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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Se ouvir "Eu juro que é verdade" é porque é mentira.

Você sabe o que vem a ser Mitomania? Não?
É a tendência patológica, mais ou menos voluntária e consciente, para a mentira.
Tenho um amigo assim. Mente muito ! Bastante ! A coisa é tão maluca, que, certa época, conversamos, fizemos um acordo que era pra não deixar ele mentir mais, vários amigos juntos tentando ajudar, tipo, se ele começasse com uma mentira, a gente cortaria e diríamos: "Isso não é verdade!"
E ele consentiu, mas não deu certo e até virava discussão.
"Eu juro!" era o que a gente mais ouvia, então, deixamos pra lá e chegamos à conclusão de que, só um tratamento sério, faria ele parár com isso. Se ele quisesse, é claro! mas, como em todo "vício", a vítima acha que pode cuidar daquilo sozinha, já sabem no que deu : em nada!

E foram causus e causus, situações inacreditáveis! Lembrei de um causu que acho ótimo. A gente riu muito com ele.

Morávamos no Iraque que, geograficamente, é um país muito bem situado pra viajar, conhecer outros mundos. Quando rolava um feriado ou férias, a gente sempre escapulia; tanto podia ser pra Europa quanto pra Ásia ou Norte da África. E todo mundo tinha curiosidade em saber como foi a viagem do próximo, pegar dicas, o que evitar - no que ajudava muito porque, às vezes, fazíamos uma viagem que já vinha toda mastigadinha. Um sucesso! Bem, sucesso pras nossas primeiras viagens porque, depois, descobri que, descobrir por mim mesma, era também muito bom. Mas, enquanto estamos inseguros, é uma boa ir cheio de dicas.

Um belo dia, estávamos almoçando no restaurante da empresa, que era pertim do escritório, tipo uns 200 metros. Éramos cinco à mesa, e, conversa vai conversa vem, saiu assunto de viagens e alguém falou sobre a viagem que tinha feito ao Egito, o tanto que tinha sido legal, etcetera e tal. E foi a deixa pro mitomaníaco entrar na prosa.

- Eu também amei o Egito, principalmente o Cairo, quando....
Nem chegou a terminar a frase, caímos os quatro em cima dele.
- Escuta meu bem : você nunca foi ao Egito. Sabemos onde você já foi. Tem dó! Não inventa !
- Como não fui? Lembra aquela vez....?
E foi inventando, inventando, as companhias, as comidas, os passeios, as compras, e tudo o mais que qualquer um de nós poderia descrever com perfeição, visto que - eu era louca pra escrever "visto que" - de tanto ouvir todos os causus de viagens, conhecíamos tudo de cor e salteado.
Mas, não adiantou. Ele insistia, insistia, então, alguém resolveu pedir a prova que derrubaria nós quatro ou ele : o visto no passaporte - visto tomava uma página, cheio de carimbos e selos.
- OK. Se vocês querem ver meu passaporte, eu pego e vão ver que não tô mentindo. Vou lá no escritório buscar.
E foi ! E nós ficamos esperando, perdendo preciosos minutos do soninho que tirávamos depois do almoço, esperando a prova do crime.
E não é que ele chegou com o passaporte?
O mais interessante de quem mente desta forma, é que a pessoa não desiste. Ou talvez espere que o outro desista. E, nesse dia, a gente não arredou pé.
- Então, mostre o visto.
- E o pobre danou a procurar página por página, ia lá no fim, voltava no começo, começava do meio, de frente pra trás, de trás pra frente e nada.
- Póparar! Falou um. Não tem jeito. Você não vai encontrar uma coisa que não existe.
- Como não existe? Eu fui e tinha um visto.
- Não foi e nunca teve visto pro Egito neste passaporte.
E acredite se quiser : ele não se deu por vencido ! Fechou o passaporte e falou com a altivez de quem nunca mentiu na vida e com a certeza de que falava a mais pura verdade - porque realmente ele acreditou no que disse.
- A tinta desses carimbos árabes é tão vagabunda, que ele apagou. Tá vendo aqui? Ainda tem umas manchinhas. Apagou com o calorão desse deserto.

E cada um tomou seu rumo, sem que mais nenhuma palavra fosse dita.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Foi então que deu pra ver quem era mais poderosa...

Já disse aqui que, o deserto, aquela coisa seca, esturricada, sem sinal algum de verde, de vida vegetal, esconde uma grande surpresa. Basta dar uma chuvinha, uma semana de chuva fina pra ele ficar verdinho quiném um tapete. Fica lindo! Dura pouco, é verdade, mas o suficiente pra gente se lembrar que os grãos estão lá, de boca aberta, só esperando a água cair pra mostrar a que vieram.Muitos dos nossos amigos, plantaram jardins e hortas e tudo crescia na velocidade da luz. Imagino que, a terra, pouco acostumada com água, bebia e aproveitava até a última gota e a planta desenvolvia em velocidade máxima, com medo, pois não tinha idéia de quando viria outra bênção daquela. Quiném o organismo quando a gente tá fazendo regime; ele fica tão ávido de caloria que, num momento de fraqueza, em que a gente come um docinho pra não morrer aguado, ele absorve até o último néctar de açúcar e lá vamos nós acumular mais umas benditas gramas. Tivemos lindos jardins e comemos muita verdura das hortas amigas, porque, se dependesse do país, verde mesmo, só azeitona. Não era comum encontrar verdura e legume legal pra comprar.

E foi aí que, um amigo meu, resolveu plantar uma plantinha num vaso no escritório. Levar um pouco de verde pro trabalho, quebrar um pouco aquela cor bege, creme, areia, que nos circundava. E se ocupou direitinho da planta, sem ter muito idéia do que tinha plantado. Ganhou a mudinha, colocou no vaso e pagou pra ver. E pagou caro...rs

A danada começou a crescer, a crescer e foi caindo vaso abaixo, indo pro chão, no que ele já achou esquisito. "Que raio de planta é essa que cresce pra baixo?" Até que apareceu alguém que disse: "deixa de ser estúpido, porque ela não tá crescendo pra baixo, você plantou uma trepadeira e trepadeira vai pra onde você quer que ela vá; você que comanda". "Mesmo? Que chic! Eu que mando, então? E como faço pra comandar?" O outro explicou que bastava colocar umas varetas, ou pregos com fios na parede e ela ia tomando o seu caminho; ia se agarrando e seguindo pra onde tivesse apoio.

