segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Causus que a Dona Globo não conta mais


Falei na postagem anterior, sobre como não se perder dos amigos no metrô e, o meu querido leitor JC, se lembrou das montanhas de pessoas que devem se perder nos metrôs de São Paulo todos os dias.
É verdade!
Foi, então, que me lembrei de um caso especial, que era um programa da Globo há tempos atrás, que mostrou a história de uma família de nordestinos que não se perdeu no metrô, mas se desencontrou num dos acasos mais tristes que acontecem diariamente nessa grande cidade.

Não me lembro exatamente da história, então vou contar do meu jeito.

O chefe da família veio pro sul maravilha se arrumar na vida e, quando as coisas tivessem no jeito, traria o resto do povo, mulher e filharada.
E assim foi feito.

Veio e arrumou emprego de servente de pedreiro em uma obra. E pulou de obra em obra, findou vários prédios lindos mas, ele mesmo, não tinha endereço fixo; hora ficava em casa de um amigo, hora na casa de outro, às vezes dividia um cômodo com outro, então, quando escrevia pra esposa, dava o endereço da obra do momento.

Até que as coisas melhoraram um tico, ele mandou a grana e embarcou a mulher e tralha e filho e tal - como já cantou o Chico - pro encontro tão esperado.

Na noite anterior da chegada da mulher à rodoviária de São Paulo, o marido, todo entusiasmado, deu uma ajeitada no cafofo, comprou até iogurte pra apresentar pra criançada e, se preparava pra dormir, quando passa um colega no barraco, convidando o pobre pra ir a uma festa ou pagode ou o que seja, que não me lembro mais.

Depois de muito relutar pra se livrar do amigo e não conseguir, ele pensou: "Vou, fico um pouco, espero ele se distrair, e caio fora porque não quero perder a hora amanhã".

Contando novamente com a ajuda do Chico, "mas eis que chega roda-viva e carrega o destino pra lá...."
Não é que o infeliz do amigo arranja uma confusão, se mete numa briga, ele entra pra defender, quebra daqui quebra dali, chega a polícia e vai todo mundo em cana ?
E o mané passa a noite no xilindró tentando falar com os guardas sobre o problema dele, da mulher que chega no dia seguinte, dos filhos e tudo, mas os guardas não caem no "papo do vagabundo" e nem ligam.

Pensam que acabou? O fim da história é ainda pior.

O ônibus chega à rodoviária com uma pontualidade britânica, familia Silva a bordo e o marido não tá lá.
"Bom" pensa a mulher "pode ter se atrasado" e ficam todos esperando quiném Pedro Pedreiro (Chico de novo). E esperam e esperam e menino chorando e menino com fome e mulher sem grana, aquela peleja.

Ela se cansa de esperar e resolve ir ao endereço do remetente da carta, quer dizer, ir ao prédio onde o marido trabalha.
Depois de muito caminhar, se perder e se achar (obrigada Gonzaguinha!) chegam ao local.
Um puta prédio chiquérrimo, todo cercado com grades muros e câmeras.
Com muito custo, conseguiu falar com um senhor todo uniformizado, sentadinho dentro de uma casinha cercada de vidro, que disse não conhecer o seu mané da silva, nunca ouvira falar, mas ele trabalha aqui, aqui não tem mané da silva, mas ele é ajudante de pedreiro e ajuda a fazer o prédio, mas, como a senhora pode perceber com seus próprios olhos, o prédio já tá pronto, não precisa de ajuda alguma, mas ele ficou de me encontrar na rodoviária, acabei de chegar de uma viagem de 3 dias e agora é melhor a senhora ir-se embora, porque o povo aqui não gosta de mendigos na porta, mas moço, pergunte a alguém se não conhecem meu marido, por favor saiam daqui, agora mesmo já vem alguém dizer que sou pago pra tomar conta do bem-estar dos proprietários e o que tô fazendo que ainda não me livrei não só de um mendigo, mas de uma família inteira, e cuidado com essa gente, porque se eles fincam barraca aqui na porta, nunca mais nos livramos deles, e eu não tenho pra onde ir, o senhor precisa me ajudar, tá bom por favor não precisa chamar a polícia, que já estamos indo... e... e...

