Toda vez que eu passava uma temporada em Cannes com minha amiga, era tempo de faxina, de reformas, de renovar guarda-roupa, cabeleireiro, manicure, pedicure, massagem, comer em restaurantes, passeio pela orla da praia, tomar sorvete que ela amava, tudo que tava acumulado. E visitas ao médico.
E ela ficava toda serelepe, com o permanente novo nos cabelos, unhas arrumadas, pés tratados pelo Dr. Schol, roupas novas tipo camisetas fresquinhas pro verão, chinelinho confortável pra ficar em casa.
Víamos o que tinha de novo nas feirinhas de artesanato na "Croisette", o calçadão que passa em frente ao Palais des Festivals, onde acontece o festival de cinema, de propaganda, de Cannes.
A gente gostava também de ficar sentada nos bancos da praia, olhando o vai-e-vem entre o Hotel Carlton e os iates dos milionários, normalmente árabes. O iate ancorado a poucos metros da praia não bastava, alugavam 2, 3 andares dos hotéis. Até salões com brinquedos eram montados pra criançada deles, porque eles vêm em bandos, família toda.
Íamos ao restaurante preferido dela onde era saboreado, com toda calma e prazer, o "sole" - um peixe que, segundo ela, é o mais saboroso do mundo, mas eu não gosto porque tem espinha demais. E nem esperava direito acabar de comer, porque aí já vinha a sobremesa tão esperada : crème brülée. Adorava! Às vezes comia dois. E eu agarrava num belo sundae feito com o Häagen -Dazs que é o sorvete mais delicioso do mundo, pro meu gosto. O macadâmia Nut Brittle é de comer ajoelhado no grão-de-milho ( coisa mais antiga, meu Deus!....rs).
Já tão notando que, ao mesmo tempo que conto meu causu, convido o povo a comer bem e se divertir, se possível em Cannes.
Aí vinha a parte de ir aos médicos. Era sempre a mesma coisa. Só pra eu rir. Nós entrávamos, o médico perguntava, perguntava e 90% das respotas era não. -"Inapetente ?" (perigo!!!) -"Não". -"Dorme mal?" -"Não". -"Dores não sei onde, não sei onde?" -"Não".
Aí ele pegava o estetoscópio e começava a auscultar. Ela sentadinha como se não fosse com ela. Nem aí. E o médico falava sozinho o tempo todo. Podia falar porque ela era muito surda, entendia tudo quando a gente falava diretamente pra ela. De costas, nada.
O médico franzia a sobrancelha e falava : "incroyable, incroyable... tout à fait, incroyable." ( inacreditável, inacreditável, completamente inacreditável). Tudo na mais perfeita ordem.
E eu ria. Terminada a consulta, eu pagava, porque nem bolsa ela se dava ao trabalho de carregar. E eu tinha que estar sempre com a grana dela, porque cismava de comprar qualquer coisa, ia comprando. Não tinha essa de perguntar se eu tinha dinheiro comigo.
Saíamos e íamos continuar nosso passeio.
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Ieda, viajo com sua prosa, anotei o nome dasobremesa pq quero provar ainda..
ResponderExcluirbj
É uma delicia Susi, parece pudim de leite moça mas o açucar de cima é queimado com maçarico então vira uma capinha dura caramelizada.......hummmmmmmmm.......bom demais
ResponderExcluirbjins