Pronto, no dia seguinte já tava a parede parecendo um labirinto com fios e pregos fazendo voltas e curvas.

E a danadinha foi fondo, foi indo, foi subindo, ficando bonita. E rega todo dia e muda fio de lugar e muda prego, e rega, e meu amigo quis viajar um final de semana e teve que arrumar alguém pra molhar a peleja da planta, e descobriu que se esquecesse de molhar ela ameaçava de despencar e murchava, e poda daqui, segura dali até que, um belo dia, cheguei na sala dele e a parede tava limpinha: nem um prego, nem um fio, nem um verdim nem vaso nem nada. Tudo como era antes.

Assustei e falei : "Uai, gente do céu ! Cadê a trepadeira que tava aqui? O que aconteceu?"

E ele, seríssimo: "Desplantei. Joguei fora a concorrente".

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quem vai acreditar que não foi assim?


O nosso acampamento, no Iraque, era muito grande; bem maior que muita cidade do interior brasileiro.
Claro que dava pra andar a pé pra todo lado, mas, o calorão de rachar a moleira, nem sempre deixava.
Então, tinha um ônibus que passava pra pegar todo mundo, pra ir pro trabalho - que não tinha nem um décimo do charme do ônibus da Priscila - isto é, pegava a turma que trabalhava na administração - tô falando desse povo - porque o pessoal "do campo", tinha um trança-trança diferente, inclusive quanto aos turnos.

O nosso ônibus era sem ar-condicionado (Pode uma coisa dessas?). Como já tem muito tempo, imagino que não deveria ter ônibus com ar-condicionado naquela época, porque, em casa, nos carros e no trabalho, tinha, então, por que haveriam de comprar ônibus sem? Enfim ! Era assim ! Como diz o Chicó do Suassuna : "Eu só sei que era assim".

Um dia, indo de volta pro trabalho, depois do almoço, termômetro marcando uns 48 graus mole, mole, tava sentada com uma amiga, as duas caladas, olhando o deserto passar pela janela - (aquela paisagem que fica tremendo, sabe como?) asfalto de fritar ovo, todos os passageiros com aquela cara de desânimo e resignação de ter que voltar pro trabalho, que, até quando o tempo tá bom e fresquinho, a gente tem...
Cada um lá tinha um sonho, um anseio, um plano. O meu, como o da grande maioria era de comprar minha casa, ter um canto pra chamar de meu.

De repente, minha amiga saiu do seu silêncio e falou pra mim - mas foi como se tivesse pensando alto, não tava procurando papo nem querendo uma resposta ou continuação da conversa, tava pensando e continuou a frase em voz alta: "... e a gente ainda volta pro Brasil, com o dinheiro suado, literalmente, depois de anos nesse deserto, compra um apartamentinho pequeno, o sonho da vida, e não vai faltar filha da puta pra dizer: " deu pra cacete lá, hein amiga? mas compensou..."
E não faltou mesmo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Como atravessar o Atlântico e virar Miss Brasil.

Mais uma do tempo que trabalhei no Iraque! Agora sem drama! Pra rir. No pico da nossa obra, éramos em torno de 12.000 funcionários e o número de mulheres não chegava a 10%. Calculou o drama? Pra eles, claro ! Os garotos. Pois é !


Então, o assédio era constante; todo dia uma novidade. Foi uma época que ri muito. Eu trabalhava com um monte de rapazes e todos me faziam propostas quase irrecusáveis. Cada um queria me agenciar. Pelas contas deles ficaríamos milionários em pouco tempo. E faziam planos e planos...rs. Lá tinha gente do mundo todo, de países que eu nunca tinha ouvido falar, e, consequentemente, moedas das mais diversas. Era engraçado mesmo!

O respeito com os brasileiros era muito grande. Problemas mesmo, não me lembro de ter tido. Agora, com os nativos, era uma peleja, porque a falta de costume com a convivência com mulheres, deixava os bichinhos doidinhos da silva. Pra você entender : como brasileiro se pega o tempo todo, abraça, beija, eles chegavam querendo lascar um beijo, abraçar, passar a mão. Se a gente dava um espalha, achava ruim. Tipo: "Por que ele pode e eu não posso?" Difícil explicar.

E, com os nossos, também não era fácil, afinal, todos ali virávamos meio parentes ou amigos de infância. Então, quando alguém queria mais que isso, partir pra guerra mesmo, ficava difícil dar um fora, igual damos aqui no Brasil. Lá, a gente morava e trabalhava junto 24 horas por dia, vendo e convivendo sempre com as mesmas pessoas. Não dá pra dar um chega-pra-lá em todos, ou brigar com todos, sem ficar um clima ruim e, além do mais, era desagradável; todo mundo ficava sabendo, quer dizer, mó mico pro cara.
Foi numa dessas situações de "não-obrigada-passa-outro-dia-quem-sabe-talvez" que bolei uma forma legal de dizer "não" sem fazer inimizade e, ainda, saindo todo mundo na boa.

Seguinte: primeiro, o mané vinha com a conversa mole, aí, eu dizia: "ôôô meu bem, muito obrigada pela preferência, mas não vou querer não, obrigada!" Ficava engraçado e, às vezes, dava certo; morria aí a cantada.
Quando continuava e a insistência ficava grande, aí eu aplicava o golpe que era fatal.

Perguntava ao mané qual a cidade dele e qual o nome da avenida principal e lascava. "Escuta, se eu hoje, tivesse passando pela avenida tal, você me cantaria e iria ficar insistindo desse jeito? Porque, em Belo Horizonte, eu ando na Avenida Afonso Pena, pra baixo e pra cima, e ninguém fica doidim querendo me comer. Foi só atravessar o Atlântico, que virei essa formosura? Essa delícia cremosa? É ruim, hein? Dou não. Não dou nem morta!"
Então virava um riso só.
Quebrava o clima e a amizade continuava na boa.


