O nosso acampamento, no Iraque, era muito grande; bem maior que muita cidade do interior brasileiro.
Um dia, indo de volta pro trabalho, depois do almoço, termômetro marcando uns 48 graus mole, mole, tava sentada com uma amiga, as duas caladas, olhando o deserto passar pela janela - (aquela paisagem que fica tremendo, sabe como?) asfalto de fritar ovo, todos os passageiros com aquela cara de desânimo e resignação de ter que voltar pro trabalho, que, até quando o tempo tá bom e fresquinho, a gente tem...
Claro que dava pra andar a pé pra todo lado, mas, o calorão de rachar a moleira, nem sempre deixava.
Então, tinha um ônibus que passava pra pegar todo mundo, pra ir pro trabalho - que não tinha nem um décimo do charme do ônibus da Priscila - isto é, pegava a turma que trabalhava na administração - tô falando desse povo - porque o pessoal "do campo", tinha um trança-trança diferente, inclusive quanto aos turnos.
O nosso ônibus era sem ar-condicionado (Pode uma coisa dessas?). Como já tem muito tempo, imagino que não deveria ter ônibus com ar-condicionado naquela época, porque, em casa, nos carros e no trabalho, tinha, então, por que haveriam de comprar ônibus sem? Enfim ! Era assim ! Como diz o Chicó do Suassuna : "Eu só sei que era assim".
Um dia, indo de volta pro trabalho, depois do almoço, termômetro marcando uns 48 graus mole, mole, tava sentada com uma amiga, as duas caladas, olhando o deserto passar pela janela - (aquela paisagem que fica tremendo, sabe como?) asfalto de fritar ovo, todos os passageiros com aquela cara de desânimo e resignação de ter que voltar pro trabalho, que, até quando o tempo tá bom e fresquinho, a gente tem...
Cada um lá tinha um sonho, um anseio, um plano. O meu, como o da grande maioria era de comprar minha casa, ter um canto pra chamar de meu.
De repente, minha amiga saiu do seu silêncio e falou pra mim - mas foi como se tivesse pensando alto, não tava procurando papo nem querendo uma resposta ou continuação da conversa, tava pensando e continuou a frase em voz alta: "... e a gente ainda volta pro Brasil, com o dinheiro suado, literalmente, depois de anos nesse deserto, compra um apartamentinho pequeno, o sonho da vida, e não vai faltar filha da puta pra dizer: " deu pra cacete lá, hein amiga? mas compensou..."
E não faltou mesmo.
Pois é, eu também passo por isso por trabalhar em navio. Quando volto pra casa (da minha mãe, pois ainda não tenho a minha) depois da minha temporada (8 meses, trabalhando todo dia, 11 horas por dia e sem nenhum dia de folga) ouço a mesma coisa... Pensam que a vida a bordo é fácil: "...conhecer o mundo inteiro sem gastar nenhum tostão".
ResponderExcluirÔ Gigi vc deve ter muito causu bom pra contar. Se tiver afim, conta pra gente. Vamos amar. Você trabalha 8 meses 7 dias por semana? Pesado paca.E depois fica 8 meses coçando né?..... hhheeeee
ResponderExcluirbjos
A gragalhada deve ter sido geral, hein!
ResponderExcluirMas a seriedade do "pensamento" dessa sua amiga, para o bem ou para o mal, tem seu fundo de verdade!
Ui!
beijinho
Se tem...ainda não somos respeitadas o suficiente.
ResponderExcluirbjos
OLá! me chamou a atenção a foto das casas com a litra amarela, eram iguais as q moramos qdo meu pai esteve trabalhando lá no Iraque pela Mendes Jr. Vc saberia me dizer qual o nome ou numero deste acampamento?? Muito Grata!!! Contato: sabrinabisch.mezzo@gmail.com
ResponderExcluirOi Sabrina. O meu primeiro acampamento foi o 215 . Depois morei na ExpressWay. Todas as casas de todos os acampamentos eram iguais. Tipo container.Este da foto parece o 215 mas não tenho certeza. Cenário igual, areia pra todo lado, difícil saber...rsrs...bjos bjos
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