Paris
6- Saindo de um banheiro público em Paris, dividindo por 2 a grana paga...rs
7- Passeando no parque Municipal de Belo Horizonte com uma amiga
8- Saudando o Rei da Malásia, em Bangkok, na Tailândia
9- Na estação de trem Saint Jean em Bordeaux, na França
10- Em uma fábrica de utensílios, enfeites e  jóias em jade, em Pequim, na China

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Brincadeirinha pra quarta-feira. Oncôtô? Ôncôtava?

Ando virando uma plagiadora (existe essa palavra? )  de teclado cheio.  O ponto  positivo é que eu conto de onde tirei a ideia. Sem pudor...rs. Esta aqui eu peguei no blog do Zeca Camargo. Ele sempre faz essa brincadeira com o leitor dele e eu adoro tentar adivinhar onde que ele tá.
Lá vão algumas fotos bem velhinhas e com uma qualidade de uma  xereta, tiradas nos idos dos anos 80.
Ôncôtava?
Respostas lá em baixo.















1- Bebendo água em uma torneira pública numa rua de  Bagdá-Iraque
2- Contemplando o Mar Morto pela primeira vez - Israel
3- Dando plantão na entrada do túmulo de Lázaro-Israel
4- Subindo a ladeira que leva a maravilha que é a Igreja de Marie-Madeleine, em Jerusalém-Israel
5- Imitando a estátua numa praça em Bangkok-Tailândia
6- No Mercado Flutuante perto de Bangkok
7- Saindo do vagão pra ver o estrago da trombada do nosso trem com um outro, em Linz,  na divisa da Áustria com Alemanha.
8- Conhecendo a Cidade Proibida, em Beijin-China
9- Em NYC com amigos
10- Olhando o Mar Jônico - um braço do Mar Mediterrêneo  na Península Ibérica,  enquanto atravessava indo da Grécia pra Itália
11- Comprando xale em uma loja de Kathmandu-Nepal
12- Passeando em Kerbala, cidade sagrada do Iraque. Toda vez que ouvia durante a guerra eua X iraque  " Kerbala bombardeada", me lembrava do quanto era linda a cidade. Uma pena!
13- Dentro de um monastério em Meteora- Grécia

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Causus e mais causus dos tempos vividos no deserto


Foram tantos... a gente não pensa no momento, mas muito do que  acontece em nossas vidas, deveríamos anotar. O tempo passa e a gente se esquece.
Adoro me reunir com os amigos dos tempos que trabalhei no deserto, pra gente se lembrar de causus, acontecimentos e rir muito. Tem muito causu de chorar também, mas destes a gente não quer se lembrar. Pra que? Não vai mudar nada, e, só vai fazer apertar o coração. Ao passo, que os causus engraçados, continuam engraçados e cada um que conta um "conto acrescenta mais um ponto".
Hoje me lembrei de alguns e vou contar antes que me esqueça de novo.

Peão de obra comigo no avião, num vôo Bagdá-São Paulo, cortando caminho pela Dinamarca. Trocentas horas de vôo. Serviram mais uma refeição e ele me pergunta:
- Será que tamo almoçando, tomando café da manhã ou jantando?
E eu respondi.
- Sei não, mas come, porque  não sabemos quando virá o próximo rango.

No mesmo vôo, ele me entrega o câmera, e fazendo pose com a bandeja recém-servida me diz:
- Tira uma foto minha com "a janta".
Quase não consigo, de tanto que achei engraçado.

No tempo da guerra contra o Irã, a maior diversão da negada, era esperar todo mundo dormir, silêncio absoluto no deserto, só cortado pelo ruido forte dos aviões que passavam de vez em quando. Então era o momento de pegar um montão de pedras e jogar em cima dos nossos alojamentos. A parte externa era de lata, e o barulho das pedras caindo, era tal e qual uma rajada de metralhadora. Sacanagem das brabas. Muita gente saiu correndo pelo deserto depois desta metralhada. Principalmente os recém-chegados, que eram os mais premiados e os melhores alvos.