Tinha aquela turma do desespero que, de vez em quando, voltava e lascava? "Ainda não?"

Aí, eu só ria, nem precisava contar o caso de novo.

O melhor foi que, muito tempo depois, eles mesmos contavam pros outros como tinha sido "o fora". Não era motivo de vergonha e virou até graça.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Olho por olho, dente por dente, em pleno deserto

Quando trabalhei no Iraque, morando no meio do deserto, a água que a gente usava vinha do Rio Eufrates. A empresa tinha um setor que se chamava ETA - Estação de Tratamento de Água.

Quando a gente saía do acampamento, topava várias vezes com a tubulação que conduzia a água pras nossas casas. Era aquela serpente cortando o deserto, e, de tempos em tempos, existia uma estação de tratamento, um poço, bombeamento ou sei lá o que. Só sei que, esta estação, tinha sempre alguém de plantão pra acompanhar o abastecimento e, também, pra vigiar pra que não houvesse roubo ou desvio de água. Roubo? Como assim, roubo ? Pois é, se não tomássemos conta, a água poderia ser desviada pra população local. Claro ! Em pleno deserto, uma água passando prontinha, pertinho, quem não quer, né? Era uma pequena peleja. Tinha uma equipe que fazia viagens dia e noite ao longo da tubulação pra ver se não tinha furos, desvios, enfim, pra ver se a água corria leve e solta.

Um belo dia - agora vem a bomba! - ou, melhor dizendo, uma bela noite, apareceu um nativo e tentou, digamos assim, "pegar água emprestada". Só que não era permitido, aliás, era proibido. O vigia da estação foi falar com ele e tentar impedir. Garraram numa discussão, bate-boca entre árabe e brasileiro, imaginem a cena ! Algumas palavras em árabe misturadas com gestos, o cara entendia, mas puto, não se conformava, só sei que se atracaram numa briga. Dá-lhe e toma soco pra lá e pra cá, até que o brasileiro conseguiu colocar o moço pra correr.

E continuou a sua guarda. Quando deu a hora da troca do plantão, esse mané foi embora e veio outro pra ocupar seu lugar.

Já tão vendo que vai dar merda, né? E deu.

O Zé chegou naquela escuridão do deserto, assim que viu a silhueta do nosso plantonista, descarregou a arma nele; no que ele caiu murtinho. Como dizemos na nossa turma: parou de fumar na hora.

Assim que chegou a notícia no acampamento, nosso diretor anunciou às autoridades competentes. O chefe de polícia local deu 24 horas pros seus subordinados encontrarem o assassino. Encontraram em 6 horas.

Parenteses : Tá faltando gente, que trabalhe assim, por aqui.

Continuando...

Acharam o cara e levaram pro nosso acampamento. Aí é que entra a parte mais interessante da história. A diferença cultural.
Me lembro que eram três caras, não me lembro porque três, só sei que ficaram sentados no chão, na sala da secretária do diretor da obra - minha amiga - que ficou apavorada com aquela cena. Três figuras algemadas e sentadas no chão esperando pra pagar pelo crime cometido. Talvez eles tivessem juntos, não me lembro, juntos com o que atirou.
E o Zé que era acusado do crime, negava, negava, nada fazia o moço confessar.
Foi aí que chamaram o "morto", pra identificar o nativo.
Nem precisou de confissão; no que ele entrou na sala, o mané, coitado, levou um susto tão grande, porque na briga ele viu o cara e não era aquele que tinha recebido o descarrego de balas.
Pensa que acabou? Não. Tem mais.

O delegado ou sei lá o que, então, falou pro nosso diretor: "Vamos pra fora, porque ele vai ser fuzilado aqui no "terreiro", pra vocês verem que a justiça foi feita."
Nessa, o diretor da nossa empresa quase cai pra trás. Pense bem ! Quiném na Idade Média, ou no Velho Oeste, nós todos reunidos e assistindo ao fuzilamento da vítima. Pode uma coisa dessa?

Caso comprido, né? Mas vou findar. Calma !

Nosso diretor confabulou, por longo tempo, com o delegado e conseguiu que a turma fosse embora, soldados, polícia, ladrão e cia. Vão resolver o problema de vocês longe daqui. Pelo amor de Deus !

O final da história não tem graça nenhuma.
Levaram o Zé pra estação de água e mataram ele no mesmo lugar onde ele tinha matado um dos nossos. E teve que ir alguém da nossa empresa pra testemunhar a cena. Fazia parte .

E quem quiser que conte outra.

Contei um outro causu, na mesma linha deste. Quem não leu e se interessar olhe no Índice. Chama: Da série "Acredite se quiser"... mais uma - em 24/09/2009

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aí, como aqui, a natureza exibe orgulhosa sua beleza


Publiquei fotos dos Alpes Franceses essa semana, mostrando a maravilha da natureza no inverno europeu.

Recebi essas fotos de dois queridos leitores, mostrando as belezas da nossa terra. Nada a ver com comparação ou disputa, que o meu é mais bonito que o seu. Cada um no seu quadrado e o quadrado de cada um tem coisas lindíssimas.

Vejam essa quaresmeira em Belo Horizonte, no esplendor da sua florada. Coisa mais linda de se admirar. Cada cacho de flor mais lindo do que o outro. E a cor... uma maravilha.

O caminho fechado com o bambuzal, é nos arredores do Grande Hotel de Araxá em Minas Gerais, onde fica também o caminho bucólido pra dar aquela caminhada depois de um almoço mineiro. Eitia vida dura!



E os pores-do-sol !! ( que língua a nossa!)

As fotos foram tiradas da janela do quarto do nosso amigo leitor.

Onde?

Onde?

Acreditem se quiser...

Em São Paulo senhoras e senhores. São Paulo tem céu maravilhoso e pores-do-sol de cair o queixo.

E, pelo visto, o dono da vista não se cansa de admirar. Eu também não me cansaria, afinal, não existe um sequer igual ao outro.
















Me lembro que, quando morei no Iraque, uma das coisas que mais admirávamos, era o céu de dia e à noite.

Criamos o hábito de avisar uns aos outros. Como não tínhamos telefone, aquele que visse primeiro que o sol tava se pondo, gritava : "solllllll" -parecia casa de maluco, ouvíamos como se fosse um eco, a notícia passando pra frente. Era de emocionar. Nunca vi nada igual em lugar algum.

