domingo, 1 de novembro de 2009

Iraquiano, povim esperto


Na época da guerra contra o Irã, todo mundo queria telefonar pra familia e pros amigos no Brasil, pra acalmar o povo. Lá, a gente não tava nem aí, mas a mídia no Brasil fez bem o seu papel. Apavorou todo mundo daqui.

Não tinha telefone no acampamento e a gente ia num vilarejo a uns 15 minutos do acampamento pra ligar.

O lugar era tão precário, fios se enrolando e se emaranhando de uma forma que nenhum gato brasileiro consegue fazer melhor. E o pior de tudo: funcionava. Inacreditável !

Quando a gente ligava, a familia toda queria falar, então acabava de falar com o pai, vinha a mãe, depois irmão, irmã e por aí ia. Brasileiro com aquela mandação de beijo, a mãe do outro lado só perguntando, perguntando, mais beijos e tchau, beijos. Foi tanto beijo, que os iraquianos da telefônica descobriram que a conversa chegava ao final quando essa palavra era falada.

Daí pra frente, foi aquela disputa. Os menos avisados falavam "beijo pai, chame a mãe" e o telefone...tu...tu...tu. Eu ainda não terminei, liga de novo!!! E com a fila grande esperando, o iraquiano anunciava sem dó nem piedade. Próximo!!!

Em pouco tempo, os espertinhos dos iraquianos perderam pros muuuuuito mais espertos dos brasileiros. A notícia se espalhou. Fale, fale à vontade, mas jamais diga a palavra beijo, senão a ligação é cortada na hora.

Então ficava assim: "pai, então agora chama a mãe e um grande b-e-i-j-o pro senhor". Soletrado! Ou: "um grande estalo na bochecha". "Um grande encontro de lábios, meu bem". Cada um inventou sua forma de mandar os beijos.

E a fila chorava de rir!

4 comentários:

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