Mais uma de susto. Os acampamentos eram cheios de quebra-molas pro pessoal não desembestar na velocidade. Então neguinho ficava acordado, só pra pegar caminhão caçamba vazio na madrugada, e passar zunando por eles. Outro barulho infernal de metralhadora, que também fez muita gente sair correndo pelo deserto à fora.

Outra boa, era peão fazendo conecção na Europa.
Peões éramos nós todos, antes que você diga que tô sendo preconceituosa.
Depois de tanta confusão que arrumaram, foi criado pela Iraq Airwais um vôo direto. Rio-Bagdá.
Inverno rigoroso em Londres, por exemplo. Neguinho tinha saído do Maranhão, 38 graus na moleira. Chegava no Hotel em Londres, tomava um banho e saia pra dar umas voltas como se tivesse em casa. Não dava 20 passos e voltava quiném uma bala.
- Que porra de frio é esse?
Nunca tinha ouvido falar em inverno, muito menos em neve e continuava com o traje que tinha trazido do verão maranhense.

Outra. Saia do Hotel pra reconhecer o terreno e fazer umas comprinhas. Com nossa moeda, que na época era o Cruzado. Não conseguia comprar nada e voltava pro Hotel reclamando.
- Raio de dinheiro esse, que não vale nada mesmo! Ninguem aceita!

Vários, no meio do caminho, tipo Londres, Kopenhage, queriam voltar. Desistiam da empreitada. E saiam a caça da rodoviária mais próxima. Muitos voltaram pro Hotel, pelas mãos da polícia.

Outros que voltaram pelas mãos da polícia, eram os que saiam sem ter noção de onde estavam, nem mesmo o país, e muito menos um cartão do Hotel. Depois de muito perder, eram rebanhados pela polícia local, que entrava em contato com nossa Embaixada pra saber quem eram aqueles ET's.,  e pra onde deveriam ser devolvidos.



Me lembro de um grupo grande que viajou comigo, almoçando em um Hotel em Roma.Veio a entrada, ninguem comeu, esperando o resto. Os garçons retiraram os pratos intactos. Veio o prato principal, que também não foi tocado, esperando o arroz e o feijão. Quando os garçons vieram retirar, quase apanharam. - Além de não trazer nada direito, vem tudo pingado e ainda levam sem esperar a gente comer!
A sobremesa foi devorada quase ainda na mão dos garçons.

Peão já na época de vir embora pro Brasil, depois de mais de ano enfurnado no deserto:
- Tem dois dias que não como. Deste lugar, não quero levar nem a merda!

Peão mais preto que urubu falando antes de voltar pra casa:
- Esse lugar acabou comigo. Quando cheguei aqui, era lourim de olho azul!

Uma coisa eu nunca entendi. Todo peão tinha na sua bagagem sabonete Phebo. Daquele preto.

domingo, 7 de novembro de 2010

Dando lugar no ônibus pra uma foto

Entre as maluquices que vi e vivi nos Caminhos por onde andei, o Iraque deve ter sido o campeão dos causus.
Estava em um acampamento da empresa, que ficava há uns 30 kms de Bagdá e tinha um ônibus que fazia este percurso, levando e trazendo funcionários, mas alguns nativos também pegavam carona nele.
Então, peguei o ônibus, que tava bem cheio, rumo à capital iraquiana. Não me lembro bem, mas, acho que eu  tava em pé. Até aí, nada demais, porque continuaria assim até o final dos meus dias. A não ser brasileiro, jamais um iraquiano daria lugar pra uma mulher se sentar. Sem problema. Cultura é cultura e não seria eu que embarcaria em uma canoa furada, de querer mudar o sistema.

