Alguém me lembrou de um caso muito bom, acontecido com uma amiga.
Eram muitos irmãos, família mineira, de perto de Diamantina, cinco mulheres e três homens. Como em toda cidade pequena, o povo vai saindo da escola e vindo pra capital fazer faculdade (já adianto que esse caso é antigo). Hoje, existe faculdade em qualquer canto desse país, e brotando quiném capim. Às vezes, a maior dificuldade pra entrar numa escola dessas é apenas atravessar a rua.
Bom! E foi vindo uma, vindo outra, vindo outro, então, junto com o pai, compraram um apartamento em Belzonte, por conta desse trança-trança. Se mudaram pra cá e cada um foi tomando seu rumo.
E arrumaram uma moça, lá do interior desse interior, pra vir ajudar na lida da casa; moça boa, de confiança e asseadinha, como diziam nossas avós mineiras.
E era um tal de compra isso, compra aquilo pra casa nova, toda hora precisando sair comprar mais um item da lista que não tinha fim.
Então, uma das minhas amigas, chegou tarde pro almoço um dia e almoçou na mesa da cozinha mesmo.
Nessa época, além de tudo que ela fazia, cismou de aprender piano. Entrou pra aula e tava pelejando com as teclas. Adorando, porque era um sonho desde criança.
Foi num momento desse, que, ela, tranquila, comendo seu pratinho requentado pela fiel escudeira, começou a pensar e sonhar com o piano. Ainda não tava na hora mas, o amor por ele era tanto, que tava louquinha pra comprar um.
E nem percebeu que tava falando alto: "Não sei se compro o piano agora, preciso pensar melhor, é um investimento muito caro, mas ia me dar tanto prazer" e foi misturando o pensamento, viajando naquela maionese, até o momento que foi trazida de volta pra real, com a voz da empregada dizendo: "Já que você vai sair pra fazer compra, aproveita e compra uns gaufo, porque tem muito pouco na casa".
Essa mesma moça, fez um bolo de comer de joelhos, quando fui visitar a turma um dia. Uma amiga e eu. Minha amiga ficou tão entusiasmada com a delícia, que resolveu pedir a receita,
no que ela de pronto foi dizendo: "Ovo, farinha, fubá, leite, fermento, se tiver, se não tiver serve bicarbonato, se não tiver leite, coloca caldo de laranja, sal... " e foi metralhando os ingredientes sem dar nem tempo de tirar uma pequena dúvida. Quando ela deu uma respirada, minha amiga aproveitou e perguntou: "Como assim? Peraí um pouco. Eu não sei cozinhar direito, preciso que me passe as medidas certas, tempo de preparo, tudo, senão não vai dar certo". E ela, na maior simplicidade do mundo, daquela simplicidade que me faz chorar emocionada, falou com a melhor cara do mundo: "Tem medida não, bôba, é tudo pros cocos, vai pondo que dá certo sim, cê vai ver".
Minha amiga nada mais disse; guardou o papel que tava anotando pra jogar fora quando saísse da casa.
Não iria ser indelicada com quem teve tanta boa vontade em ajudar.
A propósito, gaufo é vulgarmente chamado de garfo, em algumas rodas.
hehehe
ResponderExcluirSó uma curiosidade, o q é aquela roda escura no canto superior do ultimo desenho? Ou eu já to meio lerdinha msm de sono.
bjim
Maga, parece uma carinha....sei tb. não...rs
ResponderExcluirbjo
Que delícia de "causo". Estou chorando... deve ser pro conta da saudade e da proximidade da volta!
ResponderExcluir"Dilícia"!
beijinho
A "gente ficamos" muito emotivos longe de casa, né caro colega? Ainda mais quando tá chegando a hora.....dias lindos de ceú azul de aguardam.
ResponderExcluirbjins
Parece minha tia Jovelina dando a receita de pudim de coco . uma tantada de farinha..... uma tantada de acucar uma tantada de leite... Tia, o que e` uma tantada? Uma tantadinha ue`.
ResponderExcluirhhheeeeeeee....amei.Uma tantada é um tantão, uai!
ResponderExcluirbjins