E, à noite, nunca na minha vida vi tanta estrela! Era difícil de avistar uma estrela, eram amontoados delas, clarões brancos. Também, naquele desertão, poluição zero, era o mínimo que podia ter: todas as estrelas à nossa disposição.

E, nas noites de lua cheia, era de assustar, chegava dar medo, ela era enorme e clareava o deserto, fazendo aquele contraste de arrepiar. Nunca soube porque a lua naquela região é tão enorme. Quem sabe algum de vocês pode me dizer.

Assistimos, ano passado, na Índia, em Pushcar no Rajastão, um pôr-do-sol também de cair o queixo. Todos se sentam às margens de um grande lago pra apreciar a beleza e aplaudem quando ele desce finalmente e some no horizonte.

Eu acho o sol muito lindo, mas a lua ganha com muitos votos na frente.

Afinal, ela é feminina, esplendorosa, brilhante, serena, suave e tem sua TPM mensal. Cada semana toma uma forma diferente da outra mas, quando a TPM se vai, ela explode toda sua formosura, seu glamour, sua insinuação, deixando a gente de boca aberta, admirando, querendo mais, ansioso pelo próximo encontro.

E vocês me perguntarão: "E o sol?"

O sol é aquele macho escaldante, que te faz transpirar, sufoca e extasia, te queima, te resseca, bebe toda a sua água mas que também te aquece nos dias frios, contando que você corra atrás dele porque, como todo macho que se preza, gosta de mostrar indiferença, pra no final do dia, deitar e dormir, não sem antes, com todo seu orgulho de macho, se pavonear, fazendo você babar diante dele, se esquecendo que você lhe deu mais um dia da sua vida e da sua força.


E ele parte seguro de ter sido o vencedor.



















































sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Metralhadora apontada pra mulher indefesa.


Sexta-feira é o domingo dos muçulmanos.
Pra nós, que trabalhávamos em média 10 horas por dia, 6 dias por semana, era o dia de ficar na horizontal recolocando os ossos em ordem.

Se tivéssemos muito animados, íamos até Rabania - uma cidade turística feita pelos franceses, com um lago artificial enorme - alugavamos um bangalô e era bem legal também.

Entre outras coisas que se tinha pra fazer em pleno deserto, no único dia livre da semana, era dar uma faxina no quarto. Durante toda a semana a gente nem ligava pra confusão que ia armazenando.

Numa sexta- feira, resolvemos, minha amiga e eu que dividíamos o quarto, dormir até mais tarde e depois partir pra faxina.
E foi o que aconteceu.

Depois de terminada a peleja, eu fui tomar meu banho e ela foi colocar o lixo lá fora, num tamborzão que tinha do lado da casa.

No que ela tá lá, despejando o lixo, sentiu uma presença atrás dela. Virou e viu um soldado iraquiano, armado de metralhadora, com uma cara de médios amigos. Ela olhou pro prédio mais longe, onde era o clube, e viu uma movimentação, bandeiras, e deduziu que tínhamos visita de alguma ôtoridade local. Não era comum soldados no acampamento. Tínhamos nossa própria segurança.
Mais tarde, soubemos que o governador de Ramadi nos visitava, por isso tinha tanto soldado espalhado no nosso território.

Ele perguntou o que ela tava fazendo, "Como assim, não tá vendo? Despejando o lixo." Ele não entendeu o que ela tava fazendo ali, naquele local. "Ora bolas, eu moro aqui, seu mané." Ele também não entendeu. Ela desistiu de explicar e foi voltando pra dentro de casa e o soldado com a metralhadora em punho atrás dela.

Pode uma cena mais bizarra? Você sair pra despejar um simples lixo e uma figura querer saber quem você é, de onde vem e pra onde vai, diga a senha.... tenha dó.

Pois pode.
E não é que o zé veio seguindo ela até o quarto?

Ela abriu a porta e ele veio na cola. No que entrou no quarto, tô lá, eu linda e loira, pelada, recém saída do banho. Não me lembro mas, no mínimo, devo ter falado: "Cliente novo?"

O cara ficou lá, estatelado, parado, olhando pra mim e eu, pelada tava, pelada continuei. Ele não se movia, não sei se o espanto era porque via uma mulher pelada pela primeira vez, nos seus 20 e tantos anos de vida, ou porque não imaginou que fosse ser tão ruim sua primeira experiência. Sei lá. Só sei que grudou o olho em mim e eu fiz aquilo que sempre faço numa hora dessas. Sem pensar, tive uma reação fora da lógica: juntei as pernas e fiz continência pro moço. Afinal, era um soldado, de qualquer forma, meu superior, já que eu não era nada além de ser povo.

Foi o que faltava pro moço reagir. Reconheceu o sinal e bateu em retirada.

À noite, sentadas no bar tomando alguma coisa, avistamos o soldado sentadinho num canto, olhando ainda, mas desta vez, vermelhinho.

Nunca vou saber se era de prazer e alegria ou de ódio. Deve ter contado pros colegas e ninguém acreditou. Pedir pra repetir a cena, coragem ele não teria. Ver outra mulher nua, só casando e, mesmo assim, pelo buraquinho da camisola. Como a cena da manhã, nunca mais !


" Inicie a viagem como se fosse uma criança, curiosa e alegre; durante o trajeto desfrute como um adulto respeitoso e solidário; quando retornar, sinta-se como um ancião sábio que voltará a ser criança amanhã." Mercedes Sáenz

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Quando tem que ser é mesmo. Não adianta fugir, amigo.


Eu trabalhei no Iraque por muitos anos e conheci muitas pessoas. Muitas mesmo! E um dos meus melhores amigos trabalhou lá também, no mesmo período que eu e, durante dois meses, quase do lado da minha sala, e nunca o vi, nos reunimos ou nos encontramos. Gente demais trabalhando em um país estranho.Tudo era muito novo.