Acreditando ou não, não é que entra um sujeito com um quadro enorme, quase do tamanho dele, com uma foto do então presidente Sadan Hussein.  Aí, foi engraçado demais. No que ele entrou com aquele trambolho, vários homens fizeram mensão de se levantar pra dar lugar pro quadro, mas só um mais esperto foi honrado com tamanha honraria : ceder seu lugar pro retrato do homem.
E em pé ficou até o final da linha, ajudando a segurar o quadro no maior orgulho do mundo. Como se tivesse segurando um andor do Cristo, na Festa do Divino de Diamantina.
Este tipo de foto, tinha pra todo lado que a gente fosse; em todas as salas do escritótio da empresa que eu trabalhava, em todas as lojas, supermercados, mercados. Repartições públicas, então, eram lotadas deles; e na rua também. Era o homi em toda forma e estilo: com farda, terno, uniforme de guerra, com aquele pano palestino na cabeça...de todo jeito.

Me lembro de uma colega de escritório, iraquiana, que trabalhava em Bagdá, que tinha uma foto desta, bem grande em sua sala, bem atrás da cadeira dela. Num triste dia, ela recebeu a notícia de que o irmão dela tinha morrido na guerra, contra o Irã - garoto ainda. Ela se descontrolou total. Não sei se foi vítima de alguma represália, mas foi a única vez que vi alguém com ódio do Sadan e manifestando o rancor. Ela esmurrou a foto até ficar exaurida, e falava tudo que nunca pôde dizer em toda sua vida. Não conheço muitos palavrões em árabe, mas esse dia tava bom pra aprender todos eles e mais algum que ela deve ter inventado.
Lavou a alma, a pobre coitada.

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma brasileira e um egípcio se entendendo no deserto

Eu já falei algumas vezes, mas não me lembro se já disse aqui. De qualquer maneira, como o povo sempre pergunta, lá vai a explicação e fica registrado no post.
De onde surgiu esse "eidia"?
Quando trabalhei no Iraque, além dos iraquianos, tinham trocentas outras pessoas de várias nacionalidades. Entre elas, tinham os egípcios. Muitos. E, junto comigo, na secretaria da empresa, trabalhava um que era uma graça de pessoa, muito fôfo, mas não conseguia falar meu nome nem a poder de porrete. Depois de inúmeras tentativas, desisti, e ele falava como conseguia : Eidia.
Eu dizia:
- Fala:  I, ê, da.
Mais simples impossível, né? Pra nós, cara pálida. Pra ele era uma luta. Ele repetia o i, o ê,  o da e, quando juntava as sílabas, saía : eidia. Era muito engraçado. E, dali pra cá, meus amigos começaram a me chamar assim. Então ficou.
Said - é o nome dele. O que estará fazendo o Said, a essa altura do campeonato? Tenho o telefone dele e vou tentar achar o danado, agora em novembro, quando for ao Cairo.
O Said era doidim com música brasileira. Me fazia cantar pra ele, pra pegar o som, o jeito, as palavras, e traduzir as letras também. Pode ? Em que língua a gente falava ? Numa mistura de árabe, com português, inglês, gestos, desenhos. Valia qualquer coisa.
Imaginem a cena !  Eu tentando explicar ao Said  "da manga rosa, quero o gosto e o sumo, melão maduro, sapoti, joá, jaboticaba teu olhar noturno, beijo travesso de umbu-cajá..." Por mal dos pecados, quando trabalhei no kibbutz em Israel, achei outro, desta vez um judeu, doidim com Alceu Valença e tive que traduzir também pra ele a mesma música. Que sina a minha! Alceu Valença, não sei se sonha que fazia, ou ainda faz, quem sabe,  sucesso por aquelas bandas. Eu dizia:
- Olha, a metade destas frutas, nem eu mesma nunca vi. São coisas de outra região do Brasil, lá do norte. Conheço não.
Como alguém que anda 12km  ( em Israel ) e acha que fez uma viagem, pode entender que eu não conheço uma fruta de outra região, do meu próprio país? Vai explicar!