E ela se foi, como se tivesse pra onde ir, como se tivesse um rumo, um destino.

E termina a história com a família sentada numa calçada, ao lado de tantas outras na imensidão de calçadas da cidade grande, pedindo esmola e a meninada já totalmente familiarizada com os sinais de trânsito e os "nãos e os sims" ouvidos durante todo o dia.


Finalizando... Fico pensando: Tudo bem que, de vez em quando, aparece uma novela um pouco interessante mas, ao invés de ficar batendo nessa tecla até o desgaste final, porque as redes de TV não aproveitam os bons profissionais que tem, pra fazer programas mais interessantes, que realmente tenham o que dizer, o que ensinar, o que divertir ? Novela e Fantástico, pra quem - como eu - gosta muito de assistir TV, já deram o que tinham que dar, há muito tempo.

8 comentários:

  1. Tristeza, né não?
    Já imaginou o desespero dessa família e de outros em igual situação?
    Em um país não bananeiro, em vez de chamar a polícia (que nada teria a ver com o caso), seria chamado um serviço social que daria solução ao problema, quer ajeitando um lugar para a família até encontrar o Mané(o que não seria difícil) ou mandá-la de volta para sua terra.
    Quanto à TV, abençoada Net, que me livrou, salvo honrosas exceções, dessa tranqueira que nos é impingida.
    Com su permisso, vou contatar um amigo e pegar detalhes de um caso que ele testemunhou, de dois meninos que vieram sozinhos do interior á procura do pai aqui em Sampa e conto aqui.
    Besos.

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  2. Quero saber do causu sim. Por favor. Tracoisa. Acho que hj já existem nas rodos e aeroportos,postos pra esse tipo de atendimento.
    E sabe da pior? Vou me informar como anda hj, mas há tempos atrás, o aeroporto Charles de Gaulle de Paris era um dos pontos onde os pais propositalmente, mais "esqueciam" os filhos. Um horror!!!
    bjins

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  3. Bidu! Mais uma vez, acertou na mosca! Aa televisão brasileira exporta padrão de qualidade, mas continua exagerando na dose do dramalhão, da pieguice mais melada e da falta de bom gosto (pra não falar bom senso) de certos programas... Arre! Console-se, a televisão croata é bem pior... Nem falo nada sobre a húngara...
    ;-)
    beijinho

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  4. Pois é meu bem, sabe quando o bolo passa do ponto? Desanda? Vai ser o que vai se passar com essa canseira de novela.Já tá passando, mas por algum motivo as tvs insistem. Vai lá saber pq.
    bjins

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  5. Ué gente, será que perdi alguma aula rsrs Não é por causa da "odiência" naum??? Dos milhõesssssssssssss que faturam com tudo que se coloca numa novela e a tchurma sai comprando, querendo quiném, etc e tal? A tal "pomba do espírito santo" por ex, que a atriz Lilian Cabral "empescoça" na novela Viver a Vida foi o mimo mais vendido no final do ano (alguma revista publicou mas não me alembru qual)e era bijou; agora tooooooooodas as joalherias fizeram tumém e as lolitas e lolotas tão que compram!
    E a quantidade de países que compram as ditas e tem ibope quiném nóis???? Acho que é um cadim disso entre outras tantas coisas! Amada: V.V.V.viuuuuuu?
    Beijuuss n.c.

    www.toforatodentro.blogspot.com

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  6. Enquanto o povo se deixar levar, havera outro povo enchendo o embornal, né?
    bjins

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  7. Ieda, por onde você anda? Está em Israel? Será que é difícil você conseguir para mim uma Estrela de Davi amarela mas que tenha sido usado por um judeu na segunda guerra mundial? Gostaria de colocá-la numa moldura. Trata-se de uma "triste" homenagem ao povo israelita que eu amo tanto e que a cada dia tenho que lutar contra o racismo.
    Um abraço,
    Luiz César.

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  8. Meu bem, saí meio que às pressas de casa e tô aqui na França. Uma amiga ta precisando de mim.Mas no final do ano vou a Israel. Quem sabe não consigo? Anotado o pedido nada fácil. Povo que adora inventar moda é phoda!!!rrssssssss...
    bjins

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