Voltando pro Brasil, resolvi dar um rolé pela Europa. Minha primeira passada por lá. Conhecer a velha senhora, eu e uma amiga.
Uma colega de trabalho, sabendo que passaríamos por Paris, deu-me uma carta (O que é isto? Pesquise no Google) pra entregar pra ele. Eles tinham trabalhado juntos. Além de dar notícias dela, teríamos a oportunidade de conhecer um cara legal, segundo ela.

OK. Eu recebi a carta e partimos pra nossas merecidas férias. Isso era lá pelo final de agosto.

Caminhamos e caminhamos e, esta viagem, também resultou em muitos causus que contarei noutra hora..

Chegamos a Paris. Como ficaríamos poucos dias, liguei logo pro moço. Como prometido, cheio de simpatia, ele nos convidou para jantar e dar um passeio no intervalo entre um trabalho e outro.

Estava em Paris desde que saíra do Iraque, juntando uma graninha antes de retornar ao Brasil e, talvez, o fizesse no final daquele ano ou início do próximo.
E fomos e passeamos e ele nos mostrou muitas coisas lindas que, somente aqueles que moram na terra, tem o prazer de conhecer, e me mostrou uma pracinha que era sua favorita, com um único banco de madeira, uma árvore no centro e, naquela noite, foi encomendada uma puta lua cheia que fazia gritar a alma. Esse lugar tornou-se um dos meus lugares preferidos pra mostrar aos amigos, sempre que nos encontrávamos em Paris .

Foi um encontro muito bom!

Ele me contou sobre a família em Belo Horizonte, onde moravam e não era muito longe da minha casa, na verdade, era pertinho.

Quando nos separamos, ele me deu o telefone de uma tia (usava isso na época) e me pediu pra ligar, dizendo que a gente tinha se encontrado, que tava tudo bem, essas coisas que tia adora saber... que ele tava limpinho, não tava com fome e com muita saúde.

E passamos por Portugal e Espanha antes de chegar em casa.

Bão, cheguei e fui me readaptando com a Pátria Amada Idolatrada, Salve! Salve! lentamente. Liguei pra tia do meu novo amigo, dei a notícia, ela ficou toda feliz.

Voltei a trabalhar, reencontrar com os amigos e, finalmente, retomar minha rotina.

Um dia, do nada - devia tá procurando um telefone na agenda - eu vi o nome da tia e, só Deus sabe porquê, decidi ligar pra ver se eles tinham notícias, se sabiam quando ele voltaria, quer dizer, qualquer novidade.
Um primo dele atendeu o telefone e eu perguntei. Ele me disse: "um minuto que tão tocando a campainha e pode ser que seja ele".
Dois segundo depois, meu amigo pega o telefone e já vai perguntando: "Uai! como você sabia que eu tava chegando?" Eu disse: "chegando como?" E ele: "acabo de chegar do aeroporto nesse minuto".

E nunca mais nos separamos.
"Um amigo alegre numa viagem é quase tão útil quanto um veículo." Públio Siro

domingo, 6 de dezembro de 2009

Seu Sadam ! Se a gente tivesse sonhado no que ia dar...























Como a gente era tolinha há muitos anos... Conversando hoje com um amigo e relembrando vivências nossas no Iraque, me lembrei de três coisas que, na época, não representaram, absolutamente, nada mais nada menos do que um capricho de um ditador recém-chegado ao poder.

Existia em Bagdá (verbo no passado porque, à essa altura do campeonato, não deve ter nem rastro) um restaurante lindíssimo onde íamos sempre almoçar às sextas-feiras. Chamava-se Kamarjan.

Era uma antiga estrebaria, enorme, muito alta, e o prédio era como se fosse um ginásio e dizia-se que, antigamente, o grande pátio interno onde ficavam as mesas do restaurante, era o lugar onde ficavam os cavalos e, ao redor deste pátio, existiam uma espécie de quartinhos com portas em arco, onde tinham tapetes, mesinhas, narguilé e o pessoal sentava pra bater papo e tomar chá.

Um belo dia, estávamos lá e chegou um bando de soldados do presidente e colocou todo mundo pra fora. Pra fora mesmo ! Sem a menor cerimônia. Sabem por que? Porque naquele dia tinha a "possibilidade" do Seu Sadam querer almoçar lá. Este fato não aconteceu só comigo. Várias outras pessoas contaram a mesma história.

Outra vez, estávamos abastecendo em um posto de gasolina de estrada e chegaram os soldados de novo. Sai, sai, sai, todo mundo porque sua majestade tá chegando e vão parár pra abastecer. Foi a única vez que vi o homem. Ele chegando e nós saindo...

E o outro causo, que era muito frequente, muitos de nós que trabalhamos lá vimos a cena.

A gente ia pela estrada em pleno deserto, aquela visão de 360º, de repente vinha um avião, ia descendo, descendo, descendo, aterrizava, andava mais um tempo e pluft! desaparecia. Aeroportos ou garagens subterrâneas - como a gente chamava. Fomos nós que vimos primeiro o buraco do Sadam. O mocó.

Apesar de ser muito difícil fazer fotos em determinados lugares, já naquela época, sempre se dá um jeitinho. Poderia ter feito fotos de dentro do carro. Não fiz.

E a gente só ria e achava doido, muito doido. Por que esconder embaixo da terra?

Bem mais tarde, ficamos sabendo - como todo mundo - mas as tais de armas químicas, estas, nem nós, nem os americanos, nem ninguém nunca viu.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não seja por isso senhores...rap...rap...rap...se virem!
















O Zé me mandou um comentário sobre o raciocínio dos chineses e logo me lembrei de um causu ( entre tantos ) que aconteceu no Iraque, no tempo em que lá trabalhei.

Anos 80, guerra contra o Irã. Uma peleja pra gente receber tudo. Tudo que usávamos na obra vinha de navio, navio este que ancorava no Porto de Basrha, porto esse que tava fechado por conta da guerra. Enfim, Paulo, que amava Ana, que amava Luca, que amava Duda, que amava Paulo.

Tinha até piada porque, não sei se vocês sabiam, mas a Sadia enriqueceu graças a nós. Comíamos frango os 360 dias do ano. E este, só Deus sabe porque nunca acabava. E a gente dizia: podem afundar todos os navios mas, os de frango, se afundarem, os filhos da mãe saem nadando e vêm pro nosso acampamento.