Tem outra ótima do Said.
Quando ele me enchia o saco, eu falava que ele era uma íngua.
-Você é chato demais, Said! Que íngua!
Ai Jesus! Um belo dia, ele quis saber o que era íngua. Vai explicar também, isso prum árabe.
Mas, eu consegui. Expliquei a causa, até chegar na íngua, e ele falou:
- Ah!  Entendi.  Por que não disse antes? É الدبل
Agora ficou fácil, né?
(Só pra sacanear procurei no Google...rs.)

Duro foi que, daí pra frente, ele também começou a me chamar de íngua, quando eu enchia o saco dele. De histórias assim eu tenho saudades.
O feitiço virou contra a feiticeira.

Tem mais ! Depois eu conto !

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sábado, 28 de agosto de 2010

Saudades do Iraque...quem diria!

Estas fotos me fazem lembrar, meus tempos morando em acampamento no Iraque. Era assim? Os refeitórios eram assim? Tinha esse monte de opções e de coisas boas pra comer? Claro que não! Evidente que não! A empresa era brasileira.
Tínhamos refeitório legal e comíamos tudo do melhor, na medida do possível (já contei sobre isso aqui). Às vezes, passávamos semanas sem comer nenhum legume ou verdura fresca; era um tal de ervilha, palmito e azeitona, que não era fácil. Mas, a culpa, era da própria dificuldade em tempos de guerra - contra o Irã - com portos fechados. Então, não tinha como chegar até a gente um monte de coisa. E me lembrei também de mais um empecilho : o comércio paralelo; acontecia muito de caminhão sair de algum lugar com frutas, legumes e chegar no acampamento com quase nada da carga. Era vendida pelo caminho pros nativos. Graninha fácil, feita pelos motoristas.

Já com os EUA a coisa foi diferente. Eles mesmos é que devem transportar o que consomem. Imagino eu.
De qualquer forma, tenho certeza absoluta que, a grande maioria destes soldados, vai sentir muita falta destes refeitórios. Ninguém tem em casa, uma infinidade de opções no dia-a-dia. Nem em dia algum.

Eu, que já trabalhei durante muitos anos em cozinha industrial, sei muito bem o quanto custa a montagem de uma cozinha assim. Coisa de primeira linha. Levaram tudo dos EUA. Nada do que você vê nessa foto, foi comprado no Iraque. Pode ter certeza. Até a mão-de-obra foi importada. Viram as carinhas do povo?
Chineses, indianos, egípcios.
Até a Coca-Cola entrou. No nosso tempo só tinha Pepsi.

A única coisa que identifico, como criação iraquiana, é a decoração. Bem ao gosto deles.

Guerrinha cara essa ! Só por curiosidade, entre em um site qualquer e veja quanto custa um balcão deste de saladas. Vai se assustar.Guerra realmente é um bom negócio pra muita gente; é muito neguinho que arruma a vida com ela, por isso, a grande dificuldade em dar fim a um estorvo desse. Ninguém quer deixar de ganhar. É o famoso "nego quebra a dentadura, mas não larga a rapadura."
Estão nem aí pras pessoas que tão perdendo tudo que tem; inclusive a vida.
A grana gasta com estes refeitórios é só um grãozinho de areia . Mas vários grãos fazem uma grande diferença.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Chovendo barro e areia no deserto.

Se eu visse essas imagens sem nunca ter vivido essa situação, acharia que era uma montagem ou um efeito especial produzido por Roliúdi ou mesmo pela Central Globo de Produções.
Mas não é não.
Vou tentar me lembrar exatamente como foi o dia que vi pela primeira e única vez, um Mohamed. Como assim, Mohamed ? Este foi o nome que nós, que trabalhamos no Iraque, demos às tempestades de areia, porque, toda vez que começava a ventania, os árabes começavam a chamar "Mohamed! Mohamed!" como os católicos chamam por Deus e cada um por aquilo que crê, quando sente que a situação tá ficando russa.