Tinha outra piada boa. Todos contavam os dias pras férias. Todos. Então surgiu uma maneira boa de saber quantos dias faltavam pra alguém cascar fora pro Brasil ou qualquer outro lugar. A pergunta tomou esse rumo: Quantas coxas faltam procê ir embora? Ou quantas asas ou quantos peitos?

Voltando ao raciocínio diferente dos povos, veja esse. Raciocínio, atitude árabe.

Minha amiga era secretária da diretoria da obra e fazia as atas de reunião. Foi ela que me contou. Estavam todos em uma reunião entre a nossa empresa e a empresa dos fiscais da obra. Coisa seríssima !

A pauta era o atraso da obra. Estavam doidinhos pra lascar uma multa na nossa empresa. E a nossa defesa, inclusive baseada no longo contrato, era que os navios, com tudo que precisávamos pra tocar a obra, estavam retidos no porto. Aliás, no porto não! Nem podiam entrar nele. Tavam lá fora, em alto-mar. Olha o exagero ! (que claro é por minha conta...rs).

E discute daqui, discute dali, advogado pra lá advogado pra cá e intérprete pra todo lado, aquele caos, quando o nosso diretor arranca o contrato pra esfregar na cara do povo, mostrando as cláusulas que nos isentavam da culpa, guerra por exemplo, que a gente não tinha nada com ela.

Foi aí que aconteceu algo que calou a boca e estatelou os olhos dos nossos.

O diretor do lado de lá pegou o contrato e rasgou em mil pedacinhos, finalizando a disputa.

"Não seja por isso. Se a desculpa é esse papel, pois então tá resolvido : rap...rap...rap... Acabou-se a desculpa. Se virem. "

E a gente "se viramos". "Se viramos" tanto, que a obra saiu.

Pena que as outras guerras - Guerra do Golfo e a visita americana - detonaram ( e continuam detonando ) anos e anos do nosso trabalho ( só da minha pequena colaboração, 6 anos ) e quase não sobrou pedra-sobre-pedra.

Aliás, quase tudo voltou ao estado normal, um deserto, como antes. Pedra-sobre-terra e areia.

Fim.

sábado, 7 de novembro de 2009

Cão chupando manga, quando começa...nem o capeta segura!!!


Eu tenho um amigo, da onça claro! que sempre ia pro salão ficar conversando fiado, me atazanando, conversando com os clientes, enfim....passando o tempo dele. Ele adorava me colocar numa situação delicada. Pra quem tá chegando agora, era um salão de beleza em que eu cortava o cabelo do povo no Iraque.

Uma das situações das mais engraçadas, foi que um belo dia alguém me pediu pra pintar o cabelo, coisa que não fazia porque não tinha tempo, mas encheu tanto o saco que pintei, e o protetor de roupa ( que deve ter um nome, mas não sei qual ) ficou manchado na gola de uma cor marrom. Cor da tinta.

Num outro belo dia, tô eu lá cortando o cabelo de um Zé que eu nunca tinha visto mais gordo, de repente meu amigo vira e diz:

" é, Ieda, aquele cara que você cortou um pedaço da orelha ontem, ficou bravo, né?
Rapaz sem esportiva."
O pobre coitado do peão já deu uma encolhida na cadeira, quase causando um acidente verdadeiro...rs.

Eu, já vendo que a coisa não ia ficar por ai, fui dizendo: "Cê pirou? Que corte, sô...ficou doido?"

E ele: "Já esqueceu...??? Quem bate esquece, quem apanha lembra. O corte foi pequeno, mas a sangueira foi muita! Olha só como o protetor ficou. Lavou e a mancha nem saiu. Sangue gruda mesmo, né?"

Filho da mãe!!...e o meu cliente ia só arregalando o olho. Claro que tava mais pra acreditar no meu amigo. A prova do crime tava lá.

Tentei acalmar o bichinho de toda forma, mas não sei se convenci. Cheguei ao final do meu trabalho ( fui com mais cuidado do que já ia normalmente ) ele estátua de mármore pra não me atrapalhar, mas até hoje não sei em qual verdade ele acreditou. Na minha ou na do cão chupando manga que é meu amigo.

Dinheirinho suado !

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Tarados não vão com a minha cara.Talvez não seja com a cara...


Em acampamento de obra acontecem coisas que até Deus duvida. Perguntem pra quem já morou em um. Eu conto os casos e tem gente que não acredita. Dou razão !

Numa certa época, apareceu um tarado no nosso acampamento. Tarado! Pode com uma coisa mais antiga? Pois é ! Toda manhã tinha alguém contando do ataque noturno. Ele sempre vinha à noite, quiném vampiro.

Comecei a duvidar do tal tarado quando escutei um caso de ataque que começava assim: "ele foi empurrando a porta com toda força e já caiu dentro do quarto. Não deu tempo de me desvencilhar". Ok! Caiu dentro do quarto, sendo que a porta abria pra fora. Não pensei duas vezes.

Escrevi numa folha de cartolina, com letras bem legíveis, e colei na porta do meu quarto:

Atenção, Sr. Tarado ! Não precisa bater nem arrombar ! A porta tá aberta! Seja bem-vindo!

Tô esperando até hoje. Falta de sorte!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Caso rapidim de mentira e verdade.



Tá o Mané trabalhando no Iraque. Um belo dia se lembra de um amigo no Brasil, sente saudades. Lá fora você não pode ficar um dia de folga, que é um tal de sentir saudades e dá vontade de ligar pra todo mundo.

Vai lá na telefônica, espera na fila, chega sua vez.

O amigo atende do lado de lá:
- Alô!

- Alô! Zé, é o Mané..

- Mané? Uai cara, cê tá sumido...blz?

- É Zé...to aqui no Iraq.

- Iraque???

- É Zé. Iraque

- Ah! tá nada!

- Tô, Zé!

- Tá nada!
- Tô Zé. Juro, no Iraque
- Ah! Tá nada!

- Então num tô. E desligou.

Tirando leite das pedras. Quem? Eu, claro!


Sou uma garota com vários predicados. E modesta ! rs.. rs.. Modéstia à parte. Não tenho medo de trabalho nem vergonha de nada. Nunca fiquei desempregada. Topa? Topo. E já tava.

Aí, tô eu no Iraque trabalhando, quando alguém um belo dia, com o cabelo grande e querendo cortar, falou: "Bem que poderia ter um salão no acampamento!" Viajar duas horas pra cortar o cabelo em Bagdá dava preguiça.

Atendendo a pedidos, a empresa abriu um salão. Quem cortava os cabelos do povo? Eu ! Não acredita? Pode perguntar aos antigos clientes.

E o salão vivia lotado! Primeiro porque não tinha concorrência...heheheheee... segundo porque, com ou sem cliente, os amigos se amontoavam pra conversar fiado. Virou ponto de encontro. Era muito bom. Isso depois de um dia de trabalho de 10 horas de pau-dentro. Mais 4 horas no salão. 14 horas por dia de ralação. E ainda tem gente que acha que enriquei lá, dando pra negada.

Quem me dera!!!
Eu mereço!!!

Vão anotando aí. Vou começar a contar, a partir da semana que vem, os causus do salão. Só pra vocês terem uma idéia....

Tinha uma capela ao lado do salão. Quando chegava um peão com o cabelo mais desajeitado do mundo, com foto de um artista querendo o corte igual, eu abria a porta e mostrava a porta ao lado dizendo: "milagre é ali naquela porta meu senhor."

domingo, 1 de novembro de 2009

Iraquiano, povim esperto


Na época da guerra contra o Irã, todo mundo queria telefonar pra familia e pros amigos no Brasil, pra acalmar o povo. Lá, a gente não tava nem aí, mas a mídia no Brasil fez bem o seu papel. Apavorou todo mundo daqui.

Não tinha telefone no acampamento e a gente ia num vilarejo a uns 15 minutos do acampamento pra ligar.

O lugar era tão precário, fios se enrolando e se emaranhando de uma forma que nenhum gato brasileiro consegue fazer melhor. E o pior de tudo: funcionava. Inacreditável !

Quando a gente ligava, a familia toda queria falar, então acabava de falar com o pai, vinha a mãe, depois irmão, irmã e por aí ia. Brasileiro com aquela mandação de beijo, a mãe do outro lado só perguntando, perguntando, mais beijos e tchau, beijos. Foi tanto beijo, que os iraquianos da telefônica descobriram que a conversa chegava ao final quando essa palavra era falada.

Daí pra frente, foi aquela disputa. Os menos avisados falavam "beijo pai, chame a mãe" e o telefone...tu...tu...tu. Eu ainda não terminei, liga de novo!!! E com a fila grande esperando, o iraquiano anunciava sem dó nem piedade. Próximo!!!

Em pouco tempo, os espertinhos dos iraquianos perderam pros muuuuuito mais espertos dos brasileiros. A notícia se espalhou. Fale, fale à vontade, mas jamais diga a palavra beijo, senão a ligação é cortada na hora.

Então ficava assim: "pai, então agora chama a mãe e um grande b-e-i-j-o pro senhor". Soletrado! Ou: "um grande estalo na bochecha". "Um grande encontro de lábios, meu bem". Cada um inventou sua forma de mandar os beijos.

E a fila chorava de rir!

Rifa! Quem ganhou? Eu! Quem se ferrou? Eu, claro!


Iraque de novo. Afinal foram 6 anos de trabalho lá.Tem causus pra 6 anos.

Tô rifando uma bicicleta! Que legal. Quer um bilhete? Ok. Comprei. E ganhei. Fui toda contente ao encontro do meu prêmio. Comprei a rifa sem conhecer o produto.

Até que ela tava legal. Bom estado. Na primeira sexta-feira (que é o domingo muçulmano) acordei toda assanhadinha pra passear no meu brinquedo novo.

Asfalto legal, acampamento plano. Andei, andei, passeei, passei por todas as ruas, acenei pra todo mundo, toda serelepe. Depois de sei lá quanto tempo, talvez umas duas horas, fui pro meu alojamento, bainho ... afinal calor de 45 graus é duro.

Senti uma pequena dor e dormência nos países baixos, mas nem esquentei a cabeça, afinal foi um pequeno exagero, mas tinha sido tão divertido...

Gente! Foram passando os minutos , foram passando as horas e eu cada vez andando com mais dificuldade. As pernas começaram a marcar 9 e 15. Não conseguia juntar a direita com a esquerda.

Nossa amiga inchou, inchou de uma forma que fui parár no hospital. O médico, amigo, não entendia como tinha conseguido tamanha proesa. Andando de bicicleta... rãn...rãnnn! Não acreditava.

Resumindo: meu suplício foi de quase uma semana pra perna direita voltar a se relacionar com a esquerda e eu não levar um choque de dor só de olhar pra baixo. Todos os 10.000 funcionários da obra deram notícia do evento.

Sabem o que aconteceu? Imaginem um selim de couro que tava largado no sol de 40, 50 graus por semanas e semanas. Ficou duro, seco, foi como se eu tivesse ficado, como poderei dizer....vocês entendem, né? em contato por duas horas com um objeto verdadeiramente duro e com o peso do meu corpo ainda por cima. Só comigo messsmA...

Nunca mais subi na bicicleta....se não foi detonada em alguma das últimas guerras, o selim deve de tá mais ressecado ainda à espera da próxima vítima.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Não tem ninguém mais criativo do que peão de obra


Três tiradas de peões que nunca vou me esquecer:

1 - "Uns três dias antes de voltar pro Brasil, eu vou parár de comer. Desse lugar não quero levar nem a merda !!"

2 - "Um criolo da cor de jaboticaba madura falando pra mim antes de embarcar : "Tá vendo o que esse lugar fez comigo? Quando cheguei aqui, eu era lourinho de olhos azuis !"

3 - Peão saindo do aeroporto indo de ônibus pro acampamento, duas horas de estrada em pleno deserto : "ê negão, com esse monte de pedra e areia, quando chegar o cimento a gente tá fudido!"

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ainda bem que meus amigos tem memória boa...


Quem me lembra deste caso é minha querida amiga Dadá, lá de NY. Vamo lá !
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Quando trabalhei no Iraque, como já disse, aconteceram coisas que vocês acreditem se quiserem. Não me zango se alguém pensar que tô mentindo.