Me lembro que tava sozinha no meu alojamento, era horário de almoço, quando começou um barulho muito forte. Era o som do vento, só que, no deserto, esse vento fica parecendo trovão, talvez devido à amplidão, ao grande espaço que ele tem pra expandir seu som naquela planície com um campo de visão de 360º.
Olhei pela janela e o tempo tava mudando, como se fosse chover; tempo empoeirado. Nessa época, não tinha telefone no acampamento e, muito menos, nos nossos quartos. Não dava pra ligar pra qualquer pessoa pra compartilhar aquela doideira e, o barulho junto com a areia misturada com terra, foi aumentando, subindo, foi ficando escuro e eu grudei na janela. Como não sabia que ia ver uma verdadeira tempestade de areia no deserto, não tive medo algum, só olhava.
A melhor coisa do mundo é a ignorância. Se eu soubesse o que ia rolar, com certeza a coisa teria sido muito diferente.
Uma tempestade de areia é um desastre como uma grande enchente, um furacão, tufão, incêndio : passa com rapidez e deixa um rastro de transtorno e perdas e danos enormes.
Dentro da minha santa ignorância, só achava aquilo o maior barato. Essas fotos são de uma tempestade no deserto do Iraque, não a que eu vi, mas os nossos alojamentos eram exatamente assim. Esse aí da foto é um acampamento do exército iraquiano (deve ter aí muita coisa aproveitada do nosso) então, foi essa a visão tal e qual eu vi da janela do meu quarto. Veio vindo uma imensidão de areia e terra - a cor era mais de terra - e a nuvem era muito alta. De repente eu não vi mais nada, porque a "fumaça" cobriu o acampamento por algum tempo e virou noite total, completamente escuro, e eu na janela com areia pra todo lado (me lembro que mastigava areia) que entrou por todos os buraquinhos e frestas de todos os quartos, escritório, hospital, cozinha, tudo. Durante muitos dias, ficamos limpando e tirando areia de dentro de tudo -até numa caixa fechada, tinha areia dentro. Uma loucura !

Aí, aconteceu uma coisa que jamais tinha visto - além do que já tava acontecendo : começou a chover barro; era um barulho danado do barro batendo no teto, nas paredes e na minha janela. Chovia pelotas de terra e choveu forte, choveu, choveu, e aos poucos foi limpando o tempo. As pelotas de terra foram ficando menos duras, mais molhadas e a lama escorria do teto. Muito maluco ! E a chuva continuou até ficar chovendo água limpinha. Da mesma forma que veio, tudo voltou ao normal. Abri a porta do quarto, e olhei o deserto. Tava sequinho, com uma poça de água aqui outra ali, mas pude sair normalmente.

E a conversa geral era só uma. Cada um contando como viu e o que sentiu com aquela experiência totalmente nova.

Depois disso tudo, veio uma das mais lindas tardes que já vi na minha vida. Parecia que toda aquela força da natureza tinha lavado a alma do deserto. O céu ficou com uma cor maravilhosa, tudo ficou lindo e só os árabes não achavam graça alguma. Foi aí que fiquei sabendo dos desastres. Nosso acampamento era bem sólido, então não teve casa saindo voando, mas os vilarejos pobres da região, ficaram sem luz, postes caíram, animais morreram, a areia entrou nas casas destruindo muito e deixando um estrago como quando chove e as pessoas ficam com 50 cm de água dentro de casa. Nessa época, também entendi porque as casas deles não tem telhado. Óbvio, né não?

E, durante dias, muito longe do acampamento, quilômetros pra frente e pra trás, andando pelas estradas, a gente via papéis do nosso lixo; muito papel porque, como foi tudo de repente, todo o papel que tava nas lixeiras - que eram tambores grandes - voou pra onde o vento tocou.

E o pessoal da lavanderia também teve trabalho dobrado : tudo teve que ser lavado. Não tinha um único lugar onde não tivesse terra e areia.

E, pra finalizar, uns dez dias depois, o deserto se transformou em várias partes dele num lindo tapete. Verdinho. Incrível. As sementes estavam lá, quietinhas, encondidas entre as pedras a terra e a areia, só esperando um pouco de água, pra se nutrirem e mostrar sua beleza.

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