A maior parte da mão-de-obra da obra, era de brasileiros, desde a diretoria até o mais simples peão - nome dado às pessoas que trabalham no trecho (como é chamada a obra).
Confusão !

Como podem imaginar, tinha gente do Brasil e do mundo inteiro. Muita gente do nordeste, norte, sul, uma Torre de Babel. Esse povo todo foi pra lá.... tô fugindo do assunto, então conto a história da miscelânia de raças outra hora.

Bom! Era recrutado um Mané lá do Maranhão, por exemplo. O cara descia aqui pra Minas Gerais de ônibus. O tempo que ele gastava nessa peleja, era maior do que o tempo que levava pra chegar no Iraque. E não foi nem uma nem duas vezes, que peões foram resgatados na estrada, malinha na mão, saindo da obra e querendo ir pra Bagdá pegar um ônibus pra voltar pra cá. Por que um ônibus? Fácil de entender.

O Mané entrou no avião à noite e amanheceu do outro lado do mundo. Nunca havia andado de avião e não tinha noção que havia atravessado o Atlântico. Portanto, muito natural. Tanto fazia pegar um ônibus ou avião. Ele queria era sair dali. Voltar pra casa.

Houve também muito peão perdido. Se o vôo fazia escala, a confusão tava formada. Neguinho descia, ia pro hotel e de lá saía achando que tava em Sertãozinho do Amparo. Sem lenço nem documento, sem saber que existia uma língua e uma moeda diferentes, ia conhecer a cidade. Passear, aproveitar pra se divertir. E voltava pro hotel escoltado pela polícia, claro! Isso, quando não era acionada a Embaixada ou escritório da empresa no Brasil.

Foi aí que nossa empresa fez um tratado com a Iraq Airways e criaram um vôo direto Rio/Bagdá. Acabou a mordomia de passar uns dois dias em Londres ou Paris, mas o problema foi sanado.
O avião era um canudo fino e a cor era verde. Adivinha qual o nome que ganhou no primeiro vôo?

Pepinão.

Acham que tô aumentando? Inventando? Eu só tô começando a contar os causus...






terça-feira, 27 de outubro de 2009

Se atrapalhando com "os plurais". Língua difícil essa nossa.


No século passado quando trabalhei no Iraque - é até difícil falar assim porque, dos meus amigos de infância, eu sou a única que tem a idade que tenho...rs... - já existia computador, claro, e eu até trabalhava com um, mas internet, blog, imeios e outras modernidades ainda não tinha.

O negócio era carta, telex ( podem ir no Google se informar, eu espero) e o mais moderno dos modernos que começamos a utilizar lá, foi gravar uma fita-cassete ( Google de novo???) e mandar pros amigos, parentes, pra contar as novidades e ficar mais íntimo do que ler uma carta.

Depois conto como funcionava o sistema de cartas, que, por sinal, era trabalho meu receber e distribuir.

Mas então, voltando à fita-cassete.

Um casal amigo meu resolveu gravar uma fita pra família.
Ligaram o gravador e dispararam. Cada um falando mais que o outro, contando tudo, novidades, descobertas, passeios, casa, surpresas e dá-lhe assunto. De repente o gravador fez clek!. Nossa!!! Já tinha terminado a fita. Uma hora de falação desenfreada passa rápido. Vamos ouvir pra ver como ficou? Tinha ficado muito bom, mas uma frase lá no meio tava um horror. Gritava no meio daquele tiroteio. Conseguia se sobressair. Eles haviam falado: "as cortina, os tapete, blá, blá, blá". Como tinham dado uma repaginada na casa e contavam as novidades, esse assunto era importante. E agora? Regravar aquilo tudo, nem pensar. Foi aí que meu amigo teve a brilhante idéia de apagar esse pedaço e, cronometricamente, colocou o português correto lá no meio.

Não poderia ter ficado mais engraçado, mas foi assim mesmo.
Imaginem vocês uma conversa rápida, num ritmo alegre, animado, entusiasmado, cheio de emoção e no meio disso entra uma voz calma, serena e grave e diz: assss cortinasssss, ossssss tapetessssss.... ficou bom demais!!!!!

Até hoje, quando estamos conversando e alguém engole um "s" na frase na mesma hora tem um que diz: assss cortinasssssss, osss tapetesssss.

domingo, 25 de outubro de 2009

XÔ PRECONCEITO...você me irrita!!!



Colaboração do meu amigo Jr que tá morando lá na Croácia. Amigo é assim. Lembra da gente até quando fica irritado....bjos meu bem e muito brigadim. Continue postando.

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A academia Runner colocou um outdoor em São Paulo que dizia o seguinte:

"Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?"

Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail:

Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase: "Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia?” Respondo:

Baleias sempre estão cercadas de amigos. Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos. Baleias amamentam. Baleias andam por aí cortando os mares e conhecendo lugares legais como as Banquisas de Gelo da Antártida e os Recifes de Coral da Polinésia.
Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão à beça. Baleias esguicham água e brincam muito. Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados. Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais.

Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.

Sereias não existem...

Se existissem viveriam em crise existencial: Sou um peixe ou um ser humano?
São lindas, mas tristes, e sempre solitárias...
Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza.

Runner querida, prefiro ser baleia!"

(A Runner retirou o outdoor na mesma semana!) Muitas vezes o ser humano se importa tanto com o exterior de uma pessoa (criticando a gordura), a posse de bens materiais, e esquece que o mais importante é o interior, os sentimentos daquela pessoa... Vamos valorizar mais o que somos, e não o que os outros visualizam, cada um sabe como quer estar ou fazer de si... E só assim seremos felizes!
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ps.: eu não tinha visto ainda esse imeio. Se você já viu, vale a pena rever.

COLARES - CADA UM MAIS LINDO PRA MAMÃE OU PRA VOCÊ - DIA DAS MÃES 2024

PREÇOS DOS COLARES 31 - 30,00 14 - 40,00 - VENDIDO 27 - 35,00 33 - 30,00 89 - 75,00 116 - 65,00 75 - 75,00 79 - 65,00 - VENDIDO 111 - 65,00 ...